O senso de separação, a ilusão da autoidentidade, não pode fazer algo para ir além dela mesma. Você não vai intensificar o calor, a força e o brilho da luz da manhã; você não pode interferir no trabalho do sol. Essa Consciência, essa Graça, essa Presença é esta “Luz”, então, não existe um meio de fazer essa Iluminação, esse Despertar, essa Realização acontecer. Estamos diante de algo que acontece naturalmente, assim como, pela manhã, o sol aparece e faz todo o trabalho que ele sabe fazer. Assim é a Luz dessa Presença, Consciência e Graça. Então, o florescer dessa Presença, dessa Realização, acontece sem esforço.
Quando há uma comunhão de coração com a Verdade, Ela é vivida, Ela é realizada, Ela floresce. Se persiste no seu sonho, que é o sonho dessa egoidentidade, você está na ilusão e não há espaço para essa comunhão de coração com a Verdade. Quando não há esse espaço, o sonho continua, a ilusão continua.
Quando nós nos encontramos, você se depara com esse momento de “luz da manhã”. A Presença de Deus é esta “luz do amanhecer”. Quando a Graça do Guru, de Deus, dessa Presença aparece, chega desta forma e, então, tudo acontece naturalmente.
O meu trabalho não é fazer alguma coisa com o sonho. Eu, simplesmente, não dou suporte e nem acredito nisto; não vivo dentro deste ponto de vista, e esta é a posição da Graça, de Deus, do Guru quando o encontra.
Você está na cama e é de manhã… É momento de Acordar! É o fim da ilusão, do sofrimento, de todo desespero, aflição, confusão. É o momento da “manhã”, é o momento do Despertar! Este é o significado deste trabalho.
Nessa comunhão de coração com a Verdade, Ela é vivida por você. Então, você pode viver a sua Natureza Verdadeira. Você, gradualmente, se torna menos e menos envolvido com o sofrimento, porque ele é todo imaginário; ele está assentado na ilusão de uma entidade separada, agarrada aos seus desejos, apegos e medos. Isto faz algum sentido para você ou isso não lhe diz nada?
Esta Realização não dá suporte ao sentido de separação e a qualquer busca de realização do lado de fora. Então, o coração em comunhão com esse Eu Real é a base do fim do sofrimento e de toda a ilusão. Por isso, comecei dizendo que não é uma questão de fazer alguma coisa, mas de estar nesta comunhão, nesta entrega, nesta rendição.
As pessoas se aproximam deste encontro e se deparam com uma proposta inteiramente nova, que é a de desistir de si mesmo, de suas buscas, de suas realizações, mergulhando na Fonte, na Natureza do Ser, voltando para “casa”. Isto é uma radical “compreensão”, uma aproximação totalmente diferente da Vida, de que não há nada para se fazer neste mundo, porque ele já está no lugar em que precisa estar. Você não vai melhorar nada, só vai criar mais confusão.
Na Índia, eles chamam isso de “karma”, que é receber os frutos de boas ações ou de más ações. Mas, isto está, ainda, dentro da operação do falso “eu”, da ilusão da egoidentidade, da separação. O que eu acabei de chamar de “radical compreensão”, é a constatação de que a Vida está completa e o mundo está muito bem sem você.
Você está na fábrica da confusão, trabalhando duramente nela. Os Sábios, na Índia, chamavam essa “fábrica” de “Círculo do Samsara” – nascer, voltar para a escola, casar, ter filhos, constituir família, morrer, nascer, morrer, nascer, morrer…
Há sempre a ilusão de alguém presente no “fazer”, enquanto que não tem ninguém fazendo; é só o próprio movimento do karma. Isso está dentro da ilusão, da crença da separação: “eu e o mundo”, “eu e a vida”, “eu e os meus feitos”. Onde quer que exista relacionamento desse “eu” com o mundo, desse “eu” com o outro, desse “eu” com a vida, haverá confusão. Essa é a “fábrica”, é o Samsara.