Quanto mais você se torna ciente do processo do pensamento, mais percebe que você não é a mente e que esses pensamentos não são seus. Você não tem propriedade sobre eles. Quando começa a olhar claramente a experiência do pensar e do sentir, isso começa a ficar muito claro. Depois de algum tempo, você começa a perceber, também, que as ações são automáticas, algo que faz parte da memória mecânica do corpo.
A princípio, é algo bastante revolucionário ouvir isso, porque o seu condicionamento é de aceitar a existência de “alguém” presente em tudo isso, no controle, fazendo tudo acontecer. Na realidade, são dois fenômenos presentes. O primeiro fenômeno é a aparição do movimento da mente, no qual estão incluídos os pensamentos, crenças, imagens, opiniões, comparações, ideias… O outro fenômeno presente é a consciência desse movimento, o qual é bastante raro.
A mente tem um poder hipnótico, de transe, de sonho e, por isso, esse primeiro fenômeno é algo que prevalece na grande maioria das pessoas. Elas estão inconscientes do movimento da mente. Então, para essas pessoas, o segundo fenômeno é algo inexistente, elas não têm consciência da mente e vivem nesse estado de transe, de inconsciência, de hipnose, de sono.
A mente tem essa poderosa habilidade de colocar essa consciência como que adormecida. Então, você pode passar uma vida inteira (70, 80 anos, se conseguir chegar lá) nesse estado perdido, em transe – esse é o estado comum do ser humano. É isso que eu tenho chamado de inconsciência ou consciência egoica, e tratado, também, como a “ilusão do experimentador”. É como se houvesse um experimentador dentro da experiência do pensar, do sentir, do fazer, mas isso é somente um estado de sono, de inconsciência. A mente tem esse grande poder.
Ego não é nada mais do que isso: sentimentos, emoções, crenças, imagens e ideias que você tem sobre si mesmo. Esse é o estado de inconsciência. Quando você dorme e se encontra em estado de sono profundo, a mente perde esse poder, mas ela é tão hábil nisso que encontra um modo de escapar e voltar ao seu estado de transe criando o estado de sonho. Então, enquanto a mente está descansando, livre do seu estado de transe, em sono profundo, você desfruta da Paz, do Silêncio, da ausência dessa inconsciência egoica, do estado de mente egoica.
O que é bastante irônico é você pensar que tem qualquer controle sobre a mente, pois, tão logo que é capturado por um condicionamento mental, você fica aprisionado a ele. Isso acontece dentro do estado de vigília, que é o estado no qual você experimenta frustração, insatisfação, desejo, medo, muito barulho interno, muita tagarelice, onde o que predomina sempre é a memória, a imaginação do passado. Dessa forma, aquilo que se expressa nesse presente momento é sempre esse fundo de condicionamento, esse estado de transe, essa inconsciência. Porém, quando você começa a se tornar ciente desse movimento da mente, a quebra disso torna-se possível.
Assim, essa inconsciência egoica é apenas um fenômeno mental do qual você não tem consciência. Você está desatento a isso. O Despertar é a Verdade de sua Natureza Essencial, Total e completamente Livre desse transe, da ilusão do “experimentador”. Não há nenhum “experimentador”! Não há nenhum “pensador”! Não há “alguém” no sentir, no fazer ou no pensar! A Meditação é a base para essa Libertação. Então, todo esse conteúdo pode ser visto, esse condicionamento pode ser quebrado, esse transe pode ser desfeito.
Em razão do condicionamento presente, dessa inconsciência, esse conteúdo está produzindo constantemente imagens, crenças, sentimentos. Assim, nessa ilusão, você experimenta o sentido de um “eu” em tristeza, em depressão, em ansiedade, em medo, e assim por diante. Esse estado do falso “eu” é de pura inconsciência, de hipnose, de transe, de sono; é uma condição de grande miséria, profunda limitação. Ou seja, seu Ser está, aparentemente, dormindo, enquanto o ilusório estado do movimento egoico está, aparentemente, se manifestando.
A resposta para isso tudo é Acordar, Despertar!