Em Satsang, nos deparamos com uma limitação, que é a limitação da linguagem, da fala. O propósito, nesses encontros, é que você vá além da fala, e, se ficarmos em silêncio, vá também além desse silêncio – isso porque tanto o silêncio quanto a fala não podem, de fato, ajudar.
Quando você aceita as limitações da linguagem, entende que nada do que está sendo falado aqui é, em última instância, algo verdadeiro, algo final. Contudo, ao mesmo tempo que as palavras podem nascer de uma teoria, de uma crença, elas também podem nascer de uma vivência, de uma experiência direta, e, em razão disso, ficam carregadas de um Poder, de uma Presença Real. Nesse sentido, as palavras se tornam mais do que meros apontamentos verbais; elas entram como bombas poderosas e podem ter um efeito completamente destruidor nessa estrutura do ego, que é todo esse condicionamento que todos trazem para dentro do Satsang. O mesmo acontece nesse silêncio, para aqueles que sabem ficar nesse silêncio, que sabem entrar nesse silêncio.
Nosso interesse aqui não está em estudar um sistema filosófico, espiritual. Aqui, não temos a preocupação de não errar. A Sabedoria não se preocupa com isso, a Verdade não se preocupa com isso, mas um sistema filosófico sim. Quando se adquire um determinado conhecimento, você tem a preocupação de se manter nele, naquilo que é só uma nova doutrina, um novo sistema de crenças, algo aprendido; isso não é Sabedoria.
Assim, o poder desse encontro não está exatamente na fala, mas no efeito que se encontra por trás dela, naquilo que pode ser sentido aí, nessa explosão que pode ocorrer aí, neste instante. Uma fala que nasce do Silêncio real, toca o Silêncio real; uma fala que nasce da Sabedoria real, toca a Verdade real presente dentro de você. Portanto, não se preocupe com o conhecimento aqui, nesse espaço. A Liberação, a Realização, a Iluminação, não nasce do conhecimento; Isso acontece com o fim desse sentido egoico, desse sentido de separação.
Nesse momento, você não está ouvindo alguém que sabe das coisas, que sabe de algo que você não sabe. Aqui o ponto é outro! Todo o meu propósito nesse encontro é lhe mostrar como viver sem conflito, sem sofrimento, e não lhe dar algum conhecimento novo. Eu quero lhe mostrar que é possível viver livre do sentido de dualidade, de separação, o que significa viver em Felicidade, que é quando não há mais medo, ilusão, sofrimento. Isso não tem nada a ver com conhecimento, com saber alguma coisa que outros não sabem, conhecer alguma coisa que outros não conhecem; não se trata disso! Trata-se, basicamente, de não se confundir mais com a mente, com as suas criações, com as suas crenças, com as suas ideias. Portanto, quando você estiver em Satsang, já tenha isso muito claro para você: não tente aprender algo aqui! Você está aqui exatamente para desaprender tudo! Trata-se do esvaziamento de todo esse conteúdo, de todas essas crenças, experiências… de absolutamente tudo!
Sabedoria é Meditação e Meditação é ausência de conteúdo. Isso é você em seu Ser, em seu Estado Natural. Estamos sempre diante de algo novo, desconhecido, da vida em seu movimento. Assim é a Sabedoria, a Verdade, e isso é Meditação! Um outro nome para Meditação é Amor. Na Índia, eles chamam isso de samadhi. Não é um transe, não é uma experiência mística, é você em seu Estado Natural. Nele, você come quando tem fome e dorme quando tem sono. Você tem uma vida normal. Externamente, você é como qualquer outra pessoa, mas não há mais “pessoa” aí, não há mais o “sentido de alguém” presente em uma ocupação profissional, tratando de negócios ou cuidando da rotina do dia.
Percebem que não há nada para aprender aqui? Você não aprende a Meditação, você desperta para Ela. Estou dizendo que você sai do sono e desperta! Você investiga a natureza da ilusão, entrega isso, e, assim, a Meditação floresce. Esta autoinvestigação, esta auto-observação, acontece com essa entrega, essa rendição. Isso é parte da devoção a Deus, à Verdade. Quando isso acontece, você desperta para a Meditação!