Eu tinha 24 anos quando me deparei com meu Mestre. Hoje posso colocar Isso em palavras para você, mas eu não recebi isso das palavras Dele. Recebi apenas do olhar Dele.
Tudo o que eu posso lhe comunicar aqui está mais no Silêncio do que nas palavras, está mais em meus olhos do que em minha boca, porque foi assim que me foi comunicado Isso.
Desde criança eu tinha essa inclinação, havia essa procura aqui. Tive toda a minha criação, toda a minha infância, na igreja, então nunca realmente tive uma apreciação por essa vida bagunceira que muitos jovens da minha idade tinham. Eu me casei com 19 anos de idade. Eu me casei cedo porque eu não queria viver aprontando. Eu sentia que se eu me tornasse um pai de família, poderia ter ainda a chance de ter um encontro com o Divino, com Deus.
Havia uma procura aqui por algo além deste mundo. Eu rezava, falava com Deus, então o meu Mestre apareceu. O que eu estou dizendo para você aqui é o que hoje estou vivendo, porque, por sua Divina Graça, tudo está diferente. Por que estou lhe contando isso? Porque você não está aqui para sofrer. Ninguém está! As pessoas não sabem disso, mas você está sendo avisado, comunicado: você não precisa viver assim.
Tudo o que você busca é o que qualquer ser humano também está buscando. Eu era ainda criança e percebi isso. Tudo o que a gente faz, ou procura fazer, é no fundo para se sentir bem, para estar feliz, só que a gente tem uma inclinação muito estúpida; o ser humano carrega uma ingenuidade estúpida. Não é aquela ingenuidade daquele que é curioso para descobrir e discernir. Ele tem uma ingenuidade estúpida mesmo: ele tenta uma vez e não dá certo, aí ele tenta de novo. É por isso que as pessoas se casam várias vezes! Elas são teimosas, porque sempre acreditam que vai ser diferente na segunda, na terceira e na quarta vez.
Então, parece que a gente tem esse condicionamento. A gente é educado, criado assim. Isso precisa ser quebrado! Esse padrão, esse condicionamento precisa ser rompido! Você precisa Despertar, e Isso é algo que acontece naturalmente quando há a inclinação para uma vida inteligente, que é uma vida sem conflito, sem medo, sem crenças, sem ser levado, induzido por outros a viver como eles vivem, a fazer o que eles fazem, a querer o que eles querem, a buscar o que eles buscam, a desistir, também, por que eles desistem.
Então, bem-vindo a esse lugar, a esse espaço, que, na Índia, é chamado de “Satsang”, um encontro com o Real, com a Realidade, com a Verdade sobre quem Você é. Você anda tão envolvido em pensamentos, em sentimentos, em emoções, em busca de sensações! Quando você chega em Satsang, eu trabalho com você isso, para que você desacredite daquilo que o pensamento diz, daquilo que o sentimento diz, daquilo que a emoção diz.
Você precisa confiar em algo aí dentro maior que a mente, maior que essas historinhas que o pensamento constrói, que os sentimentos produzem sobre essa “pessoinha” que você acredita ser, sobre essa historinha que você acredita estar vivendo, sobre esse mundo que você acredita ser real.
Por isso, minha ênfase é que você descubra o profundo sentido de uma vida livre da mente. A mente é conflito total! Todo problema está dentro da sua cabeça, todo seu mundo está dentro da sua cabeça. Você produz isso o tempo todo, o dia todo, todos os dias! Aí, você não descansa. Você toma um remedinho e consegue dormir, mas à noite você sonha, e lá os problemas aparecem novamente. Não há Alegria, não há Beleza, não há Silêncio, não há Meditação, não há Consciência!
Essa é a minha especialidade! Alguns são ótimos jogadores de futebol, outros jogam de uma forma mediana, mas também são jogadores, e existem aqueles que são verdadeiros fenômenos. Isso vale para qualquer esporte. Eu não nasci para jogar futebol, mas eu sei olhar para você e dizer “olha, ser Feliz é possível, realizar Deus nessa vida é possível”.
Quer queiramos ou não, essa aproximação com o Divino é uma espécie de flerte, uma espécie de namoro com Deus. É bem assim. Na verdade, nós somos como que conquistados por sua Graça, por sua Beleza, por sua Verdade. Não é isso? Nós somos como que tocados por algo fora deste mundo. A gente não sabe o que é, mas sabe que Aquilo está lá.
Por isso eu digo que este não é um encontro para você aprender coisas, é como um passeio para fora do mundo, desse mundo da mente, desse mundo da cabeça. Você já está agora, por exemplo, me ouvindo há alguns minutos, mas durante esse tempo que me escuta, você não teve qualquer sensação de que há um incentivo aqui para que você vá lá fora e seja uma pessoa melhor, uma pessoa de sucesso, uma pessoa realizada, uma pessoa poderosa… Não! Você me escuta e a sensação que tem é a de que não sabe, mas sente, de alguma forma, que eu estou apontando para algo fora dessa condição de mundo que as pessoas na mente estão vivendo.
Assim, compreenda isto: se você está disposto a realizar Isso agora, não pode abrir mão Disso, não pode trocar Isso, não pode deixar que nada o afaste, que nada seja maior do que Isso, porque Esse é o seu propósito, seu único propósito. Você nasceu para realizar Deus, nasceu para realizar a Verdade.
Então, pare de ouvir o que a mente diz, pare de acreditar no que as pessoas dizem para você, de bom e de ruim, porque não faz diferença se é a sua mente falando dentro da sua cabeça ou se é a mente das pessoas falando através da boca delas. Você entende?
O ser humano tem essa ingenuidade estúpida, como eu falei agora há pouco, de acreditar muito no que o pensamento diz, não só no pensamento dentro da sua cabeça, mas sobretudo no pensamento da cabeça de outros que é verbalizado. O mundo da mente é um caos, há muito conflito, há muita desordem, há muito sofrimento, porque não há Verdade.