Investigue profundamente isso

Aquilo que ouvimos nesses encontros, em Satsang, são falas que apontam para uma Realidade desconhecida da mente. Estamos diante de um assunto bastante fascinante. Não tratamos de algo imaginário, mas de algo desconhecido da mente.

Estamos propondo para você assumir a Verdade de ser quem Você é, a Verdade sobre Si mesmo, descobrir a Realidade de sua Natureza Essencial. Estamos tratando de algo desconhecido para a mente e queremos que você investigue profundamente isso. Então, você terá a chance de não mais se identificar com mudanças.

Todas as experiências que você vivencia são mutáveis. Se você tem uma aproximação de observação, sem se confundir com essas experiências, você percebe que há um “elemento” presente, imutável, em meio a tudo isso. Esse “elemento” presente é uma testemunha das mudanças, a testemunha presente, a sempre Presença, o “elemento” imutável. Percebam como isso é básico dentro dessa investigação. Realização é algo perfeitamente possível, porque, quando falamos de Realização, estamos falando da Autorrealização, da Realização do Ser.

Neste momento, você acredita que está sentado ou deitado… Na verdade, apenas o corpo está presente. Quando você diz: “Estou sentado!”, na verdade, está se referindo ao corpo, porque Você não está sentado. Daqui a pouco, a posição desse corpo muda e você diz: “Estou deitado!”, mas Você não deita, é o corpo que deita. Essas são as mudanças daquilo que pode mudar – assim é o corpo. Sentado ou deitado, Você não muda, o que muda é a posição do corpo. Então, estou dando um exemplo de algo em você que não muda, que testemunha a mudança. A mudança acontece naquilo que pode mudar, como o corpo, mas Você é a testemunha.

Quando falamos de Autorrealização, estamos falando da constatação da Natureza Imutável do Ser, de sua Essencial Natureza, dessa única Verdade Imutável que Você é. Assim como o corpo muda de posição, a mente também “muda de posição”. Às vezes, ela está descansada, em outros momentos, está cansada, estressada, ansiosa, com medo, em confusão. Então, ela está mudando o tempo todo e você pode testemunhar isso. Você pode testemunhar a mudança do corpo e da mente. Você pode continuar se confundindo com o corpo ou com a mente, ou pode permanecer desidentificado deles. Se você permanece desidentificado, vê que não tem nada acontecendo em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira.

O que eu descobri é que, na razão em que você se desidentifica do corpo e da mente, esses estados perdem o poder de trazer confusão, sofrimento, desconforto psicológico, emocional. Aí está a chave da Liberação! Colocando de forma simples, com um exemplo bem prático: o corpo está sentado, de repente, ele sente calor e liga o ar-condicionado; ele sente calor e vai buscar uma ducha de água fria; ele sente frio e coloca uma jaqueta. Então, o objeto, que é o corpo, está procurando alguma coisa em razão da mudança que ele experimenta, e você observa isso sem se confundir com ele. Não é um problema seu, é um problema do corpo. Isso passa a ser seu problema quando você acredita que é o corpo. Fome, frio, calor, dor, prazer… nada disso tem a ver com você, tem a ver com o corpo. Você passou muito tempo acreditando que é o corpo, agora está em apuros, está com problemas e tem que se desconectar disso, precisa soltar essa crença.

Na mente, acontece a mesma coisa. O pensamento diz: “Ele não gosta de mim!”, ou, “Ninguém gosta de mim!” e, imaginariamente, vai buscar um estado para confirmar sua crença. Então, ele cria um estado chamado “rejeição”, “tristeza”, “depressão”. Esses estados também estão sempre mudando. Você, habituado a referir-se a si mesmo como “eu”, diz: “Eu estou triste”. A tristeza é só um objeto, uma experiência da mente, mas a mente não é você.

“Ninguém me ama”, “Ninguém gosta de mim”… Todos os pensamentos que passam na sua cabeça são estados da mente, que estão mudando. Esses pensamentos acompanham os sentimentos e você confia nisso. É uma questão de educação. Você foi educado, treinado, a confiar em pensamentos. Uma das primeiras coisas que eu digo para as pessoas, quando elas vêm, é: “Não confie em nenhum pensamento. Isso é só uma questão de condicionamento, de educação”.

Seus pais lhe deram um nome, uma forma e essa educação que você recebeu, atribuindo-lhe muitas qualidades, e você se identifica com isso. Assim, a sociedade lhe deu a ideia de que você é “alguém”, “alguém” no corpo, que tem uma mente. Essas qualificações, essas atribuições que você dá a si mesmo, são todas resultado de educação, de cultura, de crença social. Você se refere a si mesmo como sendo “alguém” dentro do corpo, tendo uma mente, mudando o tempo todo, porque o corpo e a mente mudam. Essa é a programação, a educação, o condicionamento, a ilusão. Você pensa em termos de “ser humano” mudando. Você viu o corpo mudar, então, acha que está mudando. Assim como, quando ele muda de posição (sentado, deitado, em pé), você acredita que é você que está mudando.

O menino era jovem e agora está mais velho… Os meninos, aos cinco anos de idade, não têm barba, mas, quando crescem, passam a ter. As meninas, que não tinham seios, agora têm. O fato é que o corpo muda, mas Você, dentro, não muda, porque você não é o corpo. A mente muda, mas você não muda, porque você também não é a mente.

Quando você pensa em si mesmo como sendo “alguém”, cria uma imagem sobre quem você é e acredita que tudo que acontece a essa imagem está acontecendo a você. A Autorrealização é o fim dessa ilusão. A Liberação, a Paz, a Felicidade, reside em sua Natureza Imutável de Ser, nessa Realidade sempre presente, além do corpo e da mente.

Meditação é não se confundir com isso, trabalhar a desidentificação dessa experiência de mudança acontecendo no corpo e na mente. Você não é essa imagem que tem de si mesmo. Na razão em que se torna consciente desse corpo, dessa mente, e não se confunde com essas mudanças, você se torna ciente, completamente, de que toda ideia que faz de si mesmo é falsa; que esse “eu” é apenas, ainda, um objeto, fruto da imaginação do pensamento.

Na razão em que você se torna consciente desse movimento de mudança do “corpo-mente”, fica ciente desse “eu”, que é apenas um objeto que você pode reconhecer. Você, agora, sabe que os seus desejos, medos, toda essa ansiedade, nada disso é você. Você está dentro desse processo de desidentificação da ilusão de uma identidade presente na experiência “corpo-mente”.

12 de novembro de 2018
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