Aqui, nós nos deparamos com uma questão que eu gostaria de tratar com vocês. A questão é: quem é Deus? Isso para mim sempre foi uma questão, uma pergunta, sempre houve aqui dentro de mim um interesse muito profundo por isso.
Então, a Presença de Ramana Maharshi foi algo determinante para a resposta desta pergunta.
Uma coisa que todos nós vivemos é esse movimento interno de pensamentos acontecendo. Eles acontecem e você não tem qualquer controle sobre isso.
Algo que você não percebe, por falta dessa atenção sobre si mesmo, é que essa pergunta “quem é Deus?” ou “onde Ele está?” é respondida de uma forma direta, de uma forma objetiva, quando esse próprio movimento de pensamento é anulado, quando essa própria frequência de pensamento correndo dentro de você é constatada.
Em geral, nós funcionamos baseados em pensamentos. A nossa diretriz de personalidade está, toda ela, centrada no pensamento. Não há qualquer espaço para essa Constatação da Verdade, não há qualquer espaço para essa resposta “quem é Deus?”.
Se por alguns momentos, por alguns instantes, nos livramos desse movimento, nós teremos essa direta resposta, porque a Verdade de quem é Deus é a Verdade de que nós somos.
Ramana Maharshi sempre propôs a pergunta “quem sou eu?”. Então, quando aqueles que o procuravam em seu tempo e traziam questões, dilemas, conflitos, problemas, a pergunta que ele sempre fazia era essa: “Quem é você? Investigue, interrogue ‘quem sou eu?'”.
Isso porque, na resposta desse “quem sou eu?” você encontra a Verdade de Deus.
Deus é o seu Ser, Deus é a sua Natureza Divina.
Identificado com o movimento do pensamento, confundido com o movimento do pensamento, embolado com esse movimento do pensamento, você não se torna cônscio de Si, cônscio da Verdade que Você traz. Essa Verdade que Você traz é a Verdade impessoal, é a Verdade atemporal, é a Verdade intraduzível, indescritível, é a Verdade de Deus.
Então, a resposta para a pergunta “quem sou eu?” é a mesma resposta para a pergunta “quem é Deus?”, e isso representa o fim de todo o conflito, de todo o sofrimento, de toda essa ilusão desse “eu” imaginário, desse “eu” como identidade separada.
Então, a Presença de Ramana Maharshi foi essencial. Ela tem sido essencial para aqueles que procuram a Verdade sobre Si mesmos.
Então, o Mestre é aquele que representa o fim de sua busca. Na Índia, eles chamam de Guru: é Aquele que vive completamente em seu Ser, diferente dessa vida egoica, dessa vida identificada com pensamentos, onde você está totalmente ocupado com expectativas sobre eventos futuros que, na verdade, podem acontecer ou não; preocupado e ocupado com lembranças e memórias do que aparentemente aconteceu a uma identidade particular e pessoal: esse “mim”, esse “eu”, o que não é real.
Não existe nenhuma identidade presente nessa experiência, na experiência da vida. Isso são crenças, nas quais nós fomos educados, nós fomos moldados, e estar preso a isso é estar aparentemente longe da Verdade de Deus, longe da Verdade de Si mesmo.
O que a Presença de Ramana, do Guru, lhe mostra, o que Ela o faz perceber, é que Você é um com a Vida, é que Você é um com a Realidade, é que Você é um com Deus. Então, sua visão é completamente alterada, esse modelo antigo é completamente destruído.
Falando particularmente do que aconteceu aqui, no momento em que você percebe que a ilusão de uma identidade não está mais, essa própria impressão de um “eu” desaparece. Então, não há mais esse “eu”, não há mais esse experimentador, não há mais esse pensador, e isso representa uma unicidade com tudo, eu diria uma unidade com tudo. Isso é algo avassalador, isso é algo que transforma completamente toda essa visão. Essa particular visão cai e a Visão da Realidade se mostra.
Então, vem uma compreensão total de que tudo é uma só Realidade, e essa Realidade é a Realidade de Deus, essa Realidade é a Realidade do seu próprio Ser!
Nesse sentido, não há diferença entre Você e a Presença do Mestre, Você e a Presença de Ramana, você e a Presença de Deus.
Estamos diante de algo revolucionário! A compreensão de que se assentar na grama é algo que é parte de tudo o que está à sua volta, e de que esse se assentar na grama é a Vida, é toda a Vida, é toda a manifestação da Vida, é toda esta Presença da Vida, é toda esta Presença de Deus, é algo intraduzível, é algo que a palavra não comunica.
Assim, a resposta à pergunta “quem sou eu?”, ou a resposta à pergunta “quem é Deus?” ou “onde Ele está?”, é encontrada nesse momento, no momento em que esse assentar na grama acontece. Então, se abre algo inteiramente novo, algo, de fato, intraduzível.
Isso é o fim da ilusão de alguém presente que nasceu, de alguém presente que irá morrer.
Isso é o fim desse movimento interno de projeções com relação ao futuro, ou à ideia de se livrar de um passado.
Então, estamos diante Daquilo que nós poderíamos chamar de Amor, de Verdade, de Liberdade, de Paz. Então, estamos diante do Divino, diante de Deus, diante da Vida!