Bem-vindos a Satsang! Aqui temos a oportunidade de estar, mais uma vez, nos voltando para aquilo que é mais importante, para esse reconhecimento Daquilo que somos. Esse é o nosso assunto dentro desses encontros.
A palavra Satsang é uma palavra em sânscrito para “encontro com a Verdade”, que é o encontro com o Silêncio, com a Paz, com a Liberdade, com a Felicidade do nosso próprio Ser, algo que está presente neste momento, aqui e agora! A coisa mais certa é Isso que somos! A única certeza que você tem é que Você está presente! Nenhum pensamento pode afirmar ou negar isso. Essa é a essencial Realidade sendo apontada dentro desses encontros: seu Ser é inegável. Todos os Sábios, de todos os tempos, estiveram apontando exatamente para isso.
Essa Realidade não é algo que você possa fazer acontecer ou algo do qual você possa desistir. A Realidade Divina, a Verdade, não é algo assim. Você nunca vai obter ou perder Isso, porque essa é a Verdadeira Consciência presente, Aquilo que Você é. Você é Consciência, anterior à mente, ao corpo e a toda experiência sensorial, a todos sentimentos e emoções, de qualquer tipo. Não se trata de “chegar em casa”, mas de ver que você “nunca saiu dela”, que essa sensação de separação e de distanciamento de Deus é somente um conceito, uma ideia, uma crença, uma formulação do pensamento.
Então, essa crença é algo que está presente em razão de uma falta de autoinvestigação. A mente tem criado essa autolimitação e tem se subjugado a ela. Isso é como a ilusão de um prisioneiro numa prisão imaginária. Convencê-lo de que ele apenas acredita existir dentro de uma prisão imaginária não é uma coisa fácil; conseguir provar para ele que não existe prisão nem prisioneiro não é fácil. Então, o nosso desafio aqui, apesar de ser simples, não é fácil. Mostrar para você a Verdade desse Silêncio, dessa Inteligência, dessa Presença, dessa Realidade Divina, é como fazê-lo sair de um estado de sono, de sonho.
Repare que, quando você dorme e sonha, qualquer elemento dentro do sonho não é capaz de acordá-lo. Enquanto você sonha, alguém dentro do seu sonho pode dizer: “Você está sonhando!” Porém, você não vai acreditar em alguém dentro do seu sonho lhe dizendo que você está sonhando! O sonho para você é algo que parece muito real, e todos os personagens nele também fazem parte dessa suposta realidade. O sonho é muito convincente, enquanto está acontecendo, porque você se vê fazendo coisas completamente estranhas e impossíveis, e, no entanto, você dificilmente duvida que aquilo não seja real.
Assim, o sonho tem esse poder de encantamento. Não é isso? O sonho é essa prisão, e a entidade presente na experiência do sonho é o prisioneiro imaginário. Ficou mais claro agora? Meu trabalho é lhe mostrar que o que você chama de “vida”, toda essa experiência de viver como uma entidade separada dentro dessa “vida”, é somente um sonho para uma suposta entidade presente, que vive essa experiência como sendo real.
Portanto, para um elemento lhe mostrar que tudo isso é só um sonho, ele não pode estar mais dentro dele e precisa ter a liberdade de se infiltrar nessa experiência onírica. Esse é o trabalho do Mestre, que, na índia, chamam de Guru. Ele esteve também, aparentemente, sonhando, de forma semelhante a você, acreditando que fosse um prisioneiro. Mas, ele escapou dessa “prisão”. Em outras palavras, Ele Despertou e viu todo esse jogo! O Guru, o Mestre, é aquele que conseguiu perceber essa ilusão. Acompanham a beleza disso? Assim, a oportunidade de estar aqui é algo único, singular, ímpar! Na razão em que essa compreensão chega ao seu coração, você é tocado por algo maior do que a mente. A mente não pode reconhecer Isso, porque ela é parte do sonho. Há algo em você, aí dentro, que não está confinado, limitado, dentro da mente. Esse algo é anterior à mente, é seu Estado Real, seu Estado Natural, sua Casa. Na verdade, você nunca deixou esse Lar, pois Você é essa Casa!
A boa notícia é que você não precisa de uma habilidade especial. Realização não é o resultado de uma habilidade fantástica, extraordinária, que chega depois de um grande crescimento obtido através de experiências espirituais. Uma pessoa espiritualizada, na realidade, está numa condição muito mais complicada. É mais simples uma “pessoa comum” deixar de ser uma “pessoa”, do que uma “pessoa especial” abdicar, abrir mão, de todo conhecimento, experiência e do poder que ela adquiriu em toda a sua trajetória de espiritualidade. Assim, se você não é espiritual, tenha muita gratidão em seu coração, porque Deus livrou você disso!
As pessoas que dão mais trabalho são as pessoas “evoluídas”. As pessoas que evoluíram, que sabem, que experimentaram, que tiveram experiências profundas, estão numa viagem egoica muito grande. Aqui, a questão é descobrir a simplicidade, a naturalidade, tornar-se como uma criança. Jesus, um dia, disse isso: “Aquele que não se tornar como uma dessas criancinhas, de maneira nenhuma entrará no Reino dos Céus”. O Reino dos Céus é o Reino da Consciência, da Verdade, da Naturalidade, da Felicidade, da Inteligência e do Amor! Então, aqui toda a espiritualidade não serve para nada; na verdade, presta um desserviço a você mesmo. Tudo aquilo que você acredita, viveu e experimentou, você está segurando, acreditando que é real.
Nada disso são degraus, nenhuma dessas conquistas representa degraus reais. Se isso se parece com degraus, então, são degraus de impedimento. O reconhecimento da Verdade é o simples Despertar da Compreensão de que toda experiência, com o seu experimentador, é uma ilusão; de que nenhuma dessas aparições – pensamentos, sensações, percepções, experiências – dá realidade ao experimentador, ao pensador, ao realizador. Não há “alguém” presente! Em outras palavras, tudo o que você tem sobre si mesmo não é real; tudo o que você pensa, sente ou acredita ter vivenciado, ou imagina poder ainda experimentar, é parte desse sonho, dessa ilusão de uma entidade presente e separada da Realidade.
Como é isso para você?
Você é essa Realidade, além desse sonho, dessa crença, dessa ilusão, de todas essas ideias que você tem acerca de si mesmo. A Liberação de todo sofrimento é a Liberação da ilusão de um sentido de um “eu” presente aqui e agora.