Existe algo que eu considero interessante, de bastante importância para todos nós, aqui. Se você der um pouco mais de atenção a si mesmo, você irá observar isso: a mente é algo que está sempre ocupada. Na verdade, ela vive totalmente ocupada, ela vive carregada de expectativas.
São expectativas com relação a eventos futuros – na verdade, eventos que podem ou não acontecer–, e ela está sempre ocupada com o antigo movimento da memória. Isso é algo muito, muito comum.
O ponto é que não percebemos isso, não é algo com o qual entramos em contato direto, porque não estamos atentos a nós mesmos, não há essa auto-observação, essa observação desse movimento. Então, ficamos sempre prisioneiros dessas projeções: as projeções com relação a esse futuro imaginário e a esse passado, que também é imaginário. Então, o movimento da mente é sempre esse, é andar ocupada, é estar ocupada.
Neste trabalho de Autorrealização, aqui, é fundamental o reconhecimento dessa Verdade que Você é. Isso é algo que está fora desse antigo e velho movimento da mente, esse movimento de projeção do futuro e imaginação do passado. Então, é importante que você esteja se tornando ciente de Si mesmo, cônscio de Si mesmo, acerca de Si próprio. Esse é o objetivo!
A mente está sempre criando situações, ela está e estará sempre criando suas projeções. Isso é algo muito, muito comum. Todo movimento da mente é entre esse futuro desconhecido, imaginário, e esse passado aparentemente conhecido, mas que é só um peso de memória, de lembranças, que também é algo imaginário.
A única Verdade, a única Realidade, é o seu próprio Ser, o seu próprio Ser agora, aqui, mas você não toma ciência Disso, em razão de estar completamente absorvido por essas imagens, que são imagens que o pensamento está, o tempo inteiro, produzindo dentro de você.
Essa condição é de identificação, dessa egoidentificação. O que estamos procurando lhe mostrar nesses encontros é algo, na verdade, além de toda a descrição, além de todas as palavras. Portanto, é algo além de todo esse movimento da mente.
Estamos sinalizando, para você, a Verdade do seu Ser, a Verdade de sua Natureza Divina, e, enquanto essa identificação com esse movimento do pensamento permanece, você não tem ciência Disso, você não tem ciência dessa Verdade do seu Ser.
Então, essa visão que você faz de si mesma, que você faz de si mesmo, nessa relação com o mundo à sua volta, com outros, se toda ela está baseada nesse movimento, que é o movimento do pensamento, que é o movimento egoico, você não pode descobrir a Verdade do seu Ser, a Felicidade do seu Ser. Isso porque você está identificado, ou se identificando, constantemente com uma falsa identidade, com um falso personagem que o pensamento está produzindo, que o pensamento está dizendo que é você.
Portanto, a pergunta é: quem é você? É, na realidade, a mesma pergunta: “Quem sou eu?”. Porque não estamos falando de um personagem, estamos falando de nossa Natureza Essencial, estamos falando da Verdade que somos.
Cada pessoa tem suas características, cada pessoa carrega sua personalidade, mas essa personalidade faz parte dessa memória, faz parte dessas imagens, faz parte dessas imaginações, faz parte dessas projeções. Então, passado e futuro são projeções dentro desse personagem, não é a sua Natureza Divina, não é a sua Natureza Real, essa não é a sua Identidade Real.
É disso que estamos tratando sempre em Satsang. Estamos sinalizando, para você, a importância do descobrimento da Verdade que Você é. Isso está além de um pensador, de um experimentador, está além da própria ideia de um observador ou de um fazedor.
Talvez, a sua pergunta seja: “Como isso se torna possível? Como é possível nos tornarmos cônscios Disso, cônscios dessa Verdade que somos, dessa Verdade que trazemos?”.
O elemento que você tem aqui é esta atenção. Você não pode controlar isso que surge, mas pode se tornar atento a esse movimento. Essa atenção desmonta todo esse movimento. Essa atenção sobre si lhe mostra sua Natureza Verdadeira, desidentificada desse movimento, e, quando isso acontece, você está livre; livre dessa ideia que você tem de si mesma, de si mesmo; livre dessas imagens que você tem a respeito de si própria, de si mesmo. Uma vez que você esteja livre disso, você está livre de toda essa relação conflituosa com esse mundo que o pensamento tem produzido.
Veja, o problema não está no mundo, não está nas relações que você tem com a vida. O problema está na ilusão de alguém presente nisso, nessa ideia desse “mim”, desse “eu”. Porque essa relação com a vida é a própria vida com ela mesma. Não há esse “mim”, esse “eu”. Então, esse movimento, todo ele baseado no pensamento, é completamente ilusório, é algo que sempre coloca você numa condição de ilusão de tempo: é o passado ou é o futuro.
Então, há sempre essas ideias, há sempre essas crenças. Há sempre esse medo predominando, essa ansiedade, esse desejo, essa aflição de se tornar alguém, de se tornar alguma coisa diferente, de fazer algo, de construir algo, de se livrar de algo, e tudo isso são ideias, tudo isso são crenças, tudo isso são projeções do pensamento, é o pensamento se projetando, são ideias, dentro desse movimento, criando toda essa condição artificial.
Essa é a causa da miséria, essa é a causa de todo conflito interno, de todo sofrimento.
Você está aqui para descobrir a Verdade sobre quem Você é, a Verdade do seu próprio Ser, a Realidade Divina que Você traz, e isso é algo possível quando esse movimento é completamente desconstruído, quando essa dependência psicológica é desfeita. Quando isso é desfeito, a Verdade se manifesta. Então, a sua Liberdade é a Liberdade da constatação desse movimento. A constatação desse movimento é o fim dele.