A mente é a mãe de todos os problemas. Não condene nada, não rejeite nada. Condenando e rejeitando, você não pode ir além da mente. No momento em que você condena algo, você fica atado àquilo, só porque você quer se livrar.
O que você não pergunta é “quem quer se livrar?”. A sua mente se torna fixa naquilo que você condena, prisioneira daquilo. Você quer se livrar de uma preocupação? O que acontece quando você quer parar de se preocupar? Nunca observou? Quem já tentou se livrar de um pensamento? Não é fácil se livrar de um pensamento? Quanto mais você se esforça, mais fraco o pensamento fica… é ou não é?
Você quer se livrar de um sentimento ruim… Quem quer se livrar disso? Essa é a pergunta! O fato é que quem quer se livrar é aquele que está criando esse sentimento. Você já se pegou com raiva? E com raiva da raiva? Nunca percebeu que, quando você está com raiva, chega uma hora em que você fica com raiva da raiva? Pois é, a cabeça é muito maluca! Esse é o mundo do ego. Se quiser continuar vivendo assim por mais trinta anos, ok, mas, se quiser investigar isso tudo e ir além disso agora, esse é o meu trabalho; eu sou especialista nisso!
Minha especialidade é livrar você da raiva da raiva, do medo do medo, então você descobre sua Natureza Divina, a Alegria que é permanecer livre do ego, desse senso egoico, de dualidade, de separação; livre de toda essa confusão de ser “alguém” ou de se sentir “alguém”. Isso é uma confusão, uma confusão total!
Sua natureza é Amor, Paz, Liberdade, Alegria, Silêncio… Agora, se você transformar isso que eu digo em mais uma crença, quando você não estiver em paz, a mente vai dizer “a mente não me deixa em paz!”, entende? O próprio pensamento vai dizer “xô pensamento, vá para longe de mim!”. Isso porque você transformou o que você ouviu aqui em uma nova crença, em um novo modelo de pensamentos. Então, aquele que está com raiva fica com raiva da raiva! Que coisa doida! Isso nunca vai ter fim, nunca vai acabar, a menos que você consiga ver isso.
Um dia, já faz alguns anos, eu visitei um hospício, porque eu tinha um parente lá. Eu vi alguns loucos ali e tinha um que era muito interessante, porque era o único que falava com a parede, enquanto os outros estavam todos quietos. Eu vi que não tinha um retrato, não tinha nada ali, era só a parede, e ele estava conversando com ela. A parede falava com ele alguma coisa que a gente não conseguia ouvir, e ele respondia.
Essa recusa de ver a natureza da ilusão presente aí dentro da sua cabeça é como a situação desse louco. A não ser que esse louco consiga ver o processo do que se passa com ele, ele vai continuar ali, conversando com aquela parede, até o final dos seus dias. A parede não tem nada para dizer para ele, e a não ser que ele consiga ver isso, ele vai continuar dizendo coisas para ela.
Então, quando eu vejo pessoas se aproximando de Satsang, eu olho para elas e digo: “Será que ela vai conseguir enxergar que está conversando com a parede?”. Porque é isso! Você entra aqui na sala e acha que está numa condição diferente daquele que eu encontrei lá no hospício, e isso não é verdade; você também está conversando com as suas “paredes”.
Eu tomei uma grande lição naquele dia. Eu já estava trabalhando com meu Guru, com meu Mestre. Nessa hora, quando você tem um Mestre, alguém que está com você nisso, trabalhando com você, essas coisas começam a vir. Então, quando eu vi aquilo, eu disse: “Uau, é isso! Esse é o problema que eu tenho! Eu estou conversando com a parede! Eu estou apenas ouvindo uma parede, é uma parede que está falando comigo! Os parentes que eu tenho são paredes! Eu estou dando resposta para paredes e ouvindo paredes falar comigo!”.
Então, a não ser que você veja o processo, você vai continuar dessa forma, e isso em razão de uma recusa. Essa recusa é algo profundamente enraizado aí dentro. Não há um interesse para que isso se mostre, para que isso se revele de todas as formas. Seu ego sempre vai se proteger. Ele pode até ter um interesse superficial, sabe? Contudo, a não ser que você tenha um interesse profundo em ver todos os aspectos da sua egoidade, do seu estado egoico, você não vai parar de falar com a parede.
O que eu vejo é que as pessoas têm um interesse parcial nisso. Elas vêm e passam algum tempinho comigo, e é só um tempinho mesmo, uma coisa de dois, três, quatro anos; um tempinho que não significa nada. Isso porque elas não têm interesse. No fundo, elas continuam agarradas aos sistemas antigos delas. Eu digo: “Fulano, larga a política. Você não é deputado, não é senador, não tem poder público para fazer qualquer coisa, mas fica dando ‘peruada’, nesse blá-blá-blá. Volte-se e olhe para dentro de você! Você está gastando sua energia com uma coisa inútil!”.
Isso é como cozinhar galo: o galo vai para a panela e demora… parece que não fica pronto nunca! Aí, você se aproxima, passa um tempo comigo aqui, mas, no fundo, nunca larga aquela coisinha lá, fica agarrado àquilo, em vez de se ocupar em olhar esses aspectos do ego, da vida egoica, da mentira que está produzindo. Então, você passa algum tempo aqui, mas não tem Isso. Ver Isso requer que você enxergue que está diante de uma parede e que o louco é você.
Você só deixa a loucura quando consegue ver o processo do que anda fazendo. Se conseguir ver que falar com parede não adianta, você larga a loucura, entende? Então, à medida que você se torna mais interessado nessa nova visão, nessa abordagem que eu tenho aqui, mais se revelam os diversos aspectos em que a sua mente egoica se encontra agarrada. Mas você tem que ser honesto quanto a isso, porque eu vejo que existe uma recusa, e isso é algo enraizado em você, nesse pensamento “eu”.