Você nasce, passa uma vida de quarenta, sessenta, oitenta anos e morre. Esse é o problema! Você não sabe nada sobre si mesmo, sobre a vida, é um perdido. Um perdido é aquele que está na floresta, não sabe como e onde o “avião caiu”. Você está em uma floresta, andando em círculos, sem bússola, sem treinamento, sem recursos. Então, vem a tempestade, o sol, o calor, o frio, a fome, a sede… enquanto o corpo durar.
Se você não tem Consciência de Si mesmo, você é só alguém em uma floresta muito maior que você, muito mais severa, dura, impiedosa, com suas mudanças de clima, com os seus animais ferozes e insetos. Assim, você vive sem Realidade, sem Salvação, perdido.
É estranho ouvir isso, mas é real. Você não sabe que, na verdade, não está perdido, não está em uma floresta, não está passando por um pós-acidente aéreo; não sabe que está tudo no lugar. Até que saiba de verdade, você se sente assim: em uma floresta. Você, em sua Natureza Real, não está em uma floresta. Você é Deus, Inteligência, Consciência, Liberdade, Verdade. Mas, até que saiba, é assim que se sente: um ser humano. O amor, a paz, a liberdade e a felicidade que você encontra em objetos e pessoas são incompletos. Por quê? Porque você está se vendo fora de Si mesmo, está se vendo no mundo. Então, você está em um pós-acidente aéreo, está na floresta.
Participante: Nós encontramos muitos “mapas” falsos para chegar na paz, na liberdade. Nós o seguimos, mas não dá certo. Então, vivemos trocando de “mapa”.
Mestre: É porque são mapas imaginários. Você está em uma floresta com um mapa imaginário. A espiritualidade constrói mapas em suas diversas ramificações. Existem diversos caminhos dentro de mapas diferentes, todos indicando a “luz”: “Vá por aqui que você vai sair da ‘floresta’”. Mas, não é assim!
Como alguém que está dentro da floresta pode construir um mapa? Isso é como um prisioneiro, que está dentro da cela, falando sobre como sair da prisão. Ele está sonhando, imaginando, está em uma “viagem”; é um prisioneiro imaginando a liberdade. Para que ele saia dessa prisão, ele tem que ter ajuda externa, de alguém que já saiu de lá, alguém que conhece o caminho da fuga. Não é a imaginação da fuga, mas o caminho. Esse alguém está fora da prisão, então, pode ter um mapa. Ele tem autoridade para falar sobre como se livrar da prisão. Assim, só quem está fora da “floresta da mente” é que pode falar o que ela é, o que é a imaginação dessa “floresta”. Mas, precisa estar fora. Falar que a floresta é imaginária estando dentro dela, é como o preso, de dentro da cela, explicar como é lá fora e dizer: “Isso é só uma imaginação!”.
O seu momento é este! Há algo presente na Presença do Mestre, ou do Guru, como chamam na Índia. O Mestre é aquele que não está mais na “prisão”, na “floresta”. Isso é Real, não é imaginação. Existe, também, a imaginação de Mestre, de Guru, que é o “prisioneiro” falando sobre como sair da “prisão”. Se é um prisioneiro, não tem como falar sobre como sair da “prisão”. Você até pode, entre erros e acertos, aproximar-se de uma possível “fuga”, mas não é disso que estamos tratando.
Se você tiver a felicidade de se deparar com um Mestre vivo, com aquele que, de fato, saiu da “prisão”, aquele que, de fato, não está mais na “floresta”, na “mata”, perdido, então, você tem chance. Do contrário, está só em um looping, em uma “roda-gigante”.
Você sabe que a roda-gigante gira sem sair do lugar, não é? Lembra, quando você brincava no parque de diversões? Você pegava uma roda-gigante e parecia que sua cadeira passava sempre pelo mesmo lugar. Ela subia e descia… Você passava por uma árvore lá em cima, depois descia. Então, quando subia novamente: “Opa! A árvore voltou de novo”.
Então, estar nessa “viagem” da espiritualidade ou com um suposto “guru”, é algo perigoso: você pode estar só em um passeio de roda-gigante também. Mas, vamos supor que você tenha tido a felicidade de se encontrar com um Jivamukti (na Índia, eles chamam de “Jivamukti” aquele que está Livre em vida, ou seja, não está mais dentro da “floresta”, da “prisão”)… O meu Guru era um Jivamukti. Ele não me deu o “endereço”, ele me fez investigar, dizendo: “Olhe para dentro! Você tem que descobrir a Arte da Meditação!” Não é a prática da meditação, é a Arte da Meditação.
Hoje em dia, tem muita gente ensinando meditação. Mas, cada um ensina a meditação que desenhou dentro de sua “prisão”. Eu não estou falando de prática de meditação, estou falando da Arte da Meditação. Eu não vou dar uma técnica para você aprender a “pintar”, eu vou lhe mostrar como esse “artista” que “pinta” (e que está aí dentro) pode descobrir o seu caminho para criar as suas próprias obras. É assim que funciona. O Guru, o Mestre faz isso. Ele não lhe dá a “Coisa”, mas, curiosamente, lhe dá tudo. Ele lhe dá a facilidade para que você descubra Isso dentro de si. É a sua descoberta, então, não é falsa, não é a cópia da cópia da cópia… É Real! Você não está repetindo palavras de alguém, não está repetindo um livro que leu. Há tantos livros no mundo falando sobre Autorrealização! Você até deve ter lido alguns, mas não é disso que estamos falando aqui.
Todo esse conhecimento ainda é parte do “mapa” que se constrói ou que se desenha quando se está, ainda, perdido na “floresta”. Você tem que esquecer esses “mapas”. Você precisa esquecer tudo que já leu, estudou e aprendeu sobre Isso. Você precisa descobrir Isso aí dentro, como o Sábio fez. Então, assim como a flor, que na primavera se abre por si só, Isso floresce.