Nós estamos em Satsang investigando a Verdade sobre nós mesmos. A palavra Satsang significa “encontro com O que é”, “encontro com a Verdade”. Sat é uma palavra em sânscrito para “Verdade” e sang é uma palavra para “encontro”. O outro significado para esta palavra é “o encontro com Aquele, ou Aquela, que está nessa vivência da Verdade sobre Si mesmo, sobre Si mesma. Então, o que nós trabalhamos em Satsang? Trabalhamos esse reconhecimento da Verdade que somos. Isso significa descobrir a Verdade em si mesmo, neste instante, aqui e agora.
Eu posso dizer algo para você que soará como uma crença aí, mas o seu desafio é investigar a veracidade disso. Por exemplo, posso dizer a você que a única realidade presente neste instante é essa Consciência. Agora mesmo você escuta essa fala, há uma clara percepção desse som presente aqui e agora. Isso é algo muito evidente, não requer nenhum tipo de crença. Assim, o que tratamos nesse espaço chamado Satsang é algo desse nível de evidência, nesse mesmo nível de realidade. No entanto, para você, isso ainda pode soar como uma crença, então, eu o convido a investigar por si mesmo. Deus é uma Realidade presente; não é um conceito, uma ideia. Deus é uma Realidade presente, assim como essa Consciência que percebe essa fala. Então, quando usamos a palavra “Deus”, estamos falando dessa Natureza de Ser, apontando para sua Natureza Real, para a Natureza da Verdade de cada um de nós.
Isso, para você, pode ser apenas uma crença ou pode ser uma Constatação direta. Quando essa Constatação acontece, toda ilusão termina, então, Deus é a mais inegável Verdade. Quando há essa Verdade presente, não existe mais a ilusão de uma entidade no conflito, em sofrimento, presa em alguma forma de medo ou desejo. Em Satsang, você está se encontrando consigo mesmo, com seu Ser de Verdade, que é a Realidade de Deus, a Presença de Deus. Quando há essa Realização, você é um Sábio. Quando não há essa Realização, você ainda está preocupado com o resultado das eleições, por exemplo. Nessa Realização, tudo é visto no seu devido lugar e não existe mais a ilusão da separação entre você e Deus.
Todos os seus problemas estão assentados no medo. A “pessoa” vive no medo. A natureza da “pessoa” carrega o conflito, o sofrimento, a inveja, a ambição, o desejo, a posse, a insegurança, a dor… Em todos os níveis, está presente esta dor da separatividade. Vocês acompanham isso?
Quando você constata, por si mesmo, a Verdade de seu Ser, que é a Natureza de Deus, não há mais espaço para a ilusão. A Natureza do homem, dessa assim chamada criatura humana, é Felicidade, Amor, Paz, Liberdade. Você nasceu para saber ISSO, para reconhecer a Verdade sobre Si mesmo. Isso não pode continuar sendo apenas uma teoria, uma crença. “Deus habita em mim”. Você já ouviu essa frase? Desde criança, você escuta isso: “Somos o templo de Deus”. Você esteve na igreja em algum momento? Talvez hoje você não vá mais à igreja, mas, quando era criança, você ouviu isso de alguma forma, ou já leu isso em algum livro.
O que estou dizendo é que a Verdade é algo presente, não pode ser uma crença (uma crença não vai funcionar). Essa Realização, Iluminação ou Despertar, essa Constatação, é a clareza, a revelação direta de que não há por que sofrer nem por que viver nesse equívoco, nessa confusão. A “pessoa” está com medo, em confusão, em sofrimento, porque ela é uma ilusão, uma fraude! A “pessoa” é o próprio equívoco! Meu convite em Satsang é para que você descubra a Verdade sobre Si mesmo, constate que, de fato, você não é isso que acredita ser. Isso é o fim de sua ignorância. Alguns chamam de autoconhecimento, mas, na verdade, é o conhecedor em sua própria Natureza Real, que é o próprio Conhecimento.
Entretanto, esse Conhecimento não é um tópico de estudo. Você não tem como estudar esse Conhecimento, que é Você, que é o próprio conhecedor. Ou seja, você pode despertar para Isso, assumir a Verdade Disso, mas não conhecer Isso da forma como você conheceria qualquer outra matéria – vendo-se separado do Conhecimento. Portanto, Isso não é para o intelecto. Por isso é que nós tratamos nesses encontros da importância da Meditação.
Assim, essa Revelação, ou essa Clareza do Conhecimento sobre Si mesmo, não é uma coisa, como um objeto. A Verdade é esse Autoconhecimento (vamos colocar essa palavra aqui) em que não há nenhum objeto do lado de fora para ser conhecido e, curiosamente, nenhum sujeito do lado de dentro também. Isso está além de objeto e sujeito, de conhecimento e ignorância.
Sabedoria é um assunto fascinante! Estamos tratando de algo que está além do tempo e do espaço. Estamos tratando da Verdade de Deus, que é Você, em sua Verdadeira Natureza, o seu Ser Verdadeiro, o seu Ser Real. Por isso é que o meu Guru dizia: “Conhecer Deus é ser Deus”. Apenas Deus conhece Deus!
Aquilo que se mostra é sempre uma oportunidade para você tomar ciência de que não há separação entre aquilo que é percebido e aquele que percebe. Essa separação surge porque você está inconsciente dessa experiência presente, do valor e da importância dela. Essa experiência não acontece sem essa Consciência, que é Você. Porém, entre essa experiência e Você, como Consciência, surge a ilusão do “pensador”, de “alguém” presente, de um “experimentador”, e, quando isso acontece, aí está o sentido de separação.
Então, tudo o que está surgindo neste instante é um desafio, algo que pode ser uma oportunidade, que pode provocá-lo para fazer você perceber que não existe esse sentido de separação de forma real. Nesse sentido, tudo o que aparece, ou tudo que parece aparecer, nesta experiência está aí para nos provocar, para nos despertar. Assim, se você consegue colocar sua atenção nisso, abandonando esse condicionamento, fica claro que esse conhecedor e esse Conhecimento não estão separados; que o experimentador e a experiência não estão separados. Ou seja, a natureza do conhecedor é esse Conhecimento, e esse é o fim da dualidade, do sentido de separação.
Para ilustrar essa fala, vou terminar com uma história que se conta na Índia.
Está bem tarde, já escuro, quando um homem sai de dentro de um rio. Logo que ele pisa em terra, há uma sombra muito densa na beira daquele rio e ele tem a clara sensação de pisar em uma cobra. Naquele momento, ele sente um grande arrepio pelo seu corpo e o medo o toma por completo. Aqueles poucos segundos parecem um século para ele, que está aterrorizado. Imediatamente, ele dá um salto e ao olhar na direção onde estavam seus pés, para sua surpresa, vê que não havia uma cobra ali, mas, sim, uma corda. Então, seu coração volta às batidas normais, a respiração se normaliza e ele é tomado por um grande alívio.
Portanto, aí está para você. A Realização da Verdade sobre Si mesmo é a Constatação de que aquilo que você tem como vida real não é Real. Todo o seu conflito, sofrimento, terror e medo estão dentro dessa confusão. Você está confundindo uma corda com uma cobra.