A pergunta é: por que você não está lidando com a Realidade? Será mesmo necessário encontrá–La? Ou Ela é algo presente, mas seus ouvidos não estão atentos e seus olhos não estão abertos para Ela?
O que tenho notado à minha volta é um completo descaso com a Realidade. Não temos olhos nem ouvidos para Ela, e toda essa negligência se mostra como confusão. A mente é expert em criar confusões de todo tipo. Você não se encontra afastado da Realidade porque não possui olhos ou ouvidos, mas porque não tem interesse nisso verdadeiramente. E assim você tem conduzido a sua vida… uma vida aborrecida, tediosa, infeliz, cheia de conflitos!
Você diz: “Eu me esforcei tanto, me dediquei tanto, me sacrifiquei tanto por ele, por ela, e, no entanto, ele, ou ela, não me considera… Afinal, eu sou sua mãe, sou seu pai, sua namorada, seu namorado…” Dessa forma, há um constante conflito, um constante pesar, uma constante dor, um constante sofrimento. Tudo isso porque você está cultivando essa imagem, na qual você se sente rejeitado, manipulado, usado… É apenas uma imagem que se projeta em autoimportância nessa relação.
Tudo isso é muito simples! É simples ver o quanto você está agarrado a essa imagem que você tem do outro e de si mesmo. Reparem como o ego é simples e ao mesmo tempo complexo! O que estou dizendo é que você não tem nenhum problema quando não tem essa imagem de si mesmo, mas você aprecia muito isso! Viva livre da imagem, desse falso “eu”!
Você despreza a Realidade e fica com a ilusão. A ilusão é uma permanente fonte de vitalidade para esse “zumbi”. Vocês sabem o que é um zumbi? É uma criatura estranha. Ela não está viva e nem está morta, e tudo que ela faz é assustar. Esse falso “eu”, que alguns chamam de ego, é um zumbi. Não é uma coisa viva – não existe nenhum ego que seja real – mas também não é uma coisa morta, a ponto de se dizer que não está aparecendo.
Enquanto houver a fantasia, a ilusão, toda essa confiança que se dá aos pensamentos, aos sentimentos, às crenças, esse “morto-vivo” continuará assustando! Você vem ao Satsang e parece querer se livrar disso, mas, no momento seguinte, lá está você de volta, se levantando de um túmulo e procurando a quem assustar. Eu fico bastante impressionado. É muito assustador! Com um pouquinho mais disso, eu mesmo ficaria assustado (risos).
Afinal, por que você está em Satsang? Você quer mesmo se livrar dessa falsa identidade, desse personagem, dessa autoimagem? Quer exorcizar de uma vez por todas o zumbi? Então você tem que parar de alimentá-lo. Sabe como você alimenta isso? Mantendo essa crença sobre quem você é, no contato com o mundo, com a vida, com as pessoas, com as experiências.
Tudo em sua volta confirmará a crença que você tem acerca de si mesmo… Absolutamente tudo! Aquela mulher que vive com você dirá que você é o marido dela. As crianças pequenas que nasceram chamarão você de pai. Aquela senhora mais velha que o criou irá chamá-lo de filho, e você olhará para ela e a chamará de mãe. Aquele homem que vive com ela, você chamará de pai. Se aquela moça que mora com você, que o chama de marido, tiver um namorado, outros chamarão você de chifrudo.
Tudo confirma que você é alguém, porque todos o tratam como alguém para eles e esperam ser tratados como alguém por você. Isso é um complô! Conspiração seria a palavra mais correta. Toda a sociedade espera de você… Você tem uma imagem que a sociedade lhe dá, que o mundo lhe dá, que todos à sua volta lhe dão. E você adora isso! Faz uma questão enorme de ser considerado! As pessoas têm que lhe dar bom dia, boa tarde, boa noite… Você quer ser alguém respeitado, quer se sentir considerado, amado. Sua imagem não pode ser ferida, ofendida, magoada, discriminada, rejeitada, muito menos odiada, abandonada, traída. Dessa forma, o zumbi continua vivo.
Hoje, nós estamos no planeta dos zumbis. Esse é o estado da humanidade nesse momento, com um modo de viver completamente fútil, medíocre, infeliz, miserável… E tudo isso porque não se presta atenção, não se escuta e não se vê. É necessário estar atento nesse escutar e nesse ver, para que esse falso “eu”, essa falsa identidade, esse comportamento de zumbi, de um morto-vivo, desapareça. Este é o Despertar, a Iluminação, a Realização de Deus.
Enquanto você estiver mantendo essa imagem de si, você terá muitos à sua volta para apreciá-la e desprezá-la. Pela apreciação e pelo desprezo, eles alimentarão essa imagem que você tem de si mesmo e, assim, você permanecerá dentro da conspiração dos zumbis; continuará sendo parte desse filme. Esse filme é o sonho da ignorância, o pesadelo da ilusão. É necessário Acordar, Despertar! Pare de sustentar essa imagem! Pare de buscar apreciação, reconhecimento, satisfação, preenchimento, compreensão e aceitação no outro! Só então você poderá descobrir o que é ser livre. Claro que isto significa o fim do planeta dos zumbis – o seu mundo tem que ser destruído. Na realidade, é literalmente assim que acontece.
Você não encontrará Ramana Maharshi, Buda, Jesus, Osho e Krishnamurti fazendo parte desse mundo. São seres de outra espécie, não fazem parte da espécie dos zumbis. Por isso que chamavam isso de nascer de novo; e para nascer tem que morrer! Quando você morre, o mundo desaparece. Eu falo de uma morte real, para um nascimento real. Então, primeiro você morre de verdade e nasce de verdade. Assim, você não é mais um zumbi, não é mais uma espécie de criatura que nem está morta e nem viva. Compreende agora? O mundo não compreenderá isso. Um homem como Cristo caminha nesse mundo como alguém diferente, uma espécie diferente, um ser diferente… Há uma qualidade nova, uma fragrância, um perfume, uma leveza…
A Felicidade é a natureza, a qualidade, dessa Presença. Tudo isso simplesmente acontece quando essa imagem, esse sentido do “eu, essa ilusão, esse pesadelo com zumbis assustados e assustando, se desfaz.