Nós falamos de problemas, não é?
Vem alguém e pergunta: “Qual é a causa de todos os problemas?” Mas, aí, eu pergunto: de que problemas você está falando?
Primeiro, veja, nós criamos uma identidade. Na ficção, na imaginação, no pensamento, nós formulamos essa ideia: a ideia de uma identidade presente, e essa identidade carrega problemas, como: ansiedade, medo, preocupações, toda forma de desordem interna, psicológica… É algo inerente a essa “identidade”. Colocando entre aspas essa palavra “identidade”, porque essa “identidade” não é real.
Então, quando você vem e pergunta: “Qual é a causa dos problemas?”, eu responderia pra você de uma forma muito simples: a causa de todos os problemas é a ilusão de uma identidade. A ilusão dessa identidade separada é a base de todas as formas de problemas.
Então, quando falamos do medo, da ansiedade, da preocupação, do conflito dos desejos, estamos falando de uma identidade presente nessa experiência do problema. Sem a ilusão dessa identidade, não há problemas.
Então, o que você chama de problema é um problema desse suposto “eu”, dessa suposta entidade que você acredita ser. Se você entrar fundo nessa pergunta “quem sou eu?”, na investigação ou na observação dessa identidade, você irá descobrir que ela não existe, e, uma vez que você constate a não existência dessa identidade, pela observação, irá infalivelmente descobrir que não há problemas. Os problemas são para o problemático, mas o problemático não existe, é uma construção do pensamento. Esse falso centro, esse falso “eu”, é uma construção do pensamento.
Então, qual é a causa real de todos os problemas? A ilusão! A ilusão de uma identidade presente para ter problemas. Então, se você tem um problema de medo, isso está numa relação entre um suposto “eu”, uma suposta identidade presente, com algo. O medo é algo presente sempre numa relação de dualidade. Há esse “eu” e o objeto – a razão do medo – mas, na verdade, os dois aparecem juntos. Então, essa dualidade entre sujeito e objeto, entre esse “eu” e a outra coisa é a base desse problema, por exemplo, chamado medo.
Se você retira esse elemento dessa experiência, fica a sensação, mas não fica o problema. Vocês não podem confundir a experiência, em si, com o problema. O problema pressupõe uma identidade presente resistindo, lutando, querendo se livrar, procurando se proteger, ou atacando de alguma forma. Então, nós temos o problema.
A Vida não carrega problemas; a mente não deixa de ter problemas. É da natureza da mente dualista, separatista, egoica, carregar problemas!
Assim, a recomendação é: livre-se dessa falso centro, reconheça o seu próprio Ser, viva em sua Natureza Essencial! Isso é o fim do sentido de separação, é o fim da dualidade, é o fim do conflito, é o fim do problema. Não há problema sem esse falso centro, não há problema sem esse “mim”, esse “senso de pessoa”, essa egoidentidade, com as suas inumeráveis imagens, com sua busca, sua fuga, seu desejo, sua resistência… Sem esse movimento, não há conflito, não há problema.
Seu Estado Divino é seu Estado Natural, e Ele não carrega problema. Então, a causa do problema é a ilusão de uma identidade separada, de uma falsa identidade em resistência à Vida, em resistência a esse movimento Do que É, Daquilo que está presente, agora e aqui! Sempre é assim, é sempre isso…