Então, vamos lá.
Quando nós nos referimos à palavra “pessoa” – isso você tem dentro das minhas falas, você encontra isso aí nos vídeos, você encontra isso no blog, você encontra isso no site –, eu sempre me refiro a esse sentido de uma identidade presente, esse sentido de ser “alguém”.
Há uma grande confusão interna nesse “sentido de pessoa”, porque, basicamente, você não sabe quem Você é, então você se confunde com esse “sentido de pessoa”. Esse estado normal de consciência da pessoa é algo comparado a um sonho.
A princípio você não irá compreender isso de uma forma muito clara. Com o passar do tempo, se aproximando de si mesmo nessa auto-observação, você irá descobrir o que essa expressão, “sonho”, realmente implica. Então, a princípio, seria interessante você receber isso com o coração aberto para a investigação.
A primeira coisa aqui é a compreensão de que esse sonho, ou esse estado de sonho, é considerado uma forma de identificação, uma forma de estar absorvido por um conjunto de crenças, ideias, memórias, lembranças, pensamentos. E por que nós chamamos isso de sonho? Porque não há vigilância. Você não está Acordado, não está Desperto.
Seu Estado Real, seu Estado Natural, é o Estado Desperto, é o Estado Acordado, não é esse estado de sonho, não é esse estado de identificação com a mente e o que ela representa. A mente representa memórias, lembranças, recordações, experiências. Com isso você se identifica e “dorme”. Naturalmente, você vivencia esse estado que você chama de vigília, mas, na verdade, isso é o que eu chamo de “estado de sonho”. Essa condição não é a Condição Real do seu Ser.
Nós estamos tratando sempre, em Satsang, da Condição Natural de seu Ser. A sua Condição Real, a sua Natureza Verdadeira, é Felicidade. Essa é a Natureza do seu Ser e essa é a Condição livre do sonho, desse estado comum, que é o estado da “pessoa”, com o qual você se confunde.
O que eu quero lhe dizer é que não existem “pessoas”. A “pessoa” é uma crença, um conceito, uma ideia, uma formulação criada pela própria memória, pelo próprio pensamento. Com isso você se confunde, e esse é o estado de sonho.
Seu Estado Real é o Estado Acordado, é o Estado Desperto. Esse é o seu Estado Natural, e esse Estado Natural é o Estado de Felicidade, é o Estado de Paz, esse é o Estado da Verdade sobre quem Você é.
Então, o que temos colocado em Satsang, o que temos colocado nessas falas, nesses encontros, é a visão clara disso, desse reconhecimento sobre quem Você é. Quando Isso está claro, quando Isso é visto, a colocação “não há pessoas”, “pessoas não existem”, fica muito clara!
Você é Consciência, Você é Presença, Você não é uma “pessoa”. Você é uma Realidade com a Vida, essa é a sua Natureza Verdadeira e Isso é Felicidade. Toda complicação gira em torno desse “sentido de pessoa”; toda dificuldade gira em torno desse “sentido de pessoa”; toda confusão gira em torno desse “sentido de pessoa”.
Então, na razão em que você olha para dentro de si mesmo e percebe a confusão dessa absorção, dessa identificação com esse movimento da mente egoica, que é memória, que são lembranças, que são experiências… uma vez que você tome ciência dessa falta de vigilância, dessa falta de atenção a Si mesmo, ao seu próprio Ser, isso começa a desaparecer.
Essa Consciência, que é o seu Natural Estado, Desperto, Vigilante, é Amor, é Paz, é Felicidade. Então, Autorrealização – alguns chamam Isso de Estado Desperto ou Iluminação ou Realização Divina – é Isso, é Você em seu Estado Real, é Você em seu Estado Natural.
Parece-me que a própria psicologia trata muito pouco disso, ou tem uma aproximação, a meu ver, muito pequena em relação a isso, porque não há essa compreensão básica de que esse “sentido de pessoa” não é real, de que esse “sentido de pessoa” é uma crença, é uma formulação sustentada pela memória. Então, ficamos dentro desse jogo e isso não é compreendido.
Então, eu gostaria de colocar isso aqui para você. O seu trabalho, ou o trabalho que pode ser feito em si mesmo, é esse trabalho de desidentificação, que é o fim dessa ilusão do sentido de separação, e isso tem como propósito a revelação do seu próprio Ser.
É possível que você já tenha até começado a ter alguns vislumbres Disso. É possível que você já tenha sentido, em alguns momentos, que essa dissociação desse “sentido de pessoa”, desse “sentido de personalidade”, com sua história, sua memória, suas lembranças, é possível; que essa identidade não é quem Você é.
Então, o meu convite a você é para ter essa aproximação: a aproximação da Verdade sobre quem Você é, da Verdade sobre Você, da Verdade do seu Ser. Definitivamente, não há “pessoa”. Não há “pessoa” aqui, não há “pessoa” aí. Temos vivido dentro dessa condição em razão dessa inconsciência, o que agora acabei de chamar de “sonho”, que é estar absorvido por essas memórias, lembranças, ideias, crenças, conclusões e tudo mais.
Então lembre-se: é possível Se reconhecer, compreendendo a Verdade sobre Si mesmo, e essa Verdade, que é a Verdade do seu Ser, é a sua Natureza Real, é a sua Natureza Divina, que é a Natureza de Deus.