Em Satsang, você tem a oportunidade de se compreender… Você tem a oportunidade de compreender, verdadeiramente, onde acontece toda a confusão e o que é essa mente complicada que você tem.
O que eu posso lhe garantir é que todo problema que você tem não é o que você é. Esses problemas aparecem em razão da ignorância que você tem sobre quem, de fato, você é. Onde estão todos esses problemas, toda essa desordem ou confusão? Tudo isso faz parte da valorização que você dá a essa ideia que faz de si mesmo, ideia essa que é o sentido do “eu” presente, desse “eu”, desse “mim”. Não há nenhum “mim”, nenhum “eu”, nenhuma mente. Aí é que está toda confusão.
Todos à sua volta acreditam nisso – nesse “eu”, nesse “mim”, nessa mente. Esse estado de confusão, de desordem, é o estado da ilusão. Essa percepção que você faz de si mesmo é a que você tem do mundo, da vida à sua volta. Você está embolado em uma história.
Enquanto você assiste a um filme, a história que se desenrola é bem emocionante e, mesmo que haja cenas de perigo e diversos outros tipos de problemas sérios, nada disso toca você, porque nada tem a ver com você. Então, assistir a filmes é algo bastante divertido, porque você não está envolvido com aquilo, não tem “você” naquela história, é somente um entretenimento, uma diversão. No fundo, você sabe que aquilo é tudo montado e que nada daquilo é real. O fogo, no cinema, não está destruindo, de fato, nada verdadeiro, pois está queimando uma casa de mentira, uma pessoa de mentira, um carro de mentira e tudo mais. No filme, quando tem uma inundação, a água está afogando pessoas e animais, mas você sabe que tudo aquilo é cinematográfico; são cenas dramáticas e emocionantes, mas ninguém, de fato, está morrendo.
Agora, quando você olha para a sua vida (que também é só uma história), a coisa muda. Por que é que muda? Porque nessa história, agora, tem uma pessoa importante, real, verdadeira, sendo atingida, tocada pelas circunstâncias. Então, essa pessoa recebe uma credencial de identidade “real” – essa pessoa sou “eu” e essa história é a “minha vida”. No filme, não tem a “minha vida” e não tem o “eu”, mas do lado de cá tem. Do lado de lá, no filme, nada é real, mas aqui, sim. O que foi que mudou?
À noite, quando você tem um sonho, você também está em uma história e, nesse sonho, tem o “eu” e a “minha vida”. Nesse sonho, você viaja, pode passar por perigos, dificuldades e a sua história é muito real, porque, novamente, “você” está lá. Porém, quando você acorda pela manhã, para onde foram aqueles “perigos”, aquelas “dificuldades”, aquela história e toda a “verdade” daquele mundo do sonho? Percebe o que estamos dizendo? O princípio é sempre o mesmo. Aqui, você diz que a sua vida é muito real e, enquanto está sonhando, sente que ela também é, mas o filme, no cinema, não tem realidade nenhuma para você; é somente um filme divertido.
O que estamos dizendo para você, em Satsang, é que tanto no filme quanto no sonho, seja no sonho à noite ou nesse sonho agora, enquanto você me escuta, estamos tratando sempre da mesma coisa: o sonho de “ser alguém”, de “ser uma pessoa”. Uma pessoa com uma vida “real”, com pensamentos, sentimentos e emoções “verdadeiros”, com uma história familiar “verdadeira”, com o sentido de uma identidade separada de toda existência – algo “verdadeiro” também. Mas tudo isso é verdade ou é somente uma crença criada pela imaginação? Você nasceu, está vivo e vai morrer? Isso é verdade ou é imaginação? Quantos anos você tem? Qual é o seu nome? Qual é o problema de saúde que você tem? Você é uma criança, um jovem, um adulto ou um idoso?
A pergunta para você é: quem é você sem a imaginação? Você é filho de quem? É pai? É mãe? Quem é você? Sem a imaginação, onde estão os seus problemas? Sem o pensamento de uma conta para pagar, você está devendo para quem e quanto? Onde está o seu mundo sem você? Está claro o que estamos colocando para você em Satsang? Olhe para a sua cabeça nesse momento… O que ela está buscando nesse instante? O que ela quer construir? O que a mente quer imaginar? Do que você quer sofrer agora? Repare que a imaginação constrói o “seu” mundo e, nele, você é muito importante, tudo está cooperando a seu favor ou contra você. Tudo ilusão!
As pessoas têm uma frase: “O Universo conspira a seu favor!”. Isso não é real! Você imagina o Universo, depois acredita que Ele está vendo você e que você é muito importante. A mente adora esse tipo de coisa! A filosofia é toda criada pela imaginação, assim como a poesia e todas as coisas bonitas que a mente inventa. A mente inventa tudo isso para se sentir importante, para ser “alguém” no seu mundo imaginário. Quanto mais coisas ela inventa, mais miserável ela se sente.
Acordar, Despertar, é sair desse sonho, dessa imaginação. Então, a sua Natureza Real é Felicidade, é Liberdade, é Sabedoria, é Amor… Não há nenhum problema, sofrimento e nenhuma miséria, porque não há mente. Assim, não há nascimento nem morte, porque não há história.