Estamos juntos para que você perceba, afinal, o que significa estar em Satsang. Estou tentando lhe mostrar a importância da Consciência, da desidentificação com a mente. Estou dizendo, constantemente, que não existe nada para você controlar, alcançar, adquirir. A única coisa que importa, nesses encontros, é esta Consciência, que é a desidentificação com a mente.
Você está identificado com a mente. A única coisa que você precisa é descobrir como perceber esse movimento da mente, e isso é a chave da desidentificação com ela. Esse “perceber” significa “ouvir” a si mesmo, mas não se trata de um “ouvir” em que existe “alguém ouvindo” o que acontece, o que se passa aí dentro. Nesse próprio “ouvir”, não existe “alguém” ouvindo; é um “ouvir” que põe fim à ilusão de “alguém” na mente.
Em geral, você acredita que está pensando. Então, tem você e o pensamento – essa é a crença. O que estou dizendo é que, nesse “ouvir”, você descobre a “Quietude”, que é a ausência do “pensador”.
Percebam como isso é, realmente, fascinante. Não existe o pensador e o pensamento, há somente o pensamento acontecendo. Nesse “ouvir”, o movimento do pensamento perde sua energia de sustentação, de continuidade. Então, aquilo que põe fim a esse movimento é esse “ouvir” ou esse “perceber”; é quando acontece essa Quietude, que é o Estado Natural da Meditação. Nesse “ouvir”, não existe o ouvinte nem nada para ouvir; existe somente a Quietude. Isso é Real Meditação, para a qual não existe nenhum método; não há nenhum sistema para se ficar quieto, isso acontece naturalmente.
O que andam praticando por aí, que chamam de “meditação”, não é a Real Meditação. Se aquilo que alguém busca é uma mera prática de meditação, no mercado há muitas, mas nenhuma delas pode revelar esse Estado Natural, trazer o Real Despertar. Isso porque, através de um sistema de meditação ou de aquietamento da mente, você se encontrará, ainda, em um “estado” produzido por aquela técnica, e esse “estado” não pode ser o Estado Natural.
Seu Estado Natural, o Real Estado, não é um “estado”, e isso é algo muito importante a ser compreendido – se você não compreender, vai passar os seus próximos sessenta anos em alguma técnica ou prática, mas isso não se revelará como seu Estado Natural. Repito: o Real Estado não é um “estado”, é a Presença Total, que é a completa ausência desse “si mesmo”, desse “alguém”. Quando a Real Meditação está, “você” não está! Nesse Estado Natural, não existe mais identificação com a mente e o corpo; você não está mais envolvido com a ideia “eu sou o corpo”, “eu sou uma pessoa”. Todo esse peso e tensão desaparecem.
O Estado Natural é um estado sem esforço. Agora mesmo, neste instante, há somente o “ouvir”, sem interpretação, comparação, julgamento, sem qualquer ideia. Nesse “ouvir”, revela-se o Estado Natural, que é Meditação, que é a pura Inteligência, Consciência. Assim, não tem “alguém” ouvindo e falando, nem compreendendo e não compreendendo.
Aí está o Estado Natural, que é quando você não está identificado com o corpo e a mente, nem com o ambiente externo, o mundo à sua volta. Isso acontece porque esse mundo externo, o mundo à sua volta, é somente a percepção dos cinco sentidos. Ou seja, desidentificado do corpo, você está, também, desidentificado do ambiente externo, que nada mais é do que essa percepção dos sentidos.
Assim sendo, Aquilo que Você é, no seu Natural Estado, não pode ser encontrado do lado de fora, em qualquer objeto. Isso é como a Liberdade, que você não pode pegar; é como o Amor, que você é incapaz de agarrar; é como a Paz, que você não consegue segurar. Você não pode colocar ISSO dentro de conceitos e descrições do pensamento, da mente.
Aqui, a coisa mais importante é simplesmente Ser, que é estar em seu Estado Natural, que é Meditação. A Consciência, que é essa desidentificação com o corpo e a mente, é a Real Meditação. Isso não é algo que requeira esforço por parte da “pessoa”, pois o esforço é sempre para se realizar alguma coisa e, aqui, trata-se de relaxar em seu Ser; não se trata de fazer, mas de desistir de fazer qualquer coisa.
Isso é sem esforço, porque você é, fundamental e essencialmente, ISSO! Na realidade, você precisa somente desistir do esforço de fazer algo para ser “alguém”, para ter alguma coisa. De alguma forma, isso é muito simples, mas se torna muito difícil, porque você está viciado em fazer e buscar alguma coisa.
Portanto, não pode haver qualquer intenção para essa atenção. Essa autoinvestigação requer plena atenção, mas ela não vem pela intenção pessoal, que é sempre baseada no desejo, no medo, na busca de ser alguma coisa, de ser “alguém”. Aqui, trata-se desse “ouvir”, desse “perceber”, e isso significa, simplesmente, desistir!