O seu mundo, que é a sua história, que é você como uma entidade presente na experiência, seja ela qual for, é só o conteúdo mental. Vou dar um exemplo para você do que é esse conteúdo mental. Você sabe o seu nome do meio?
Participante: Sei!
Mestre: Qual é o segundo nome, o do meio dele?
Participante: Não sei!
Mestre: Esse “sei” é conteúdo, e esse conteúdo é o seu mundo, o qual só é real para você. Esse “não sei” é real para todos; é a ausência de conteúdo. O Sábio não tem conteúdo, ele tem o “não sei”. Quando há esse “não sei”, fica esse imenso Espaço. Quando eu perguntei a você o nome do meio dele e você disse “não sei”, foi possível ver que um imenso Espaço se abriu. Quando eu perguntei o seu nome do meio, então, você saiu do Espaço Indefinível e entrou num espaço e tempo definíveis. Esse é o ego!
O seu Estado Natural é esse Espaço Indefinível e Indescritível do “não sei”. Isso é Sabedoria, é a ausência da história. Você não sabe o seu nome do meio; você passa a saber apenas quando eu lhe pergunto. Então, você vê que isso não é real, porque é uma coisa que aparece com a memória. Diante da pergunta, você vai buscar a resposta na memória. Até então você não sabia o que eu iria perguntar, portanto, você estava nesse “não sei”. Nesse “não sei” há um profundo relaxamento, mas no “sei” há tensão. Quer ver? Você é um menino ou uma menina? Uma mulher ou um homem? Não existe uma tensão?
Participante: Sim! Eu senti dificuldade quando perguntou o meu nome. Senti dificuldade de ir buscar isso. Pensei: “Nossa, para quê isso?”.
Mestre: Lindo! Exatamente! Você precisa buscar na memória, ou seja, você não tem nome. Então, quando eu pergunto a você se é uma mulher ou um homem… Que coisa mais insignificante! Você precisa buscar e dizer: “Eu sou uma mulher!”. Mas, quando você está no “não sei”, você está num Espaço sem limites, de profundo Silêncio. É um mundo que se estende, que se abre, e esse Instante, esse Momento, esse Espaço, que é onde essa Felicidade se revela em Ser, (que não é ser algo, nem ser alguém) fica perdido.
O “ouvir”, o “sentir”, o pensamento aparecendo, devem ser tratados da mesma forma, nesse Espaço. Você não agarra o vento – você sente e escuta, mas não está interessado em agarrá-lo. Mas, quando surge um pensamento em sua cabeça, você “pega” isso e traz para a “pessoa”. Quando você faz isso, a “pessoa” aparece e, então, surgem os problemas. Isso é o que eu chamo de “contração”.
Quando surge a entidade presente na experiência do pensamento, surge o pensador. O pensador tem uma história para contar; primeiro, para ele mesmo e, depois, para o mundo. Ele tem que ficar confirmando essa história o tempo todo, senão ele deixa de ser alguém.
Isso é muito doloroso, será? Para mim, isso é libertador – não ser o pensador e não ter uma história para contar, nem pra si mesmo, nem para ninguém. Isso é Iluminação!
A expressão “Iluminação” não é um espaço cheio de luz, mas a ausência da ilusão do espaço e do tempo. Isso é Amor, Isso é Felicidade!
Agora mesmo, nesse Ilimitado e Indescritível Espaço, não há falta, mas basta o desejo surgir, que surge uma “viagem”: “Puxa, eu queria estar agora…”. Sua intenção em estar nessa “viagem” é relaxar em seu Ser, mas você só pode relaxar em seu Ser aqui e agora. Então, você chega ao lugar desejado e diz: “Uau! Que lugar lindo, maravilhoso!”. Mas, bastam três segundos de relaxamento para você dizer: “O que eu estou fazendo aqui? Eu tinha que estar…”.
A mente continua nesse truque, levando você para o tempo e para o espaço, na tentativa de fazer você sentir a completude de ser Aquilo que Você já É, aqui e agora. Contudo, isso nunca acontece, porque você está sempre “viajando” com ela. Você vai de um prazer para outro, e outro… A mente tem que estar sempre buscando isso para se sentir completa, o que nunca acontece. Ela fica excitada em buscar sensações. Ela precisa disso, porque sem isso ela desaparece… Então, só fica Você em sua Natureza Real.