Alguns têm feito a pergunta “como sair do sofrimento?”, “como ir além do sofrimento?”, “como parar de sofrer?”.
Veja, o sofrimento tem muitos aspectos. Há diversas formas de sofrimento, e, basicamente, o sofrimento é conflito. Toda forma de conflito se apresenta como sofrimento.
Agora, há uma diferença entre a dor, aquela dor que é física, e o sofrimento em si mesmo. Nós não podemos confundir dor com sofrimento. Aquela dor psicológica, sim, é sofrimento, mas essa dor física, ligada ao corpo, não é necessariamente sofrimento; é apenas dor.
Se estamos falando, aqui, de sofrimento, estamos falando dessa característica psicológica, daquilo que envolve essa identidade separada, esse senso pessoal de uma identidade presente, esse “eu”. Então, quando falamos de sofrimento, estamos falando do sofrimento do “eu”, do sofrimento desse “mim”, dessa “pessoa”.
Então, aqui a questão é: quem é você? O que é, basicamente, essa “pessoa”?. Se nós queremos encontrar o fim para o sofrimento, precisamos descobrir que verdade existe na “pessoa”, qual é a realidade da “pessoa”, o que é a “pessoa”, basicamente.
Na verdade, a “pessoa” é um conjunto de memórias, um conjunto de lembranças. Com uma boa dosagem de imaginação, você tem a assim chamada “pessoa”.
Esse “sentido de pessoa” é uma ilusão, e a base do sofrimento é essa ilusão da “pessoa”. Se estamos trabalhando para o fim do sofrimento em nós mesmos, precisamos descobrir qual é a Verdade sobre quem somos. Uma vez que você perceba que esse “eu” é um conjunto de imagens, um conjunto de memórias, algo baseado numa autoimagem, uma imagem engendrada pelo pensamento, é possível um trabalho de desconstrução dessa falsa autoimagem baseada no pensamento.
Isso acontece por um trabalho de autoinvestigação, de rendição, de desistência dessa ilusão. É aqui que o trabalho de autoinvestigação, meditação e rendição acontece.
Então, o trabalho de Realização da Verdade sobre quem Você é representa o fim dessa complexidade psicológica, dessa ilusão da autoimagem, com todas as suas lembranças, memórias. Isso é o fim para o sofrimento!
Então, como ir além do sofrimento? Simplesmente, abandonando a ilusão dessa falsa identidade, deixando isso cair, deixando isso desparecer. Para que isso seja possível, para que isso aconteça, essa Consciência precisa estar presente, essa Atenção precisa estar presente. Então, o trabalho de autoconhecimento – e, aqui, a palavra “autoconhecimento” não é no sentido de conhecer o “eu”, mas sim no sentido de tomar ciência do que representa esse “eu” – é algo fundamental.
O seu trabalho de Autorrealização é o trabalho de descarte dessa ilusão, da ilusão desse sentido de uma identidade separada resolvendo, fazendo escolhas, decidindo, apegada, se confundindo com experiências de pensamentos, de sentimentos, de sensações, de percepções… O abandono dessa falsa identidade é o abandono do sofrimento, é o abandono desse “eu”, desse “mim”, dessa ilusão, da ilusão da separatividade. Isso é o fim para o sofrimento! Essa é a forma de liquidarmos essa questão, de forma definitiva, completa.