Eu quero falar agora sobre essa questão da tristeza, porque a pergunta que surge, que eu tenho aqui comigo, é “por que existe a tristeza?”.
Veja bem, tristeza é um estado. Se você experimenta estados como prazer ou alegria, porque não experimentaria a tristeza? Qual é o problema com a tristeza?
Quando tratamos de estados, estamos tratando de algo que vem e vai. Sentimentos são assim, emoções são assim e pensamentos também são assim.
Então, quando tratamos de fenômenos, eles são aparições que aparecem e desaparecem. Por que ter algum problema com isso? Me parece que o único problema aqui não são essas aparições: nem a aparição do prazer, nem a aparição da tristeza, nem a aparição da dor, nem essa aparição do pensamento. Me parece que o problema aqui é estar se confundindo psicologicamente com isso, norteando uma identidade presente nessa experiência. É isso que se faz completamente desnecessário. “Desnecessário”, foi o que eu disse.
A mente egoica, nessa ilusão de ser “alguém” e se posicionar na vida como “alguém”, isso coloca você numa condição completamente artificial. Nessa condição, você se identifica com os sentimentos, se identifica com sensações, se identifica com pensamentos e, naturalmente, se identifica com estados, e aqui o estado é o estado de tristeza.
O ego quer o estado de prazer e não o estado de dor; ele quer o estado de alegria e não o estado de tristeza; ele vive criando essa cisão – completamente ilusória, porque você não separa, na realidade, uma coisa da outra.
Uma coisa que talvez você não tenha observado é que por detrás dessa assim chamada “alegria”, há uma tristeza oculta, e por detrás da assim chamada “tristeza”, existe um certo prazer ou regozijo, ainda também egoico.
Então, o que você precisa é descobrir a Verdade sobre quem Você é. É isso que lhe dá a Liberdade de não mais se identificar, de não mais dar identidade a experiências tão voláteis, tão passageiras, tão temporárias, como são os estados.
Por toda a vida, você tem se identificado com esses estados, tem se confundido com esses estados e, naturalmente, alguns você aprecia e outros você rejeita.
Então, a questão da tristeza, se você pergunta se é possível o fim da tristeza, eu diria para você que é possível o fim da ilusão, e quando a ilusão termina, aquilo que, em geral, o ego chama de “tristeza” também desaparece, mas também desaparece aquilo que o ego também considera “alegria”.
Nesses encontros, eu tenho enfatizado a importância da Felicidade, do Amor, da Paz, e é Isso que eu considero Real Alegria. Real Alegria não é algo circunstancial, não é algo que carrega oculto, ainda, alguma forma de dor, alguma forma de tristeza. Então, a Real Alegria está fora dessa dualidade entre alegria e tristeza, prazer e dor.
A Real Alegria é a Alegria de Ser, de Ser o que Você é. Essa Alegria é a Alegria de sua Identidade Verdadeira, é a Alegria do seu Ser.
Então, Satsang revela a Felicidade de quem é Você. Isso é Real Alegria, Isso é Real Amor, Isso é Real Paz, e, com certeza, não se refere a estados, esses assim chamados estados de prazer, dor, alegria, tristeza…
Percebem o que queremos dizer? Percebem qual é a diferença aqui? Então, o seu problema não é a ausência de alegria ou a presença da tristeza, o seu problema é a ilusão sobre quem você é, a falta desse reconhecimento da Verdade sobre si mesmo, sobre si mesma.