Esta é mais uma oportunidade de nos voltarmos para a Realidade sempre presente. Satsang é a oportunidade de um encontro com a Graça. A palavra “Satsang” representa o encontro com Deus, um encontro com o “Sat” (Ser).
Todos têm um envolvimento com a ilusão, pois todos se consideram “alguém”, e estão pagando um alto preço em razão disso. A raiz do relacionamento entre pessoas é o desejo, o medo, a ansiedade, a procura de preenchimento no outro, a busca de ser reconhecido, de ser amado, de ser aceito, o que produz toda forma de exigência e miséria. Este tem sido o preço da relação baseada na ilusão – o que eu tenho chamado de “relacionamento”.
No relacionamento, não há Paz, não há Liberdade, não há Amor, não há Verdade. É uma relação em que sempre se pede algo, se busca alguma coisa, então, essa demanda é algo que está sempre produzindo conflito, sofrimento, algo bastante miserável. A pessoa sempre exige algo do outro, sendo que esse “outro” é apenas a sua própria autoinsuficiência, sua própria carência, sua própria infelicidade, sua automiséria na busca de algo, aparentemente, fora.
Não é possível a mente fazer qualquer reflexão sobre isso, porque ela não consegue ver a sua autolimitação. Desde quando você se levanta pela manhã, carrega o sentido de “pessoa”, essa exigência, essa demanda. É fundamental ver essa autolimitação, perceber toda insuficiência da mente, ver todo o movimento aflitivo, conflituoso, em que ela se encontra. Isso é profundamente necessário, pois sem isso não é possível dar o passo além dessa limitação, desse sofrimento, dessa personalidade.
Eu estou apenas retratando a você o movimento da “pessoa”, da personalidade. A mente não pode pensar além da limitação da personalidade. Ela é “bem-sucedida” nessa identificação com esse falso “eu”. Então, quando você vem a Satsang, você se depara com o maior e mais extraordinário desafio da sua vida, que é ir além da falsa vida, a vida da “pessoa”, a vida desse falso “eu”, e, assim, descobrir o que é viver em sua verdadeira Natureza Divina, em seu verdadeiro Eu.
Quando você vive em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira, não há mais demanda, não há mais desejo ou medo. Assim, não existe mais o “pedir”, e sim o “dar”. O Amor é essa Liberdade de entrega, de doação. O Amor é rico! Ele não suplica, não pede, não busca, não deseja. Ele não tem mais qualquer sinal desse antigo movimento da mente egoica. Você, em seu Ser, é a própria Consciência, a própria Verdade… Você é Deus! Não há mais o “pedir”, porque existe essa Totalidade, essa Completude. Então, você está completamente sensível, aberto… Você está Livre!
Somente em Satsang é possível ver e perceber, claramente, todo esse jogo que o ego tem feito consigo mesmo, em uma suposta relação com outros – na verdade, é sempre ele com ele mesmo, em sua insuficiência, solidão e ignorância. Você precisa descobrir como ir além da personalidade, além desse falso “eu”, dissolvendo essa raiz. O que é mais estranho nisso tudo é falar da personalidade como se ela fosse algo real e, no entanto, não é.
Você deve chegar à absoluta e completa vivência da Verdade para descobrir que, na realidade, essa personalidade não existe. Esse “eu” é só um movimento de condicionamento, de crença, de padrão cultural, social, um falso movimento daquilo que nós chamamos de “mente egoica”. Essa personalidade que você toma como sendo real, que é essa “pessoa” que você acredita ser, é somente uma coleção de experiências, de memórias, de lembranças e de crenças. Quando você se depara com essa oportunidade de investigação e consegue ver essa ilusão, isso não o segura mais; esse “sono”, esse estado hipnótico, essa crença, desaparece.
Alguns chamam Isso de Autorrealização, de Despertar, de Iluminação… É o fim da ilusão, do senso de autoidentidade. Assim, a vida está presente, mas em sua Totalidade, nessa sensibilidade e abertura. Não tem mais esse “você”!
Esse Silêncio, essa Presença, essa Graça, essa Realidade, esse Estado Natural, na Índia, é chamado de “Sat-Chit-Ananda“, que significa Ser-Consciência-Felicidade. Não há mais qualquer exigência, qualquer procura, qualquer demanda externa… Você está Livre, e nada, nem ninguém, pode puxá-lo de volta para a inconsciência, para a limitação.