Esta questão do medo da morte é uma questão muito frequente. Então, vem você e pergunta: “Como posso perder o medo da morte?”.
Veja, a morte é algo que causa medo, mas o problema não é a morte. O problema real é o sentido de existir. O seu medo real não é da morte, o seu medo real é de perder esse sentido de existir, esse sentido de ser alguém.
Agora, veja, esse sentido de ser alguém é a base para essa identificação com o corpo, e o seu medo não é de se deparar com a morte, porque a morte é algo que está fora daquilo que tem sido sua experiência.
Não é a morte que lhe assusta, nem o fato de ela ser algo desconhecido, mas o fato de se ver na iminência de perder a sua identidade, uma vez que você se identifica com o corpo. Então, o seu medo é de todo o conhecido desaparecer.
Você está apegado, agarrado, a toda a sua experiência conhecida, e algo muito íntimo dessa experiência é a própria presença do corpo. Você se vê como uma entidade presente dentro do corpo, e vê que o desaparecimento do corpo – pois é assim que você acredita – é o desaparecimento desse “mim”, desse “eu”, dessa “pessoa” que “eu” acredito ser. Esse desaparecimento representa o fim para os “meus” apegos, o fim para os “meus” objetivos, para os “meus” projetos, para os “meus” sonhos.
Então, basicamente, o seu medo da morte não é o medo da morte, uma vez que você não sabe o que isso representa, é algo que permanece desconhecido. O seu medo da morte é o desaparecimento, a quebra, a destruição, de todos os seus projetos egoicos. Então, o medo da morte sempre estará presente, enquanto esse sentido de identidade, que acredita existir, se mantiver presente.
Então, para se libertar da ilusão desse medo… E, veja, aqui, a questão sua é sobre o medo da morte, mas algo que está inerente a essa questão é que, no ego, nessa falsa identidade, o seu problema é a ilusão de estar vivo, e isso sustenta o medo, e não só o medo da morte. Todas as formas de medo presente estão dentro dessa ilusão, da ilusão de ser alguém, que tem que lutar, se defender, se proteger, que tem que alcançar objetivos, realizar projetos, que tem que se ampliar, que tem que ser alguém…
E o corpo tem um prazo de validade. Portanto, se você se identifica com o corpo e percebe que ele está caminhando para o seu fim, o desespero bate, o medo bate, mas não é só o medo da morte, é o medo de não realizar os seus projetos, os seus sonhos, os seus desejos, os seus objetivos.
Então, a libertação da ilusão desse falso centro é a libertação do apego a essa crença: “eu sou o corpo”, “eu estou no corpo”, “eu sou alguém e preciso realizar coisas” ou “preciso sustentar ou manter as coisas que eu acredito ter realizado”. Todos esses pensamentos estão, todos eles, assentados basicamente no medo, nesta falsa ideia de existir como uma entidade separada.
Quando existe a quebra dessa identificação com esse falso centro, a quebra com essa identificação com o movimento da mente egoica e a identificação com o corpo, o medo desaparece, incluindo o medo da morte.
Se a Verdade do seu Ser se revela, você tem a Verdade da Realidade Divina, e essa Realidade não vem nem vai; Ela não nasce nem morre; Ela não tem coisas para agarrar, para segurar; Ela não tem projetos para realizar; Ela não tem objetivos para alcançar.
A grandiosidade da Realização é a vivência direta da Felicidade de Ser, simplesmente, o que Você é. Uma vez que Você não é o corpo, uma vez que Você não é a mente, uma vez que Você não nasceu, naturalmente Você não irá morrer. A Realidade Divina, a Realidade da Verdade sobre Você, é o fim do medo, e, aqui, o medo da morte está incluído.
Eu diria que, talvez, esse medo seja o mais representativo, no momento, para você. Mas, se você olhar com mais cuidado e acuidade, você verá que teve medo durante toda a sua vida, e o medo é a base dessa vida egoica, dessa mente egoica.
A beleza da Realização da Verdade é que Isso representa o fim dessa ilusão, a ilusão de alguém presente nessa experiência assim chamada de “vida”, uma vida que pode desaparecer, desaparecer com a morte. A Realização do seu Ser, que é Consciência, que é Meditação, eu chamaria Isso de imortalidade, ou atemporalidade, ou a Verdade além da vida e da morte. Isso é o fim do medo.