Em Satsang, estamos falando de algo a partir de uma experiência, de uma vivência direta. Assim, não estamos tratando de uma teoria. Eu só posso lhe falar de minha própria experiência e, para mim, essa Realização representa Felicidade. Tudo o que falamos aqui é sobre essa questão da Felicidade. Para mim, essa é a grande e única coisa que importa.
Sua única missão na vida é realizar seu Estado Natural, que é Felicidade… é descobrir sua Felicidade. Essa é a única coisa que importa! Satsang é algo revelador e você está aqui para descobrir Isso. Então, tudo o que posso tratar com você, nesses encontros, é a partir de uma visão direta, de minha própria experiência.
A busca de todos é pela Felicidade. Há uma grande dor presente em todos, que é a dor do sentido de separação, a dor do não reconhecimento da Verdade sobre si mesmo. Então, não importa quantas coisas você já tenha realizado em sua vida ou quantas coisas ainda pretende realizar. Sem o reconhecimento da Verdade sobre si mesmo, não há Felicidade.
Esses são encontros de Revelação do Silêncio, da Verdade e da Paz, algo inerente ao seu Estado Natural. Essa é a sua missão de vida! Sua missão de vida é a própria Vida! Entretanto, você permanece em sofrimento em meio a toda satisfação, realização, prazer e conquista. Dentro desse sentido de separação, de distância da Verdade, algo que o pensamento tem produzido aí, você se mantém em sofrimento.
Uma coisa interessante é que o sofrimento, em si, não é o problema; ele é a indicação de que o sentido de separação está presente. Assim sendo, o sofrimento é um sinalizador de que esse sentido de separação não é o seu Estado Natural. As tradições religiosas (Budismo, Cristianismo, Hinduísmo, ou qualquer outra tradição) têm tentado cuidar desse assunto, mostrando a importância da união com o Divino, com a Verdade.
O problema é que, enquanto houver o sentido de um “eu” presente, essa Unicidade é impossível. Na verdade, esse próprio “eu” é a ilusão da separação, da dualidade, e enquanto houver dualidade, haverá sofrimento. Essa própria busca pela Felicidade ainda é parte do sofrimento. Eu quero repetir mais uma vez isso: o sofrimento não é o problema, é uma boa coisa, porque ele lhe mostra, lhe dá um sinal desse sentido de separação.
Então, toda essa dor psicológica, essa dor de separação, está sinalizando que você não está em seu Estado Real, em seu Estado Natural. Assim, quando falamos de Felicidade, estamos falando de algo completamente livre e independente das situações externas. É algo que precisa ser claramente compreendido.
Felicidade é algo que flui de sua Verdadeira Natureza, algo completamente independente de qualquer situação externa, inclusive da condição do próprio corpo. Uma coisa é a dor física causada por uma enfermidade, outra coisa é essa dor psicológica causada pelo sentido de um “eu” com suas exigências, escolhas, desejos e tudo mais. A dor física acontece nessa estrutura corpo-mente, enquanto que a dor psicológica ocorre no imaginário senso de uma entidade separada – esse é o real sofrimento.
Assim, é possível haver dor sem qualquer sofrimento. A dor é algo neural, fisiológico, é algo nessa estrutura, nesse organismo, mas, psicologicamente, a dor tem um significado completamente diferente; é a dor da separação. Se você ainda não teve uma dor física, não se preocupe, você terá. Enquanto houver corpo, haverá uma forma de dor. Isso é algo inevitável.
Esse tipo de sofrimento é a ausência do acolhimento da vida como ela se mostra, como ela se apresenta; é quando há um conflito na relação com o que se apresenta neste instante. Isso é algo completamente psicológico, sem nenhuma realidade, pura imaginação. Conseguem ver isso?
A mente egoica vive nesse modelo, dentro dessa programação. Todos à sua volta estão vivendo dentro dessa programação. Não existe aquele que tenha coragem de renunciar ao sofrimento, porque o fim do sofrimento é o fim da ilusão de uma identidade presente, é o fim do sofredor. Nesse sentido, todos amam o inferno. Se você escolhe viver nesse “senso de dualidade”, nesse “senso de separação”, você ama o inferno. Esse é o problema.