Tudo aquilo que nós conhecemos é uma representação do que o pensamento tem produzido. Então, ao longo da vida, todo o contato que você tem é com aquilo que a mente produz, que é parte dela própria. O contato com a Realidade, ou com a Verdade, é o contato com o Desconhecido.
Tudo o que a mente pode explorar é parte dela e você está muito envolvido nessa coisa de pensar. O Desconhecido é essa Realidade que se apresenta momento a momento, mas que não pode ser capturada pelo pensamento. Então, não há como você ter acesso a Isso dentro desse hábito de pensar, concluir, deduzir, imaginar. É por isso que o fator mais importante é a Meditação. A Meditação é esse stop, é essa parada de representação mental sobre aquilo que se apresenta neste instante.
Então, é necessário ir além do pensamento. Esse sentido de “pessoa”, de personalidade, que você carrega, todo ele está assentado no pensamento, no conhecido e nas experiências que você tem na memória. Personalidade é pensamento! A mente não pode pensar além da personalidade, que é tudo aquilo que você conhece de si mesmo e do mundo à sua volta. Aí está a prisão!
A mente não pode ter sucesso sem a personalidade, que só pode existir com base no pensamento. Então, tudo que o pensamento representa é memória. Reparem como funciona a coisa: o pensamento, todo ele, é memória e ela é a base de sua personalidade. A mente não pode ter sucesso sem essa personalidade, ou seja, você está num círculo vicioso, onde você tem o pensamento, que é memória, que é personalidade, que é a mente. Então, você passa a sua vida inteira dentro desse circuito. Os Sábios na Índia chamaram isso de “maya”, a ilusão. Então, isso cria esse centro falso, essa falsa identidade, que você acredita que é você.
Todos os relacionamentos que você tem na sua vida estão baseados nisso: na ilusão do conhecido, na ilusão da memória, da experiência desse suposto “alguém”. Todas as pessoas em volta de você são parte desse mesmo movimento. Não existem “estranhos”, porque eles estão dentro desse seu “conhecido”; não existem “outros”, porque esses “outros” estão dentro desse sentido do “eu”.
A situação pode piorar quando essa personalidade imagina uma segurança e vai em busca dela em suas relações. Assim, ela projeta um mundo perfeito para se viver! Você precisa compreender que essa personalidade é uma alucinação! O “seu mundo” é uma alucinação! Enquanto você estiver se identificando com a personalidade, que é essa memória, experiência, conhecimento, identidade, essas relações, você estará vivendo uma alucinação. Então, agora você entende que, quando usamos a expressão “ego”, estamos falando dessa alucinação. Eu tenho reiterado isso, quando digo: “Você é uma fraude”! Compreenda o valor daquilo que você chama de “pessoa”: o valor que isso tem é zero! Não é nem um valor negativo, é zero!
Quando você desiste da personalidade, não há mais dor nem esforço. Quando compreende que essa personalidade é uma alucinação, você está trabalhando essa desistência e já não tem mais pelo que lutar (você está sempre lutando, lutando, o tempo todo, para ser “alguém”, para conquistar, ganhar, construir, fazer). Eu sei que essas falas são desanimadoras. Todos querem chegar em algum lugar, por isso estão trabalhando; eles querem mudar o mundo, se salvar, se proteger, se defender; eles querem ir para algum lugar… você quer ir para algum lugar! A mente não conhece sua própria limitação. O ego não reconhece sua própria ignorância, futilidade, inutilidade, confusão… O ego só arruma confusão! Você nunca fez nada certo porque sempre esteve aí, se metendo nas coisas, nos assuntos de Deus, sempre desejando fazer a sua própria vontade, como se fosse uma entidade presente e capaz disso!
Estou convidando você para uma nova percepção, uma nova dimensão, para a Consciência da Realidade! Nessa nova dimensão, você desiste dessa luta, dessa busca, dessa procura de algo fora de si mesmo, nas relações com o mundo. Você está buscando paz, liberdade e felicidade no mundo, e quer isso nos relacionamentos com outros egos. O ego é problema, o “seu” é o problema; o outro é somente uma expressão, uma extensão, um prolongamento de você mesmo.
Quando você descobre a beleza de viver nessa abertura, nessa nova dimensão, acontece uma entrega, uma rendição. É como dois lutadores em cima do tablado, que estão lutando e, de repente, um deles joga a toalha, desiste da luta, não quer mais lutar. Quando a mente reconhece, por uma ação da Graça, que é uma luta inútil, vã, estúpida, naturalmente, há uma parada de suas funções, do seu desejo de sonhar! Assim, você pode Acordar!
Nessa nova dimensão, não há mais a valorização da mente, da “pessoa”. Você tem valorizado muito a “pessoa”, mas, agora, você não tem mais essa valorização. Aí, ela tem que definhar e ir para o “túmulo”. Ela morre de fome, porque ela não é mais suprida, alimentada, por essa ignorância. Então, há uma chance de ir além da personalidade, da mente egoica. Nessa nova dimensão não há ninguém, nenhum ego, nenhuma “pessoa”.
Enquanto você acreditar ser uma pessoa, vai se sentir inseguro, buscando segurança nas relações. Quando você desistir da ilusão de querer ser uma pessoa, vai parar de buscar segurança nas relações, e, assim, acolher o fato de que a existência é completa sem “você” e nenhuma segurança tem qualquer importância. Você está além da segurança e da insegurança, está além da dualidade!
Nós estamos aqui para explorar todas as direções, tudo o que você tem construído, todos os caminhos antigos, todos os trajetos e trilhas, tudo o que a mente tem construído ao longo de todo esse tempo. Por isso a questão é: “Quem sou eu?”
Somente quando você explora todas essas direções e abandona completamente essa coisa da memória, da personalidade, que é a mente nessas relações, em busca de segurança, é que a mente reconhece o quanto ela é limitada e “joga a toalha”, desiste. Então, essa nova dimensão surge.