A única coisa que importa é esse encontro chamado Satsang, que é o encontro com a Verdade, com a Realidade.
Aqui, nos voltamos para esse Silêncio, que é Consciência, que é o Real Conhecimento, que, na Índia, é chamado de Jnana. Não é o conhecimento onde existe “alguém” sendo o conhecedor, “alguém” o possuindo. Não é isso! Jnana é o Puro Conhecimento, no qual não há conhecedor nem coisa conhecida. Esse Conhecimento é Consciência.
A palavra Jnana não faz muito sentido para os ocidentais. O sentido literal da palavra é “conhecimento”, o que, para os ocidentais, significa “alguém” conhecendo alguma coisa. Então, nós temos o conhecedor e aquilo que é conhecido, mas não é nesse sentido que estamos usando a palavra “conhecimento” aqui. Estamos falando de uma Percepção onde não há o “percebedor”, de um Conhecimento onde não há o “conhecedor” e de uma Consciência onde não há “alguém consciente”.
Em seu contato com o mundo, nessa relação, existe “alguém”. Na verdade, esse “alguém” é somente uma imaginação, e esse mundo, uma percepção. Todos os objetos são aparentes, mas você está tratando esse corpo e a mente (que também são objetos) como algo sendo experimentado por “alguém”. Ou seja, você não está tratando o corpo, ou a mente, ou o mundo, apenas como uma experiência de um objeto. Esse é todo o problema! Você está tratando o corpo, a mente e o mundo como sendo algo real para esse “mim”, para esse “eu”. Como sendo a própria vida, a “vida real”.
A sua “vida real” é algo que está sendo visto dessa forma. Você não vê que isso são apenas aparições e acredita que essa seja a sua vida real, a vida real desse “eu”, desse “mim”. Então, você está nessa ilusão: “eu estou no corpo e essa é minha vida”. Tudo o que acontece ao corpo ou ao mundo você considera como sendo algo real, como sendo a sua vida. Com isso, você está se prendendo a essa identificação, a essa ideia de ser alguém vivendo uma história humana, pessoal. Todas as suas histórias são pessoais (na verdade, elas são apenas memórias, lembranças, crenças e pensamentos) e isso lhe dá o sentido ilusório de um “eu” presente. Assim, tudo o que está acontecendo na “sua história”, está acontecendo na “sua vida”, o que representa a ilusão dessa identidade presente, desse “eu” presente dentro do corpo.
Confundimo-nos com a mente e com o corpo, dizendo: “Eu!”. Realização é o fim dessa ilusão – da ilusão “eu sou o corpo”, “eu estou no mundo” e de que toda essa história é a “minha história”. Sua Natureza Verdadeira é Consciência, é Puro Conhecimento! Sua Natureza Real está além do nascimento e da morte! Sua Natureza Real não tem história e não está presa ao tempo! Sua Verdadeira Natureza é Sat-Chit-Ananda! Sua Natureza Verdadeira é Meditação! Meditação é Você no Estado Natural, que é Presença, que é impessoalidade, atemporalidade!
É fundamental soltar essa história, essa identificação com a mente, com o corpo, e se reconhecer. Nesse reconhecimento, só há Conhecimento Puro, e não “alguém” nele. Quando isso está presente, há somente essa Percepção, esse Puro Conhecimento, e isso é Liberdade, Verdade, Felicidade, Amor. Nesse momento, você não está mais confundido com objetos, como o corpo, a mente ou o mundo. Você está consciente dessa Realidade, consciente dessa Percepção.
Tudo o que você vê no mundo é apenas uma ideia sobre ele. Tudo o que você vê, toda sua experiência pessoal, é somente um pensamento sobre isso, com o qual você se confunde, identifica-se e, portanto, sofre.
Eu sei que a sua casa, o seu carro, os seus filhos e a sua família parecem muito reais, mas eles só aparecem quando você se lembra deles. Quando você se lembra, isso surge. Em sono profundo, isso não aparece, e quando não se fala neles, eles desaparecem, pois são somente aparições que o pensamento traz como lembrança. Agora mesmo, eu falei do carro e você lembrou que tem um carro. Antes, você não lembrava que tinha carro, ele não estava aí… São aparições que surgem com o pensamento.
Você vive e permanece, sempre, como Consciência, e Nela não tem nada, não tem ninguém, a não ser que o pensamento traga algo e diga que isso está aí. O seu mundo é pensamento. Até mesmo a dor emocional por ter perdido alguém precisa da lembrança para ser sentida. Sem a lembrança não tem a dor, o sofrimento. Esse é o seu mundo, o mundo que o pensamento faz aparecer para esse “mim”, esse “eu” particular. É sempre esse “eu”, em sua história particular, que sofre.
Se alguém roubar o carro do seu amigo, isso não vai preocupar você, mas, se for o seu carro, isso vai preocupá-lo. Na verdade, até que você saiba que roubaram o seu carro, você não está preocupado. Somente quando você fica sabendo é que você se preocupa. Essa é a interpretação que você tem do mundo. Então, o seu mundo, a sua história e o seu sofrimento são pessoais. Esse sentido de “pessoa” sustenta o sofrimento, o sentido de separação, o sentido de dualidade – “eu e o mundo”. Mesmo o amor que você sente está atrelado a essa imaginação. Esse amor não é real! Tudo o que você conhece, experimenta, sente, está atrelado à história desse “você”… mas esse “você” é a ilusão.