É maravilhoso estarmos juntos em mais esse encontro, onde nós podemos trabalhar Isso. Estamos trabalhando a constatação Daquilo que somos. Nossa grande procura é apenas uma única: estamos à procura de nós mesmos, da Felicidade que já somos. Procuramos externamente, mas a Coisa toda está aqui e agora, como o nosso próprio Ser, nossa própria Consciência, que não é algo a ser obtido.
Na verdade, você é sempre essa Felicidade, mas está procurando Isso em relacionamentos… É basicamente disso que tratamos dentro de Satsang. Você viaja para encontrar Isso num “relacionamento” com o lugar visitado; faz grandes viagens, literalmente. As pessoas adoram viajar, entrar em contato com lugares novos, desconhecidos, na busca da Felicidade, literalmente, do lado de fora. Então, elas buscam Isso e querem encontrar em lugares, realizações e pessoas.
Ramana Maharshi (Bhagavan), quando estava no salão, ficava lá, sozinho, mas dois passarinhos sempre costumavam entrar no salão e pousar ao seu lado, e ali ficavam. Havia também um pequeno cachorro que gostava de fazer isso… Eles entravam no salão e lá ficavam. Um dia Bhagavan percebeu que um dos discípulos expulsou o cachorro, com bastante dureza. Ao observar isso, Ramana disse: “Só porque vocês têm um corpo humano, pensam que são seres humanos, e, porque ele está no corpo de um cão, vocês acham que ele é um animal. Por que vocês não tratam os animais como eles verdadeiramente são”? Ramana continuou dizendo: “Vocês têm um corpo humano e eles têm um corpo animal, mas eles são O que vocês são: a Consciência, a Felicidade”.
Assim, basicamente, esse é o ponto: a constatação da Verdade sobre você é o fim da ilusão “eu sou uma pessoa” (uma pessoa cercada de pessoas, de seres humanos, ou cercada de animais). Sua Natureza Verdadeira é Felicidade, e essa é a Natureza da manifestação. Tudo o que os seus sentidos vivenciam, tocam, é apenas uma aparência dessa única Realidade – a Realidade do Ser, a Realidade da Consciência, que é Felicidade. A realização de Deus, a realização de si mesmo (a), é a constatação de sua Verdadeira Natureza.
Todos os pensamentos e sentimentos que aparecem, parecem exteriorizar o fenômeno. Assim, você fica diante da percepção, em que coisas específicas são percebidas, mas você não pode se confundir com essas aparições. Você deve perguntar: “Quem é que as vê? Quem é que as sente”? Então, quando faz isso, você se desidentifica dessas aparições e retorna à sua Natureza Essencial, retorna ao seu Ser-Consciência-Felicidade. Assim, o trabalho é se reconhecer como Ser-Consciência-Felicidade.
Essa procura de Felicidade externa, na experiência das percepções, nasce desse sentimento de incompletude. Agora, para quem é esse sentimento de incompletude? Para esse “eu”, que é o falso eu! Repare que em sono profundo você não tem nenhuma infelicidade. Então, o que é que se interpôs, aí, entre essa Felicidade, essa Paz, que você desfruta em sono profundo, e esta não-Felicidade, que você tem na sua vida do dia a dia? O que é que interrompe esta Felicidade natural do Ser que você é, aqui e agora? As suas crenças, esse confundir-se com os pensamentos, sentimentos e com essa imagem que você tem de si mesmo (a). Então, você se vê como uma “pessoa”, com um nome, uma identidade separada, uma história e, quando se vê assim, faz isso – esquece a sua Real Natureza.
Esse trabalho de autoinvestigação, entrega, Meditação, caminha na direção de soltura dessa ilusão. Identificado com a mente, você assume essa ilusão, que é a ilusão do “eu”, desse falso eu, quando você é bastante estúpido, confuso, desorientado, estressado e cheio de fantasias sobre o amor, a liberdade, a paz e a felicidade. O sofrimento é uma imaginação do “eu”. Não há nenhum sofrimento aqui, nesse instante, nem em seu Ser, em sua Identidade Real, em seu Eu Real.
Então, não olhe para fora, não se confunda com a mente – foi isso que Ramana quis dizer. Porque você se vê num corpo humano, acredita que é uma “pessoa”, um “ser humano”, e, devido a essa crença, você olha para os bichos e diz: “ali está um ser animal”. Contudo, na realidade, só há Deus, só há o Ser, que é Consciência, Felicidade, e Isso é Amor, Liberdade, Paz, Verdade.
Então, quando a mente para de ir atrás de objetos, de coisas, de pessoas, de lugares, existe o fim do desejo, e, quando ele termina, o sofrimento termina. Portanto, quando você se volta para Isso que está aqui e agora, dentro, para a sua Realidade, para Isso que Você é, você está livre… é Liberdade! Quando o mundo desaparece, a mente desaparece. Ela desaparece no Coração e volta para Casa. Então, você é Felicidade!
Porém, enquanto você ficar na mente, se mantiver nela, estará correndo atrás de sombras, buscando descanso do lado de fora. Então, é necessário ir além da mente, além do mundo, além do sentido do “eu”. É preciso deixar de confundir a Realidade com aparições.