Participante: Pode me ajudar a entender melhor o desapego?
Marcos Gualberto: Existem muitos que se preocupam com a palavra “apego”, e aí temos o contrário disso, não é? O desapego. Em todas as minhas falas com vocês, eu dou uma pincelada breve nessa questão do apego, mas não fico preso a isso, porque eu não vejo que o problema esteja no apego.
O problema que eu vejo está em “alguém”, no senso de um “eu” no controle. É isso que sustenta o medo. Se você vai além desse senso de um “eu” no controle, o que quer que esteja à sua volta não se torna um objeto de sua fixação. Esse “sentido do eu” é proprietário de pessoas, lugares, objetos e crenças (algumas são filosóficas, outras espirituais, outras políticas). A fixação nisso é a identidade do “eu”; é isso que sustenta o apego.
Os apegos estão em cima das imagens que esse falso “eu” constrói e vive controlando. As pessoas não estão dispostas a deixar isso. Isso não têm base real, mas as faz reais, faz com elas estejam vivas! Elas estão apegadas, elas estão no controle, elas estão vivas nisso! Então, a questão não é o apego, é a imagem que o ego constrói em torno de determinado objeto, porque ele fica vivo nessa relação. Isso não é natural, não é parte da Natureza Divina.
Assim, o apego não está nos objetos, mas no sujeito, na ideia “eu e aquilo que amo”. Na verdade, são imagens, e não faz diferença se são mundanas, religiosas, filosóficas ou políticas. Existem dificuldades porque existem fixações de muitos anos, há muito investimento egoico nisso.
Eu quero que você compreenda melhor o senso desse “eu” apegado ao objeto que ele imagina amar, querer e possuir. É esse falso “eu” que está dando vida aos seus objetos queridos, a essas imagens queridas, a isso que ele protege. É nisso que ele está vivo!
Chegará o dia em que você decidirá deixar o controle, abandonar essas imagens, esses objetos, para descobrir Aquilo que está fora das imagens, dos objetos e do controle.
Ser Feliz significa Ser, só Ser. Este é o meu trabalho com você aqui: mostrar-lhe a beleza de Ser. Ser não tem imagem, não tem controle, não tem apegos, não tem crenças, não briga por algo, não defende algo. O meu trabalho é lhe ajudar a compreender a si mesmo, então o apego cai e, com ele, o medo de perder, o conflito, a briga por isso, a defesa disso. É só uma defesa de crenças, de imagens, de objetos.
Será que isso está dizendo alguma coisa para alguém aqui na sala? Será que tem alguém ouvindo o que eu estou dizendo? Eu digo: “Olha, viver em Liberdade é viver livre de tudo que o escraviza psicologicamente, internamente e externamente”. Aí, você diz: “Puxa, isso me interessa! Agora fiquei interessado, quero saber mais sobre isso. Explique o que é isso!”. Então, eu começo a explicar e você diz: “Não, mas espera aí, não é bem assim… Eu quero a liberdade, mas não é essa aí que você está dizendo. Eu achava que ficaria liberto do sofrimento”. Depois, eu digo: “Ah é? E o que você entende por sofrimento?”. Aí eu já vejo você enroscado, porque você considera que o sofrimento está naquilo que aparentemente o faz sofrer e não naquilo que não parece escravizá-lo, mas o escraviza.
Comece a descobrir a importância de, psicologicamente, internamente, deixar tudo para mergulhar em seu próprio Coração, em seu próprio Ser. Nada é mais importante do que realmente viver incondicionalmente Livre. Isso significa, psicologicamente falando, deixar tudo desaparecer. Mas vou deixar isso acontecer a você. Vou esperar você me procurar, vou esperar você querer investigar isso comigo. Vou esperar você fazer perguntas e me dar todo o direito de resposta sobre isso.
É você que se predispõe a Isso, que se interessa profundamente por esse acesso à Realidade, à Verdade, a essa Natureza Divina.