Afinal sobre o que tratamos nesses encontros, nesse momento chamado Satsang? Satsang é a definitiva resposta para todas as perguntas. Essa resposta definitiva, que se encontra dentro de cada um de vocês é o anelo de cada coração, onde está o fim para toda essa ilusão que tem sido a “sua vida”.
O que representa essa “sua vida”? De um modo convencional, habitual, como todos se posicionam, nessa assim chamada “sua vida”, você está deixando aqui registrado em letras, em diários ou não, uma história pessoal, de “alguém” presente dentro do corpo, vivendo uma história no mundo. Qual é a realidade disso, a verdade por trás dessa história?
Vamos ver se a gente aprofunda um pouco mais isso, perguntando quem é essa “testemunha”, que testemunha aquilo que ela mesmo vivencia para poder registrar, em letras sobre um diário ou na forma de lembranças, de memória, de recordações. Podemos falar sobre essa “testemunha”. Há, de fato, uma “testemunha” nesse contexto? Aqui, nessa atenção sobre tudo o que está acontecendo no corpo, como percepções, sensações, emoções, pensamentos, enfim, toda essa experiência do viver… Existe “alguém” nisso? Existe, de fato, uma “testemunha” em tudo isso, “alguém” que pode deixar o registro de tudo isso, dizendo “isso aconteceu a mim”? O que é isso afinal?
A pergunta que eu faço a você, em Satsang, é: Quem é você? Quem é esse “mim”, esse “eu”, e de quem é essa história que você vai me contar? Quem é essa “pessoa” que está registrando essa memória, como recordações ou anotações em um diário? É aqui que Satsang representa o início de um trabalho sobre si mesmo. A palavra Satsang significa “encontro com a Verdade”, ou “na proximidade, próximo, da Verdade”.
O que eu tenho para lhe dizer, nesse encontro, é que tudo isso que acabei de colocar aqui, em palavras, é apenas um “sonho” acontecendo para “alguém”. Quando você sonha, está acordado no sonho, não é isso? Enquanto sonha, você está acordado; nunca sonhando. Ao menos, não tem facilidade de perceber que durante o sonho aquilo é só um “sonho”, que de fato só está acontecendo como imagens, aparecendo e desaparecendo na mente. No geral, quando você sonha, está acordado no sonho e, acordado nele, você não suspeita que é um sonho, nem mesmo que esteja dormindo. Como você pode estar dormindo, fazendo e registrando tanta coisa, passando por tanta coisa?
Assim, quando você se depara com esse encontro com a Verdade, que é Satsang, há a oportunidade da possibilidade de dar início a um trabalho para descobrir que essa assim chamada “sua vida”, também, está acontecendo como um “sonho”. Você não está acordado. Como acontece no sonho à noite, está acontecendo, agora, num “sonho” – esse sonho chamado “sua vida”.
Na Índia, eles chamam de sadhana essa jornada de investigação, de imersão, de mergulho, nesse descobrir. Portanto, sadhana é o trabalho que se faz necessário para “acordar”, um trabalho para trazer o Despertar desse “sono”, no qual o “sonho” está acontecendo, que é esse sonho de ser “alguém” – alguém pensando, sentindo, fazendo, realizando, nascendo, crescendo, adoecendo, envelhecendo e morrendo. O “sonho” está acontecendo… Tudo isso é a história.
Para quem está aqui pela primeira, segunda vez, quer você concorde ou discorde (o que dá na mesma, porque concordar com isso é uma crença e discordar disso tem como base, também, uma crença), o que estamos colocando, o que eu estou dizendo, é que você casou, teve filhos, ou até netos, está namorando ou procurando namorado, namorada, ou não, tudo o que você fez ou está fazendo é “dormindo”. Você está dormindo e em um sonho, no qual você é a “testemunha” do que acontece, mas, também, é o experimentador do que acontece, com um corpo e uma mente na experiência do mundo.
Então, percepções, emoções, pensamentos, imagens, tudo isso é experimentado nessa relação com a vida fora, internamente ou externamente, como um sonho. Há somente uma possibilidade de você sair desse “sono”, onde esse “sonho” acontece: é indo além da mente. Isso porque esse mundo, essa “sua vida”, está somente dentro da sua cabeça, pois é somente um “sonho”; um movimento de pensamentos criando uma história, para a suposta “pessoa” acordada; é uma ficção.
Quando assiste a filmes, você consegue estar diante de um entretenimento, que é parte, está dentro, da indústria do entretenimento. Você assiste ao filme que está sendo vendido por essa indústria e, durante o momento de entretenimento, você sabe que tudo o que acontece ali é uma ficção… Você está se divertindo, curtindo, desfrutando desse filme. Porém, quando olha para “sua vida”, você não consegue perceber que ela, também, está sendo muito divertida, exatamente como um filme, que tem dramas, tragédias e comédias… É a sua vida: dramas, tragédias e comédias. Então, ela é muito divertida.
Se você fosse um observador vendo um “filme” chamado “Minha Vida”, iria ver como é divertido… Nada é tão sério, dramático e, curiosamente, nada é tão cômico, também, mas, basicamente, é somente um “filme”. Quando você está “dormindo”, mas acordado somente no sonho, está se confundido com a “testemunha”, o experimentador do que acontece, e tudo fica muito, muito, muito grave, sério, difícil. Então, não é divertido, não é um entretenimento e nem é um bom sonho, mas sim um pesadelo, e por isso não vale à pena continuar “dormindo”, “sonhando”.
Despertar! É necessário Despertar, porque somente despertando você pode ver todos os “filmes”, desfrutar deles, e ver que eles estão apenas acontecendo, como um entretenimento; a vida como ela é, como se apresenta. Ao estar desidentificado da ilusão, dessa “testemunha” que experimenta, dentro desse “sonho”, nesse “sono” de ser “alguém”; uma vez que você esteja livre disso, tudo o que está presente é essa única Presença, que é Consciência, que é Deus, Aquele que se diverte. Na índia, eles chamam todos esses fenômenos, onde há muitos filmes e uma versatilidade enorme de eventos, incidentes e acontecimentos, de Lila, que significa “brincadeira de Deus” (“a superprodução e a produtora cinematográfica”).
Deus é a única realidade presente, que vai do ponto A ao ponto Z. Há somente Ele – Ele nascendo, morrendo, vivendo; Ele em toda a Liberdade de Ser O que Ele é. A única liberdade que você tem é assumir essa Liberdade que Ele é, assumindo a sua Real Natureza, reconhecendo-se como Consciência, Presença, Verdade, Deus, ou seja, acordando, despertando, saindo desse “sonho”.
Enquanto, na mente, você continuar se confundindo com esse “sonho”, você é o sonhador, que é aquele que pensa estar acordado, mas que de fato está dormindo. Você nasceu para Acordar, para Despertar… Nasceu para ser reconhecido, livre do nascimento e da morte, e para reconhecer que tudo mais é somente um “sonho” ou uma produção Daquele que faz todas as coisas, segundo o Seu querer, a Sua própria vontade. A sua liberdade é se desidentificar dessa ilusão de ser “alguém”, e isso se dá saindo do “sono”, abandonando o “sonho”, despertando!
Na verdade, só há Deus e Ele não está separado de nenhuma dessas aparições, porque essas aparições são aparições Nele. Então, mesmo o “sonho”, no “sono”, é um assunto Dele. Assim, em outras palavras, se desencarregue de ser uma “testemunha” daquilo que não é seu; se desencarregue dessa ilusão de ser alguém”, neste “sono”, no “sonho” de ser “alguém”.
Em uma linguagem religiosa diríamos: Tudo é a Vontade de Deus! Você não tem nada a ver com isso. Então, não há nada do que se queixar ou se vangloriar, se orgulhar ou se envaidecer, nem há nada do que reclamar, murmurar, pois isso tudo está somente na ilusão de ser “alguém” e no “sonho”, que é esse “alguém” fazendo, sendo alguma coisa; “alguém” importante ou sem importância nenhuma, saudável, doente, rico, pobre, pequeno, grande… Essa é a ilusão da mente dualista, que sustenta esse sentido de separatividade, essa ilusão de “testemunha” experimentando.
Reparem que tudo que colocamos em Satsang traz você para esse espaço, que é Meditação, que é a ausência do sentido de “alguém” nessa experiência do falar, do sentir, do pensar, do fazer, do “sonhar”…
Ok, pessoal. Basta por hoje. Namastê.