A diferença entre um Mestre e um professor é que um professor fala com você sobre conhecimento, enquanto que a comunicação de um Mestre é somente esta Presença. Um professor tem um enorme conhecimento, enquanto que um Mestre não tem nenhum. Contudo, um professor não tem o Conhecimento sobre o seu Ser, mas um Mestre tem esse Conhecimento, porque ele conhece a Si mesmo.
Quando você vai a um Mestre, ele olha em seus olhos e diz: “Eu não sei nada, mas eu sei quem Você é, porque eu sei O que Eu sou”. Já o professor, não! Um professor lhe passa uma enorme quantidade de conhecimento. Ele fala com você sobre Jesus Cristo, sobre Buda, sobre Ramana e por aí vai. Um Mestre não tem nenhum interesse nisso. Ele somente fala com você sobre você mesmo, sobre suas dúvidas, medos, aflições, anseios, preocupações, apegos, porque você não precisa de conhecimento.
A única necessidade que você tem é a de conhecer a Si mesmo, a sua Paz, a sua Felicidade, o seu Silêncio, a sua Liberdade. Esta é a minha ciência – eu sou um cientista sobre mim mesmo. Eu não sei nada, mas sei o que é importante sobre mim mesmo e sobre você, porque Você É o que Eu Sou. Vocês veem a diferença entre um Mestre e um professor?
Por ser O que sou, eu sei O que a Vida é. A Vida é O que Eu sou e a Vida é O que Você é: um Mistério. Eu não tenho mais questões. Se a Vida é um Mistério, onde está o espaço para as perguntas?
Você tem problemas porque os inventa. Se você ficar com o básico, não terá nenhum problema. O básico é: a Vida é o que é, e este é o Mistério. Tudo na vida é determinado por este Mistério.
Por que você tem problemas? Porque você não acolhe o Mistério, não aceita que tudo é determinado por esse Mistério e que você não tem nenhuma importância. Quando você tem importância, você não aceita o que é, não aceita perder.
Agora, você está com saúde, então, está “ganhando”. Mas, daqui a pouco, o corpo adoece e você cria a ilusão de que está “perdendo”. Portanto, quando tudo vai bem, a sensação é de que você está ganhando, mas, quando as coisas não estão tão bem, a sensação é de que está perdendo. Você não aceita o simples: a vida não está acontecendo para você, ela só está acontecendo. Você não tem importância, você não existe!
Vivemos em um planeta onde existem bilhões de seres vivos, mas você só se lembra de você e, talvez, de mais meia dúzia de pessoas a quem diz amar e com as quais acredita se preocupar. Então, você só se preocupa com seis pessoas num planeta onde existem bilhões de seres vivos.
Isso é verdade? Não. Sua única preocupação é “ganhar”. Se alguém lhe der um prejuízo, este “alguém” o preocupa. Você não está preocupado com ele, mas com o prejuízo que ele está lhe dando. A verdade é que a única pessoa com quem você se preocupa, em todo este planeta, é você mesmo.
Quando você está sofrendo por causa de alguém, não é por causa de alguém, é porque você está tendo prejuízo: seu prazer está sendo negado, sua paz está sendo tirada, sua tranquilidade está sendo roubada. Então, você não dorme, nem come direito, e diz: “Eu estou sofrendo por alguém!”. Não é verdade! Você está sofrendo por si mesmo, porque ignora sua Real Natureza. Você está identificado com o corpo e ele tem meia dúzia de pessoas às quais ele está apegado. Mesmo dentre essas seis, tem uma especial, que é aquela que lhe dá mais ganho, que é a que mais o preocupa.
Sua preocupação é apego, é uma imagem que você quer proteger para não ser magoado, para não ser ferido, para não sofrer perdas. Tudo isso acontece porque você está lutando contra O que É, está se separando da Vida como Ela é, está revoltado contra o Mistério. O Mistério “diz”: “Uma hora você ganha e outra você perde, mas, na verdade, não tem ‘você’! As coisas só acontecem porque acontecem, misteriosamente. Você não está sendo punido, nem está sendo recompensado, porque você não é importante!”.
Então, no fundo, não tem ninguém ganhando, não tem ninguém perdendo. No fundo, não tem ninguém sofrendo. Quando um de vocês vem a mim com um problema, o meu trabalho é duvidar até o fim, até você ficar desconfiado de que está projetando alguma coisa sobre a Realidade, criando uma sobreposição à Realidade. Eu tenho que discutir com você até você ficar desconfiado, até duvidar da sua própria dor.
Meu trabalho é fazer você duvidar do que vê, do que pensa, do que sente. E por que eu faço isso? Porque eu sei que, ao chegar nesse ponto, de forma muito séria, você vai desistir de ser uma pessoa, vai desistir de olhar a vida dessa forma. Quando isso acontece, um sentido profundo de Alegria, de Liberdade e de Paz se manifesta. Você começa a rir desse jogo de “ganhar e perder”, porque, quando você percebe que não existe e que o Mistério é Real, Ele fica e Ele é Você, Sua Real Natureza. Tudo fica no lugar!
Algumas coisas acontecerão dessa ou daquela forma, mas, agora, você sabe que não sabe nada e é por isso que você sabe que, agora, está tudo certo.
Não é simples isso?