Dualidade

Há algo que não é percebido tão claramente por você: esse sentido de separação, esse sentido que é conhecido como “dualidade”. Basicamente, o que é isso? É a ideia que o pensamento produz sobre quem você é numa relação direta com a vida ou com o mundo.

Então, há essa crença, há essa ideia, o que é, basicamente, uma imaginação de que há um “eu” presente nessa experiência chamada “vida”. E aí se inclui mais uma crença, mais uma ideia: a ideia de um Deus ou uma Verdade que está separada de você e separada da vida. Então, tem essa ideia: “eu, o mundo, ou a vida, e Deus”. Então, basicamente, dualidade é essa crença.

Com base nisso, existe essa tendência, basicamente egoica, do esforço para ser alguém cada vez mais amplo, cada vez mais completo, cada vez mais feliz. E, em meio a essa crença, o ser humano tem vivido toda forma de conflito, porque se ele é uma entidade separada da vida, separada do mundo, separada de Deus, ele é alguém, basicamente, em luta, num esforço, para melhorar, para se ampliar, para alcançar objetivos, tendo como propósito a busca pela felicidade.

Então, dualidade é basicamente uma crença produzida pelo pensamento. A verdade é que não existe qualquer separação; a verdade é que não existe qualquer dualidade. O que estou dizendo é que não há separação entre você e a vida, entre você e o mundo, entre você e Deus. Enquanto permanece essa crença, essa confiança na separação, na separatividade, na dualidade, enquanto isso permanece, permanece o conflito. Na verdade, é impossível não haver conflito enquanto houver a separatividade, enquanto houver esse sentido de separação.

O que o pensamento tem produzido, o que a mente egoica tem produzido, é uma interpretação de tudo o que acontece, e ela interpreta isso tentando se ajustar a esse antigo e velho modelo, o modelo de alcançar algum objetivo, de realizar algum propósito e de, basicamente, ser feliz, o que é impossível enquanto essa ilusão, que é a ilusão da separação, que é a ilusão da dualidade, permanecer.

O que há de singular em Satsang é essa apresentação, é essa amostragem, é a possibilidade de você perceber, por si mesmo, que não existe uma entidade presente agora e aqui, se separando da vida ou se separando do mundo ou se separando de Deus.

A Visão direta disso é o fim da dualidade, é o fim desse sentido de separação. E aqui, é claro, estamos colocando “dualidade” nesse sentido psicológico.

Quando a gente olha para a vida, quando a gente olha para a natureza, a gente percebe os opostos. São, na verdade, opostos aparentes. A gente vê o positivo e o negativo; a gente vê a luz e a escuridão; a gente vê toda essa dualidade de aspecto externo nesse fenômeno existencial. Isso a gente percebe que é algo muito natural.

Então, quando estamos tratando aqui dessa questão da ilusão da dualidade, estamos falando dessa dualidade psicológica, daquilo que o pensamento está produzindo sobre isso que se mostra. Nosso trabalho de Autorrealização – e é por isso que você está aqui, para constatar a Verdade sobre quem Você é –, essa constatação nesse trabalho significa o fim da ilusão da dualidade, o fim para essa ilusão de que existe você, o mundo, ou a vida, e Deus.

A única Realidade presente é a Realidade Divina. Então, essa é a Realidade do seu Ser. A ciência disso, a consciência plena disso, é o fim para o conflito da dualidade.

Temos o medo, por exemplo. O medo é algo presente dentro desse conflito, e o medo é algo muito presente na mente egoica, e é somente na mente egoica, que é a mente dualista, que é a mente separatista produzindo essa dualidade. E o medo é algo que termina, uma vez que não há espaço para o medo em seu Ser, que é Consciência, que é Deus. Por isso, esse trabalho de Satsang é algo muito, muito singular. É a possibilidade de você tomar ciência da Felicidade Divina do seu próprio Ser.

Então, a Realização da Verdade é o fim desse sentido de dualidade ou separatividade. Isso representa o fim do medo. Colocando dessa forma, você pode achar muito estranho quando colocamos a expressão “o fim do medo”. Na verdade, você não tem a mínima ideia do que representa o fim do medo. O sofrimento presente nessa egoidentidade está todo assentado, basicamente, no medo.

Então, esse sentido egoico, que eu tenho chamado de sentido do “eu” ou o sentido da “pessoa” – que é, basicamente, esse sentido de dualidade – está, todo ele, assentado no medo.

A Verdade do seu Ser é a Verdade da Unicidade ou da não separação ou da não dualidade. Essa é a Verdade do seu Ser! É Isso que investigamos em Satsang; é Isso que trabalhamos em Satsang.

Janeiro de 2022
Gravatá – PE, Brasil