Em Satsang, nós estamos investigando a natureza ilusória do “eu”. Você nunca duvida da verdade dessa pessoa que você acredita ser, desse “eu”. A sua crença é a de que ele tem um nome e uma forma. Mas o que é, basicamente, esse “eu”? Quando os pensamentos aparecem, você nunca questiona a verdade deles, ou para quem esses pensamentos estão acontecendo. Você nunca se importa em buscar a fonte desses pensamentos, em encontrar a origem deles. Você nunca, ou quase nunca, se pergunta: “O que é esse movimento interno de pensamentos acontecendo? Afinal, o que isso significa? Para quem isso ocorre?” A ideia é que esse “eu” é aquele para quem isso ocorre, então, você se refere a si mesmo como esse “eu” – esse é o primeiro pronome que se aprende.
Repare que a criança muito pequena não começa tratando dela mesma como um “eu”; ela chama o corpo pelo próprio nome. Ela diz, por exemplo: “Manuela gosta disso”, “Manuela não quer isso”… É como se ela tivesse uma clara percepção de que está tratando com uma terceira pessoa, quando se refere a si mesma. Todas as crianças são assim! Aí, elas vão crescendo e descobrem – ou melhor, passam a acreditar – que são um “eu”, uma entidade presente, uma entidade separada, com um corpo e um nome. Aí, começam a referir-se a si mesmas como “eu”, e não falam mais de si mesmas na terceira pessoa. Vocês todos podem observar isso em qualquer criança; você também era assim.
Assim, na verdade, ver-se como uma entidade separada, como uma pessoa, como um “eu”, é um condicionamento. Depois que você se vê como esse “eu”, você aprende tudo aquilo que acontece a ele: cada sentimento, emoção, tristeza, doença, o “estar bem”, o “estar mal”… Então, você sempre diz: “Sinto-me triste”, “Sinto-me alegre”, “Sinto-me mal”, “Sinto-me bem”, “Eu estou com dor”, “A minha cabeça dói”, “A minha perna dói”, “O meu coração dói”, “eu estou deprimido”, “Eu estou feliz”… Reparem que é sempre esse “eu” presente.
Se você descobrir para quem isso acontece, você descobrirá a natureza ilusória desse sentido de alguém na experiência. Então, você realizará a constatação dessa Liberdade, que é a sua Natureza Divina, que é a sua Natureza Real. Você jamais dirá novamente: “Estou triste”, “Estou alegre”, “Estou doente”, “Estou pobre”, “Estou rico”, “Estou morrendo”. Portanto, se a ilusão desse “eu” na experiência some, fica só a experiência, que acontece em absoluta Liberdade. Não há conflito na experiência! A experiência está na dualidade existente entre esse sentido de um “eu” presente e a própria experiência, o próprio acontecimento, o próprio evento, incidente, acidente, a própria emoção, o próprio sentimento, o próprio pensamento.
A dualidade é a base do conflito, que é a base do sofrimento, que é a base do medo. A Realização é a constatação da natureza ilusória da existência de alguém nessa experiência do viver. A Vida é aquilo que acontece, e Ela não está acontecendo para alguém. Isso é Liberação! Quando essa Liberação está, então Deus, a Verdade, a Felicidade, o Amor, a Liberdade e a Sabedoria estão, porque não há mais ilusão. Assim, encontre para quem isso acontece; descubra se realmente existe esse “eu”. Você fará uma grande descoberta! Você descobrirá que esse “eu” nunca existiu; que você, de fato, nunca existiu; que não existe tal coisa como “você”, “ele” ou “ela”. “Ele”, “ela” e “você” nunca nasceram! Por nunca terem nascido, não podem morrer!