A Verdade É! Nada pode ser dito sobre a Verdade, e o que for dito não será a Verdade, irá falsificá-la. A Verdade é algo que não necessita de nenhuma explicação ou explanação, e você não está aqui para ouvir sobre Ela. A Verdade é “algo” que é você. Não se trata do que você alcança entendendo isso, intelectualmente, e, portanto, não precisa ouvir bastante sobre isso e depois tirar alguma conclusão. Isso não é como uma matéria escolar, que você estuda por algum tempo, aprende e depois fica sabendo, nem é algo para você ficar sabendo. Quem estuda muito isso, torna-se um “professor advaita”, mas a Verdade não é advaita (não-dual) nem dvaita (dual); Ela está além de ambas.
Hoje em dia, nós temos muita gente ensinando advaita – são os professores da não-dualidade. Nós não tratamos disso aqui; não estamos dando explicações, nem fazemos explanações sobre a Verdade, porque isso já não seria a Verdade. A Verdade é incomunicável! Satsang não é um espaço de ensino. Se você está em algum espaço chamado “Satsang” e o que é ensinado é advaita, você não está em Satsang, mas sim numa sala de aula. Repare no que nós estamos colocando para você: a Verdade não é comunicável; você está Nela. Você não pode Ser sem Ela.
Então, a gente não aprende a Verdade. Essa é a beleza de estar em Satsang. Diante de um Satsang real, você é despertado para a Verdade, não é ensinado sobre Isso. Não existe nenhum caminho para a Verdade. Existe, sim, a possibilidade de se reconhecer como a Verdade, mas não há nenhum caminho para Ela; isso não é uma realização externa. Posso dizer que Ela pode ser sentida, mas não explicada. Você pode estar presente Nela, mas Ela não pode vir de fora para você, como um conhecimento externo, um aprendizado; é, antes, uma constatação direta, interna e não um aprendizado externo.
Todos acompanham isso?
A Verdade não é algo que você pode segurar em sua mão, mostrar para alguém e dizer: “Olhe, está aqui”. Não é assim. Você pode sentir e viver Isso, mergulhar Nisso, porque Isso está aí como sua Natureza Verdadeira, mas não há nenhum caminho externo para Isso. Talvez haja um único caminho, que é o Amor. O Amor é o caminho direto para a Verdade, e a devoção à Verdade é o caminho direto para essa Constatação presente, aqui e agora – a Verdade do Ser, de Deus; a real Beleza, Graça e Felicidade. Você está pronto para isso ou ainda quer muita coisa lá fora? Você ainda quer ver muita coisa do lado de fora ou conhecer essa única “Coisa” do lado de dentro? Essa é uma noite de constatação Disso; um momento de encontro com o caminho do Amor, da Realidade, da Felicidade.
Não se trata de um conhecimento, pois ele é um tipo de ignorância, não é a Verdade. A palavra “ignorância” tem dois aspectos interessantes: existe uma Ignorância de grande beleza e outra de tremenda estupidez; são dois aspectos da “ignorância”, tornando essa palavra bastante interessante. Quando você vem a Satsang, eu lhe ofereço um tipo de Ignorância, que é aquela de grande beleza.
O primeiro tipo de ignorância, que é a de grande estupidez, é a ignorância do conhecimento; essa não vai lhe revelar a Verdade, jamais! Então, você vai estudar todos os livros do mundo, sobre os assuntos mais diversos, e irá se tornar uma pessoa muito culta, instruída, mas, na verdade, será uma pessoa presa à ignorância estúpida, que é a ignorância do conhecimento. Alguém assim terá que desaprender tudo isso para constatar a Verdade dentro de si mesmo. Quando você vem a Satsang, eu lhe ofereço um outro tipo de ignorância, que é a de grande beleza; essa é a Ignorância de não saber, de puramente Ser. Então, a Verdade se revela na beleza dessa Ignorância.
O Sábio é aquele que não sabe. Ele carrega essa inocente Ignorância de não saber, ficando simplesmente a Verdade presente, e não o conhecimento. Enquanto isso, o homem erudito, culto, de grande saber, carrega essa estúpida ignorância de não saber quem é ele mesmo; conhece os grandes mistérios do universo, material e espiritual, mas não sabe quem ele é. Saber quem você é não requer conhecimento, requer essa Natural Ignorância de não saber, de puramente Ser.
O que estou dizendo é que a Verdade não pode ser ignorada por Aquele que simplesmente É, que vive em seu puro Ser; não há ignorância para Ele. Então, a Verdade não pode ser ignorada. Krishnamurti era um Sábio que vivia essa Ignorância, na qual a Verdade não pode ser ignorada. Todo ser realizado é um só e o mesmo Ser; não há diferença entre Ramana Maharshi, Krishnamurti, Osho ou qualquer outro. A Verdade é algo sempre presente, e não pode ser ignorada. O homem culto está perdido em teorias, dogmas, escrituras e muitos livros. O Sábio está mergulhado em seu próprio Ser e não está perdido, porque Ele simplesmente “não está”, para poder se perder. Quando você “está”, você se perde. Alguém na floresta pode se perder, mas, se não há ninguém na floresta, não há como se perder. Está simples isso?
A Verdade não é fruto do conhecimento, é fruto do Amor. O único caminho é o caminho do Amor, e assim você se torna Um com o Amado. Então, a Verdade é sentida, não é explicável, é uma experiência de Deus. O que quer que seja dito sobre a Verdade, não é a Verdade. Você tem que sentir Isso, desaparecer Nisso, pois não existe nenhuma forma Disso ser expresso em palavras. Você não pode segurar, aprender e ensinar Isso. Você pode viver Isso somente aqui e agora.
Então, o Guru não é um professor. Ele é um transbordamento de sua própria Natureza Divina, que é a Natureza daqueles que estão à sua volta – é o mesmo Ser, a mesma Verdade. É por isso que aqueles que conhecem a Verdade sabem que a Psicologia, a Filosofia, a Espiritualidade e as ciências ocultas não podem ajudar. Aqueles que, verdadeiramente, realizaram Isso, estão assentados Nisso, na sua Natureza Verdadeira, e sabem que nada disso pode ajudar.
Vou dizer só mais uma última coisa: quanto mais você tenta aprender, estudar, pesquisar, ler, ouvir sobre Isso, mais você dorme. Todo esse esforço é completamente inútil e, na realidade, é um forte aliado da “mente egoica”, para que tudo continue na mesma; é apenas mais um pouquinho de instrução e controle (o que, na verdade, o ego adora), porque você não pode realizar Isso pelo lado de fora. Você não pode realizar Isso, como se Isso viesse para você, de fora para dentro; não é uma conquista, uma realização do “eu”, que é a mais estúpida ignorância – a forma comum da ignorância aprendida, da qual o ego muito se orgulha, se envaidece.
Não está havendo um Despertar da humanidade; isso é conversa de alguns. Está havendo uma proliferação do conhecimento da espiritualidade, ou seja, a proliferação dessa ignorância atrelada ao conhecimento da espiritualidade. Não está havendo o Despertar da humanidade, está havendo, sim, o Despertar de alguns, desses ou daqueles, que estão prontos para atender a esse chamado, nesse momento, para o reconhecimento de sua Verdadeira Natureza, da Verdade do puro Ser, dessa bela Ignorância do não saber, a ignorância do Sábio.