Há um real e definitivo Estado Natural de Ser. Você não pode permanecer na ilusão quanto a isso, mesmo porque você nasceu para essa Realização. A Vida tem uma representação impessoal, ou seja, Ela não se importa com as ideias que você tem. A mente egoica, por natureza, vive se importando com todo e qualquer pensamento sobre o mundo externo ou o mundo interno. Dentro de sua busca de satisfação e preenchimento, ela faz isso, e é algo constante em todos.
A ilusão da impermanência de seu Estado Natural faz com que você se confunda, permanentemente, com aquilo que não é real, porque você não sabe nada a respeito de “quem você é”. Você tem uma ilusão sobre si mesmo muito ampla e forte: você se vê como um ser impermanente e completamente identificado com o que acontece externamente ou internamente. Estar confundido com isso é o que eu chamo de “identificação com a mente egoica”. Sim, há algo impermanente, mas isso não é real, não é Você em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira.
Durante longos e longos anos, você tem se confundido com a mente egoica e, assim, tem se confundido com estados que vêm e vão; são assim seus estados internos e a sua representação externa desses estados. Então, você tem se confundido com emoções, pensamentos, sensações físicas e percepções sensoriais. Você acredita que isso é você, e, por já ter observado que isso é impermanente, que vem e vai, acha que este é o seu estado real.
Quando você vem a Satsang, eu o convido a ver que isso tudo é uma ilusão. Você está se confundindo com ilusórios estados que vêm e vão e, assim, está dando identidade ao que não tem – esse é o sentido de dualidade, o tão badalado sentido de separação.
As sensações vêm e vão, assim como os pensamentos, as emoções, o corpo… É apenas nesse sentido que não há nada permanente nesse mundo. A impermanência é o sinal daquilo que aparece e desaparece; esse é o selo que marca todas as aparições. Enquanto você se mantém dessa forma, tomando isso como algo real para si mesmo, como sendo “você”, permanece na ilusão da dualidade, não importa o quanto você saiba falar e ensinar sobre isso, nem o quanto você fale sobre amor, paz, liberdade, felicidade e consciência.
A Autorrealização tem uma marca infalível, assim como a ilusão tem um selo que facilmente se pode identificar. Quando falamos de Autorrealização, estamos falando de Realização de Deus, de Consciência de Deus, de Consciência não dual, e Isso não é o que vem e vai. Assim, não podemos falar de Iluminação, ou Autorrealização, se essa “marca” (do aparecer e desaparecer) ainda está presente, e se você se identifica com estados que vêm e vão, ainda.
Como a mente é muito hábil em racionalizar, ela vai fazer isso. Se ela for uma mente educada, treinada, que estudou bastante tempo essa questão da Iluminação, que já assistiu a muitas falas, visitou muitos gurus, estudou muitos livros, assistiu a muitos vídeos, ela vai, infalivelmente, racionalizar, e, nesse momento, você poderá cair em uma armadilha – a armadilha de estar “iluminado”, sem estar nada iluminado; de estar “realizado”, sem estar nada realizado.
Seu Estado Natural é imutável. Você é Consciência; essa é sua Natureza Verdadeira. Então, se você está entrando em estados que trazem esta “marca” de aparecer e desaparecer, é sinal de que você, ainda, está se confundindo com a mente egoica; nesse ou naquele aspecto, você está preso à ilusão, ainda. Então, é fundamental se investigar isso, e isso é algo que não pode ser feito intelectualmente. É necessária a rendição desse falso “eu”; é preciso soltar essa marca de identidade pessoal, que faz com que você esteja em um momento de uma forma e no momento seguinte de outra.
A diferença entre uma tela de cinema e os filmes que ali aparecem, é que esses vêm e vão, mas a tela continua a mesma; uma mesma tela para muitos filmes. Alguns filmes tratam de romantismo, outros de terror, suspense e assim por diante, mas a tela permanece a mesma. Assim é o seu Estado Natural, diferente dessas imagens que vêm e vão, porque seu Ser permanece imutável, intocável por qualquer experiência, sensação, emoção, pensamento.
Porém, se você está vivendo a experiência do pensamento, da sensação, da emoção, da percepção e está se embolando com isso, não adianta racionalizar, dizendo que “isso não é real, vem e vai”, embora seja um fato. Realmente, isso vem e vai, mas você, também, está indo e vindo com isso – essa é a ilusão de “ser alguém” –, e é assim para todos. Então, se você se sente iluminado, esse é o teste de qualidade, é a prova de fogo. Se você é Real, então você é Isso o tempo todo – é um Jivamukti, um Ser liberto em Vida (liberto dessas identificações, da ilusão do “experimentador”). Compreendem isso?
Eu comecei falando que a Vida não se importa com você, porque ela carrega a “marca” da impessoalidade, da naturalidade, da realidade, da imutabilidade. Tudo que aparece na Vida muda, mas a Vida, em Si, é O que É. Ela pode se expressar mudando, mas é, em Si mesma, imutável. Assim é a sua Natureza Real, a sua Identidade Real. É disso que tratamos, quando você vem a Satsang (que não é o que estão chamando de satsang por aí).