Temos algo muito singular nesse encontro. Não estamos diante de uma palestra motivacional nem de uma fala com algum tipo de ensinamento específico, porque Autorrealização, Liberação ou Iluminação não é algo que você possa obter. Aqui se trata exatamente do contrário: há algo para se perder.
Você carrega o sentido de uma identidade, de um “eu” presente. Agora mesmo, você acredita que está ouvindo [lendo] e que há alguém lhe dizendo alguma coisa. Se você escuta o rádio, tem uma voz ou uma música acontecendo, mas você não pode dizer que tem alguém falando de dentro do aparelho. Se acreditar nisso e fizer a experiência de desmontar esse rádio, você vai descobrir que não tem ninguém lá dentro, não tem uma banda de música tocando ou alguém falando. Tudo o que você vai encontrar nesse aparelho são componentes eletrônicos.
O corpo humano é só um mecanismo também, cheio de componentes, com uma voz saindo. Mas, assim como não há ninguém dentro do rádio, não há ninguém dentro do corpo humano. Isso é só uma crença, algo que lhe foi ensinado pela religião, pela filosofia. O corpo humano é só um mecanismo e a fala humana é só um fenômeno acontecendo nele. Isso é contrário a tudo que vocês já ouviram até hoje. Existe, sim, uma Consciência presente, mas Ela não está dentro do mecanismo, dentro desse corpo humano. É esse corpo humano, esse mecanismo, essa fala, esse “ouvir” e esse “sentir” que estão dentro da Consciência, e não o contrário.
Então, essa Consciência produz todos os fenômenos, inclusive a aparição do corpo, da mente e de toda experiência nesse mundo dos sentidos. Essa é a sua Realidade! Você é essa Consciência, Ela é a Sua Natureza Real e está além do corpo, da mente e do mundo. É algo além de todos os fenômenos.
O corpo e a mente conhecem a noção de tempo e espaço e, portanto, a noção de separação, de múltiplas aparições. Essa Consciência não conhece nada disso, porque Ela não se importa com esses fenômenos, que são apenas aparições Nela. Não é Ela que aparece nesses fenômenos, são eles que aparecem Nela. Então, a concepção comum (que é um erro) é a de que essa Realização, essa Iluminação ou Liberação é algo que o indivíduo pode obter, adquirir ou ganhar, enquanto que, na verdade, é exatamente o oposto: Isso é o desaparecimento da noção ilusória de alguém presente, de um indivíduo presente nesta experiência, neste fenômeno “corpo-mente-mundo”.
Quando isso se torna claro, no Despertar desse Estado Natural, que é Consciência, que é Meditação, a ilusão desaparece. Então, o sentido de tempo e espaço se torna irrelevante, e toda a noção de estar no controle da própria vida desaparece. Não existe uma vida individual, existe só a Vida como Ela É, o que eu chamo de “Pura Consciência”. Assim, quando essa sensação de estar no controle da própria vida perde o sentido, termina, a Vida como Ela É se mostra como puro relaxamento, Paz e Felicidade.
Essa Liberação não é algo que possa ser descrito por palavras, não é algo que possa ser compreendido pela mente. Apenas quando Ela se revela a Si própria é que tudo fica claro. Assim, não existem palavras ou ideias capazes de expressar Isso.
O propósito desse encontro não é trazer ensinamentos, porque eles não existem. Esse “ensinamento” aqui é um desaprendizado; é apenas um mergulho, uma investigação de sua Natureza Real, que é Consciência. Essa Liberação é tudo o que existe, é a única Realidade, é algo presente como essa Consciência aqui e agora.
Isso é algo muito paradoxal. Nós não vamos trazer essa Consciência, você não vai encontrá-La; você vai perder a ilusão de que está presente como uma entidade separada no tempo e no espaço, como uma “pessoa” – esse é o propósito desse Trabalho. Tudo o que você precisa é de uma revelação do seu próprio Ser. Já que não pode ser compreendida pela mente, descrita por palavras, essa Consciência precisa se revelar por Ela mesma.
Essa Liberação é o fim de toda a busca, de toda a procura; é a Vida revelando o seu próprio significado, revelando-se a Si mesma como Ela mesma. Nossa linguagem é incapaz de se aproximar Disso. A linguagem é, por natureza, um produto de pensamentos e imagens. Ela descreve apenas a dualidade, a separação, a noção de tempo e espaço, sujeito e objeto, eventos, experiências, coisas, sentimentos, pensamentos, fenômenos que acontecem ou parecem acontecer… É só o que ela pode fazer. Não existe nenhuma linguagem para descrever Aquilo que está além da palavra, além do pensamento, além da dualidade, além do tempo, além do espaço.