Tudo o que a “pessoa” faz, faz em desordem, de uma forma confusa, baseada no desejo. Nós temos que investigar essa questão do desejo para você perceber a gravidade disso. Em geral, as pessoas não fazem isso, pois é típico da “pessoa” não ter consciência. Nós acreditamos que pessoas têm consciência, mas elas não têm. Pessoas têm reflexos, respondem automaticamente a estímulos.
Você está muito bem aqui, mas se passar um objeto de desejo diante dos seus olhos, haverá uma reação imediata acontecendo de forma automática aí dentro do cérebro, logo aquela imagem irá encontrar uma resposta reativa nas próprias células do cérebro. Esse estímulo é o que eu acabo de chamar de reflexo, e não é necessária nenhuma consciência para isso ocorrer.
Essa ação automática é algo semelhante a uma programação de um robô que tem bracinhos e executa atividades. Se você olha para aquele robô, você até diz que ele está vivo e tem consciência. Ele não tem nenhuma consciência, são estímulos gerados através de sensores especiais e uma movimentação de memória eletrônica programada ali.
O mesmo acontece com você. Você passa 30, 40, 50, 60 anos de sua vida com um chip implantado: o chip cultural, o chip educacional, o chip da tradição de família. Você aprendeu a ser invejoso, tem todos os trejeitos da sua avó, que era possessiva, ambiciosa, ciumenta, controladora, manipuladora… Não tem diferença nenhuma!
Não é necessária nenhuma consciência para se viver assim. Aí você olha para quase oito bilhões no planeta e fica admirado com tanta confusão, tanta desordem, tanto sofrimento e tanta miséria. Mas como ficar admirado com isso se a programação é a mesma, se todos estão usando o mesmo tipo de equipamento? Se você está repetindo a história da sua avó, que foi a história da sua tataravó, e se seus netos estão apenas repetindo a sua vida, isso é inconsciência, é um chip implantado, uma memória herdada. Eu tenho chamado isso de condicionamento.
O que eu estou tentando lhe dizer é que você aprendeu a sofrer porque você reage, vive nesse movimento de reflexo, de reação, de reatividade. Você aprendeu a posse, o ciúme, o controle, o desejo, o medo… Você se afastou da simplicidade de sua Natureza Essencial para se meter na confusão de um mundo em desordem, um mundo completamente perturbado.
Você perdeu o contato, se é que já teve em algum momento, com seu próprio Ser por acreditar que esta experiência presente é algo acontecendo para esse personagem que você acredita ser. Assim, você está completamente alienado de si mesmo, perdido nessa confusão.
Então, quando eu o convido a estar em Satsang, estou convidando-o a investigar a natureza real da experiência, a descobrir que você não é quem acredita ser e que todo esse sofrimento, essa confusão, essa “alegria” que você vive – que logo se mostra insuficiente e é substituída por uma situação nova que lhe causa perturbação –, tudo isso está aí porque você vive sem conhecer a natureza real desta experiência presente.
Isso pode e precisa ser investigado, e essa é a forma correta de se aproximar da vida. Você não vai se aproximar da vida se você não se aproxima de si mesmo, mas você não sabe quem você é se você não investiga a natureza da experiência presente. Isso, é claro, não é possível enquanto você continuar no mesmo modelo de crenças, de programação, de condicionamento, que todos à sua volta estão vivendo, inclusive, e principalmente, os que você considera os mais inteligentes.
Você precisa descobrir Aquilo que Você é fora da mente, do corpo e desse mundo onde você acredita ter nascido, estar vivendo e que irá morrer. Tudo isso são crenças.
Então, a pergunta fica sendo esta: qual é a natureza da experiência? Para quem ou para o que tudo isso está acontecendo? Hoje eu nem esperei vocês fazerem a pergunta. É sempre assim: ou eu começo falando ou você começa perguntando e me dando uma desculpa para eu dizer coisas aqui para você.