Nesses encontros, estamos trabalhando a questão do único problema. Basicamente, que problema é esse? Esse singular problema que todos enfrentam é a ideia de um mundo externo, no qual um “eu” está vivendo, o que é somente uma ideia do pensamento. Então, todos os problemas se resumem a um único problema. A mente produz esse mundo e vai em busca dele. Esse é, basicamente, o único problema do ser humano, e é imaginário – a ideia de um mundo do lado de fora para um “eu” do lado de dentro do corpo.
Tudo que você faz aumenta seus anos de prisão nessa ilusão, e tem sido assim por todo esse tempo, até que, num belo dia, você chega em Satsang. Você está em Satsang porque este é o seu tempo para compreender isso. Todo o seu sofrimento está dentro dessa ilusão. Então, todos os seus problemas são, basicamente, um único problema, que é a ilusão desse “você” que a mente diz que está aí.
Você nasceu para viver como Deus. É disso que tratamos em Satsang. Não pense sobre isso, não nos termos de uma entidade separada no tempo e no espaço; não é isso que estou dizendo. Uma entidade separada vivendo no tempo e no espaço, tendo um corpo e vivendo nele, não está vivendo como Deus, mas como a ilusão de ser alguém dentro do corpo, em uma experiência pessoal. Na Índia, chamam de Bhagavan aquele que vive como Deus, que está Desperto em vida. Para a mente egoica, Ele é aparentemente uma pessoa, alguém, um novo ser, que dorme, acorda, vai ao banheiro, é casado, ou solteiro, tem uma vida social… mas é assim somente para aquele que vê do lado de fora e isso não tem nada a ver com a sua Real Natureza.
Você é a Consciência, não está preso a essa experiência do corpo, a não ser que a mente diga que você está dentro do corpo e, assim, você se vê dessa forma, dentro dessa limitação do tempo e de espaço, num corpo. O que estou dizendo é que ninguém pode forçar você a viver essa ilusão de sofrimento. Nada na vida pode forçar você a sofrer, mas, se quiser acreditar, por exemplo, no que anda acontecendo na política brasileira, ou com os políticos brasileiros, você terá problemas. Então, nada está acontecendo, de fato, que seja mais que um sonho, porém, se você acredita no sonho, você leva tudo para o “pessoal”, que é o sentido dessa entidade ilusória vivendo no tempo e no espaço. É assim, também, com uma história de família.
Você é Deus, é Consciência, é essa Presença! Você é sua Verdadeira Natureza! Quando esse movimento da mente para, a Consciência, essa Verdade, floresce. Portanto, essa mente egoica tem que parar; essa confusão dessa identidade tem que terminar.
A mente vive criando desejos e dizendo: “Eu necessito de mais… mais isso, mais aquilo, mais aquilo outro”; “eu tenho que mudar isso, mudar aquilo e aquilo outro”; “isto está certo”; “isto está errado”. Ela começa a levar tudo para esse lado pessoal, e, então, não há somente um jogo divino acontecendo (na verdade, é só um jogo e, portanto, não tem realidade). Somente na mente egoica, nessa mente “particular”, nessa ilusão, tudo é uma “realidade”. É assim que a mente acredita e é assim que ela vive.
Felicidade é a natureza do Ser; a Alegria é essa Realização. Contudo, essa busca por realização externa, para essa mente particular e pessoal, impede a real Realização da Verdade. Portanto, a busca da felicidade é o impedimento da real Felicidade. Toda e qualquer busca pessoal é um impedimento a essa Realidade – a Realidade do Ser, da Verdade sobre si mesmo.
Então, pare de ouvir o que a mente diz na sua cabeça e de acreditar na “pessoa” aí dentro. Abandone todas as crenças e vá além da mente, dessa ilusão do “eu”, dessas histórias ligadas ao “seu” mundo mental. Tudo que a mente expressa, diz respeito ao mundo dela, que é a imaginação dela, e você tem o hábito muito forte de confiar nisso. Se você se prende a “si mesmo”, à mente, está se prendendo à ilusão desse “mim”, identificando-se com esse falso “eu”, e assim você se vê como uma entidade separada – essa é a inconsciência, é a falta do Estado Natural de Meditação.
Seu Estado Natural é um estado sem ego, sem o senso do “eu”. Este centro chamado “eu” é apenas uma ideia. Eu tenho dito muito isso: é necessário que esse “você” desapareça, literalmente; que esse “mim”, “eu”, morra. Contudo, isso não é a morte do corpo; não é a parada do coração nem dos impulsos elétricos do cérebro. É necessário que esse “você” desapareça. Todos os Sábios falaram dessa rendição, todos trataram dessa “morte” – a rendição dessa ilusão, desse falso “eu”. Buda, Jesus, Ramana e todos os outros Sábios falaram dessa rendição de “ser alguém” e desse “poder de ser alguém”.
Satsang é esse trabalho de ir além desse modelo, dessa ilusão. Há uma grande beleza em tudo isso, em estar diante dessa fala, desse desafio, dessa implacável Verdade. Existe sempre uma grande alegria nesse momento presente, nesse Agora, dentro dessa Realização, desse Estado Real, Natural; alegria essa que não pode ser encontrada na mente. Quando falo da “mente”, não estou falando do intelecto. A mente aqui é um outro nome para este sentido de separação do Agora, deste instante. Sua mente não está aqui e agora; ela está sempre no passado ou no futuro, e aí está o falso “eu”, a ilusão de “alguém” presente dentro do corpo vivendo a experiência do mundo.
No começo da fala iniciei expondo esse falso problema, o único problema que a mente conhece, que é ela se sentir separada do mundo. Percebem a beleza disso, de estar em Satsang?
Sua mente nunca está aqui e agora. Ela vive nesse sentido de dualidade, de separação desse momento presente, sempre ocupada com os pensamentos, com a imaginação e a memória, criando um mundo, para ter problemas dentro dele. Então, a “pessoa” sempre terá problemas, porque a “pessoa” é a mente, é essa história da mente. A Felicidade, a Paz, a Liberdade, a Verdade, é uma não dual experiência, nesse presente momento. Então, não há mundo, não há “eu”.
A mente está o tempo todo procurando alguma coisa fora deste instante. Observe isso: a mente está sempre querendo alguma coisa, nunca está satisfeita – isto é a natureza dela.
Relaxe em seu Ser, vá além dessa experiência do mundo, da “pessoa”, do “mim”, do “eu”. Solte tudo isso!