É essa sensação de insatisfação que o motiva a se associar a uma religião, a buscar um professor e livros para ler. Uma única coisa faz isso tudo acontecer: essa sensação de que algo está incompleto. Por isso, há milhares de religiões e um consultório psiquiátrico para cada dez pessoas no mundo. Então, termina-se buscando diversos caminhos, métodos, crenças, toda forma de ajuda possível, para escapar do sofrimento, desse estado insatisfatório de ser. Esses são os caminhos comuns.
Para onde quer que você olhe, vai enxergar alguém sofrendo. Então, você busca na ioga, na religião, na filosofia, na psicologia, na psicanálise, na análise, na hipnose, nas terapias alternativas, até que chega um momento em que você começa a perceber que nada dá certo. A princípio, você fica muito fascinado e entusiasmado com alguma técnica nova que surge trazendo essa promessa, mas quando há o reconhecimento consciente de que toda essa motivação dirigida para fora não funciona, o convite de Satsang chega até você.
Satsang é a única possibilidade do Despertar da Real Compreensão. Quando você reconhece o valor Disso, você está pronto. Tudo acontece em razão desse sentido de separação. Por ele estar presente, o sofrimento também está, então, essa busca acontece. O sofrimento impulsiona a busca, mas ela não traz compreensão. Você passa a maior parte da vida nesse processo da busca, saindo de uma alternativa para a outra, de uma religião para a outra, de uma filosofia para outra, de uma técnica para outra ou de um método para outro, até que chega o momento da Compreensão, do Despertar da Compreensão. Você percebe que todo esse movimento é para fora e que ele produz mais sofrimento.
Então, esse convite para o Despertar, para a Real Compreensão, significa se assentar em Satsang. Isso traz essa radical Compreensão. A Realização Disso é a Divina União, que no budismo é chamada de “Nirvana“, no cristianismo de “Reino dos Céus”, no hinduísmo de “Moksha” (Liberação), mas Isso é, simplesmente, Consciência, Compreensão, o Despertar da Compreensão. Não existe nada além dessa Consciência; não há nada anterior a Isso, nem além Disso!
Você não é um pedaço de Deus. Você não é como uma fagulha de um grande e único fogo. Isso é mais um conceito mental que você aprendeu na religião. Não existe nenhum pedaço de Deus dentro do corpo. Não existe nenhum corpo como uma expressão de um pedaço de Deus, ou uma pequena fagulha buscando o grande fogo. Você não é uma fatia, não é um pedaço. Existe somente Consciência! Não existe uma entidade aí presente na busca de Deus. Só há Deus completo, não um pedaço reconhecendo a si mesmo nessa Compreensão de sua Natureza, de sua Totalidade. A Natureza, a Fonte, é uma só: essa única Consciência, sem forma, sem nome, sem partes.
A identidade é uma ideia, a “pessoa” é uma crença, as formas e os nomes são imaginações. O que você tem é uma imaginação de uma entidade presente aqui, neste momento, dentro do corpo, falando, pensando, agindo, com um nome, uma data de nascimento e uma história. Então, essa ilusão criou essa identidade e essa ideia de ser um pedaço que quer unir-se ao todo, uma parte que quer completar-se na totalidade, uma fagulha que se desligou da chama e agora quer voltar para ela. Quando você está em Satsang, nesse espaço da Compreensão, do Real Despertar, o sofrimento – causado pela ilusão desse sentido de individualidade, de separação, que o faz pensar, agir e sentir nessa ilusão de “ser alguém” – termina.
Seus pensamentos giram em torno dessa suposta entidade que você acredita ser. Então, você tem preocupações, sentimentos, problemas e conflitos pessoais; tem uma busca pessoal e um sofrimento particular. Isso não é real, é uma ilusão sustentada pela crença na história de uma “pessoa”, na qual incluem-se “outras pessoas”. Não há uma única “pessoa”! Não existe um “você”. Então, essa ilusão não apenas cria esse “você”, mas uma história na qual várias outras pessoas são incluídas, a quem chamamos de família, amigos, inimigos, e assim por diante. A mente diz que tais pessoas são reais também, ou seja, ela vê um mundo cheio de pessoas em torno de uma única pessoa: “eu”.
A Real Compreensão é o fim disso, pois essa contração imaginária do sentido do “eu” se desfaz. Quando não há mais essa contração, o sentido de “pessoa” vai embora e o mundo termina – o mundo da dualidade, da separação, da busca, portanto, o mundo do sofrimento. Assim, não há nada do lado de fora, nem do lado de dentro. Essa Realização é o fim da ilusão dos pedaços, das fagulhas, das centelhas, das partes. Tudo é essa Consciência! Isso é Real Compreensão, é Realização!