O nosso propósito é sempre a investigação da natureza da mente egoica. Afinal, o que significa isso? Qual é a natureza disso? O que é que, basicamente, representa esse sentido de separação? Onde, afinal, ele aparece?
O que eu tenho para dizer a você, nesse encontro, é que nós estamos diante da visão de uma miragem, de uma aparição que não é real. O ponto aqui é que você foi condicionado a aceitar isso [esse sentido de separação] como um modelo de vida, de identidade, o que é só uma padronização. A Realização, basicamente, é o fim disso tudo que parece tão real. Isso é assim porque todos seguem esse modelo. Ninguém está disposto a questionar essa divisão, essa separação, e todo conflito que surge disso. A Realização é a vida sem isso, sem o sentido do “eu”, sem esse “eu” e o seu mundo separado; esse “eu” e os seus assuntos; esse “eu” e os seus negócios; esse “eu” e os seus relacionamentos; esse “eu” e os seus projetos, sonhos e tudo mais.
A cultura humana está baseada no pensamento, que tem sido a base dessa ilusória identidade, e sua confiança nele tem sido total. Olhe a sua sala agora, nesse momento, ou o seu quarto, a sua casa e todos os móveis dentro dela… O pensamento é a base da construção do seu mundo, dando autenticidade a tudo que você vê, toca, experimenta. Assim, a “realidade” do seu mundo é a “realidade” do pensamento. Até o próprio corpo que você experimenta (as mãos, os pés, a cabeça…) é o pensamento que diz que está aí, que é real. Assim, o seu mundo tem sido construído e constatado pelo pensamento.
Ocorre da mesma forma em relação às impressões internas que você tem: seus desejos, motivações, imagens (a imagem que você faz de si mesmo e a imagem que você faz do outro), a alegria de se lembrar de alguém ou a tristeza por não poder esquecer algo… Portanto, seja do ponto de vista externo ou do ponto de vista interno, o seu mundo é mental, uma construção do pensamento. Algumas vezes, ele aparece em uma forma física e, outras vezes, em uma forma sentimental, emocional. Essa tem sido a base do “seu” mundo.
Você sabe qual é a diferença entre você e um Sábio? A diferença é que você confia no pensamento e o Sábio sabe que o pensamento não tem nenhuma realidade. O pensamento não tem nenhuma realidade separada dessa Consciência. Assim, enquanto o Sábio fica com a Consciência, você fica com o pensamento. Se você abandona o pensamento, a “pessoa” que você acredita ser desaparece; o mundo, no qual você parece viver, também desaparece, porque a base do seu mundo é a mesma base da “pessoa”. A “pessoa” é tão real quanto o seu mundo, e a base, a realidade disso, é a ilusão do pensamento. Eu disse “a ilusão do pensamento”, porque não há pensamento.
A Realidade é essa única Consciência, a qual não se fez separada como Consciência e pensamento. Há um “elemento” em você que cria o sentido de separação, essa ilusão de haver “alguém” e o pensamento, “alguém” e o mundo. Esse “elemento” põe toda a confiança no pensamento e, naturalmente, sofre, criando a miragem da qual falei agora há pouco. Aquele que está Desperto, Acordado, o Sábio, não cai mais nessa armadilha, porque Ele não se vê mais separado da experiência. Ele não se separa do pensamento como um “pensador”, da experiência como um “experimentador”, daquilo que sente como um “alguém” que sente. Assim, a ilusão da dualidade termina. Quando não há mais separação, não há mais conflitos, problemas, e isso significa estar Desperto, não estar mais nesse “estado de sono”, de “sonho”.
Você é a Vida e essa é a sua Natureza Verdadeira! Então, qual é a natureza da mente egoica? A resposta é: uma ilusão! A mente tem sustentado esse elemento ilusório, tem se autossustentado nessa dor, nesse sofrimento, nesse conflito. Isso não é a Vida! A Vida não conhece isso! A Vida é Paz, Amor, Liberdade, Felicidade! A Vida é Beleza, é Graça! A Vida é Deus, Ser, Consciência! O que a mente conhece é a miséria. A natureza da mente é ser miserável nessa ilusão. Nessa natureza de ilusão, a mente é estúpida, e você não é isso! Você é Deus, é Sábio!
A sua vida é miserável porque você se identifica com a mente. Essa não é a sua vida real, é a vida culturalmente aprendida. Você está condicionado culturalmente a ser miserável, a se comparar, imitar, ter ambição, inveja, desejos… Uma tremenda insatisfação criada pela mente! Você está viciado em viver assim, nessa estupidez.