Aqui, nesse encontro, estamos descobrindo como ir além dessa ilusão, descobrindo a vida livre desse sentido de separação e, naturalmente, livre de conflitos.
Você sabe que a base do conflito é sempre a divisão, a cisão entre “eu” e o “mundo”, “eu” e o “outro”, “eu” e a “vida”. Um belo dia, você pode se deparar com o seu Estado Natural – eu tenho chamado isso de o florescer do Despertar, o florescer dessa realização de Deus – e, quando você se depara com Isso, não há mais divisão, não há mais conflito.
A sua dúvida é se esse é um estado possível, no entanto, essa é uma colocação totalmente errônea. A realização da Verdade não é um estado. A Verdade, a Realização, Você como Consciência, como aquilo que eu chamo de Estado Natural, não é um estado; então, a dúvida não deveria ser essa. Você deve, sim, questionar-se e duvidar desse estado comum de divisão, de separação e conflito, no qual o sofrimento está presente; ou seja, duvidar disso que você chama de vida – confusa, desorientada, infeliz, problemática… É disso que você deve duvidar! Isso que você chama de vida tem apenas um valor secundário. A Vida Real é Você em seu Estado Real, e esse não é um estado secundário, é um estado simples, natural, primário.
Portanto, em Satsang, estamos tratando de algo muito simples, muito básico, bastante primário! Estamos tratando da Vida como ela é, sem as interferências da mente, do pensamento, desse suposto experimentador. Em um instante de Silêncio, no qual os pensamentos desaparecem totalmente, você reconhece a Vida como ela é! A Vida é somente essa Consciência, essa original Consciência.
Aqui, estamos sempre em contato com a nossa Real Natureza, que está sempre presente, que é essa única Realidade. Essa é a sua Real Natureza: é Amor, é Deus, é Silêncio, é Vida. Isso é Satsang! O que você chama de “mundo de nomes e formas” é só o resultado do pensamento, da atividade da mente. Por isso, a nossa ênfase está na Meditação.
Isso está claro?
Então, nosso espaço real é essa Consciência! É necessário evitar essa identificação com o corpo, com a mente e todos os objetos que ela projeta. Assim, você tem a possibilidade de permanecer em seu Ser, em sua Consciência, em sua Vida Real, naquilo que é Natural!
Essa é a Verdade sobre si mesmo, a Verdade sobre o que Você é. A ignorância começa quando o pensamento passa a nomear coisas, separando isso da Realidade. Quando o pensamento nomeia algo, a mente assume esse conhecimento, separando-se dele. Ela faz isso para se manter como uma entidade no controle. Escolha, poder e controle: a mente egoica não vive sem isso. Isso é total ignorância; o conhecimento é a base da ignorância. É necessário ir além do pensamento e seu conhecimento.
Nós ouvimos muito que conhecimento é poder, mas o poder é ignorância! Tudo o que a mente conhece está dentro da sua limitação. O conhecimento é sempre limitado e, portanto, carrega o peso da ignorância. A Verdade está na Sabedoria, e Sabedoria é Amor – mas não esse “amor” que a mente conhece. O Amor que estamos tratando aqui não tem nada a ver com poder, com conhecimento, com pensamento! Amor é Sabedoria, é Inteligência, é Liberdade, é Felicidade!
O que nós temos conhecido por “vida” (que não é real) é uma vida centrada no pensamento, no conhecimento, na escolha, no poder – que é ignorância e que eu chamei agora há pouco de movimento secundário. Essa é a vida artificial que a mente conhece, enquanto que a Vida Real é essa ação natural primária da Consciência, que é Amor, Sabedoria, Inteligência, Liberdade; que é a Real e Verdadeira Felicidade! Essa é a Natureza da Verdade sobre si mesmo. Essa é a sua Natureza Real!