“Gualberto, qual é a sua visão sobre essa situação da depressão?”. Essa é uma pergunta. Afinal, depressão é o nosso assunto aqui com você, nesse vídeo. Depressão: que estado é esse?
Veja, nós estamos tratando de um estado de desordem psicológica, então isso não é algo incomum na mente, porque, basicamente, o que nós chamamos de “mente” – e, aqui, estamos nos referindo à mente separatista, à mente dualista, à mente egoica… Depressão é um estado de desordem, também como parte desta mente egoica.
Ele tem, sim, alguns aspectos até fisiológicos, químicos, no próprio cérebro, mas sempre a base da depressão é o conflito psicológico, é a dualidade do pensamento, é a contradição do pensamento.
O pensamento sempre está se situando como uma desordem, do ponto de vista psicológico, dentro do ser humano. Ele tem uma função simples e natural de memória, de lembrança, porque, basicamente, pensamento é memória, pensamento é lembrança. Mas, no que diz respeito ao ser humano, o que a gente tem visto é essa condição de desordem psicológica, produzida pelo tempo psicológico, criada por essa memória.
Então, basicamente, o pensamento é tempo, é tempo psicológico, porque o tempo, que é pensamento, é memória. O que o pensamento faz é produzir uma identidade ilusória dentro dessa experiência de lembrança, de recordação, de memória.
Então, o pensamento criou um elemento, esse elemento chama-se “mim”, “eu”, ego, “eu mesmo” – são os nomes dados para esse elemento que o pensamento criou. Esse “mim”, esse “eu”, esse ego, essa “pessoa”, que o pensamento diz ser uma entidade presente, aqui e agora, não é real, e ela está lutando contra a Vida como a Vida é.
A Vida tem uma amostragem, uma apresentação; a Vida tem um formato. A Vida é o que Ela é, mas esse “mim”, esse ego, essa “pessoa”, essa suposta entidade, não aceita. Isso ocorre em razão desse padrão de condicionamento, de cultura, porque, na verdade, nós fomos criados para discutir com a Vida, e não para acolher a Vida como Ela é, como Ela se mostra.
Vivemos dentro de padrões de condicionamento, em nossa cultura, onde estamos em luta contra a Realidade da Vida como Ela, é como Ela se mostra. Então, há sempre esse conflito, há sempre essa luta entre esse “mim”, esse “eu”, esse ego, essa “pessoa”, e a Vida como Ela se mostra.
Nessa luta, a Vida se mostra sempre mais forte, porque a Vida é o que Ela é. Ela não se dobra aos caprichos, a essas vaidades desse falso “eu”, desse ego. Esse ego se revolta, não consegue nada, a não ser conflitar, guerrear e lutar contra o que não pode vencer, e aí ele termina se sentindo desta forma, dessa maneira.
A não aceitação, o não acolhimento, a não visão da Vida como Ela é, em razão de um centro falso resistindo, lutando, combatendo, isso sustenta essa coisa chamada “depressão”, esse quadro chamado “depressão”, essa desordem psicológica chamada “depressão”.
O meu convite a você nesses encontros, em Satsang, aqui nesse trabalho, é para que você descubra a beleza, a arte da Meditação.
A Meditação é esse encontro com a Vida como Ela é, nesse acolhimento, onde não existe esse “mim”, esse “eu”, esse ego, essa “pessoa”.
Então, isso coloca fim, isso termina com a contradição e, naturalmente, com o conflito. Então, toda forma de sofrimento presente nessa falsa identidade – e a depressão é um quadro, é uma forma, é um formato desse sofrimento – isso termina quando você reconhece a Verdade sobre quem Você é.
O Reconhecimento da Verdade sobre quem Você é, é o Reconhecimento da Vida como Ela é, o que representa o Acolhimento da Verdade sobre si mesma, sobre si mesmo; não há rejeição não há contradição, não há conflito, não há luta, não há depressão.
A Meditação é o florescimento da Paz, do Amor, da Liberdade, do Acolhimento da Beleza da Vida, da Beleza da Existência. Não há sofrimento na Vida; o sofrimento é interno, o sofrimento é psicológico, o sofrimento tem por base a resistência. Ego é resistência, e isso é sofrimento. A Vida é como Ela é. Algumas situações não são tão confortáveis, mas é como a Vida se mostra, é como Ela se apresenta.
Resistir a isso é abrir espaço para a contradição, para a resistência, para o conflito psicológico, para a presença da depressão. Não saber lidar consigo mesma, consigo mesmo, isso basicamente se constitui a possibilidade de quadros de desordem interna, desordem psicológica.
Aprender a lidar com pensamentos, com sentimentos, com emoções, com sensações, significa não se identificar com essa dada experiência, se colocando como o centro dela, como alguém para quem essa experiência está acontecendo. Quando isso acontece, veja, quando a experiência é agradável, esse “mim”, esse “eu”, esse ego, se sente egoicamente preenchido, mas quando a experiência é desagradável, esse “mim”, esse “eu”, esse ego, se sente rejeitado, rechaçado, não aceito, não amado, não reconhecido. Isso gera resistência, que gera sofrimento, que gera depressão.
Então, o que vale aqui para depressão, vale para diversos outros quadros de rejeição à Vida como Ela é. São quadros que se apresentam em relação… nessa razão direta da rejeição da Vida como Ela é, como Ela se mostra.
Não saber fluir com isso, não saber deslizar com isso, é estar em resistência. Fluir com isso é Você em seu Estado de Pura Compreensão, que é Consciência, que é Meditação.
Então, a ansiedade também toma espaço; essa forma de medo – também chamada ansiedade – também toma espaço. Então, quando falamos de ansiedade, quando falamos de medo, quando falamos de depressão, quando falamos de desordem psicológica, estamos falando dessa presença ilusória, algo que se assenta na ignorância sobre quem, na verdade, Você é.
Se você reconhece a Verdade que Você traz, que Você é aqui e agora, não há espaço para o medo, para a ansiedade, para a depressão, porque Você é Consciência, esse é seu Estado Verdadeiro, esse é seu Estado Real.
Alguns chamam isso de Iluminação ou Despertar Espiritual. A Iluminação Espiritual ou o Despertar Espiritual é o acontecimento do seu Estado, é o florescimento do seu Estado, é a real manifestação do seu Estado Natural, que é o seu Estado Divino, que é o seu Estado de Consciência da Realidade de Deus, da Realidade sobre si mesmo, sobre si mesma.
Então, o fim do pensamento, o fim dessa desordem psicológica, o fim dessa noção de entidade presente para controlar, para manipular, para consertar a Vida, isso não está presente em Você, em seu Ser, em seu Estado Natural. Está presente apenas nesse estado de contradição psicológica, nesse estado mental, que é puro condicionamento cultural, social, algo que você vem vivendo e recebeu dessa cultura, em toda essa inconsciência de vida que todos à sua volta estão vivendo, dentro desse mesmo padrão, dentro desse mesmo esquema.
Então, em toda essa inconsciência, isso hoje se manifestou e se manifesta aí nesse mecanismo, nesse corpo-mente. É possível ir além disso, indo além da mente egoica, indo além desse sentido de dualidade, de separação entre você e a Vida, entre você e a Existência, entre você e o outro, entre você e Deus.