Em Satsang, estamos tratando do final do tempo, da história, do pensamento, do passado, do futuro, da noção de estar presente. O que traz você a Satsang é a sensação de que há algo maior do que a “pessoa” na experiência de viver. Há algo maior do que a experiência de ser alguém vivendo seus dias, para depois ter uma história para contar, um livro para escrever, coisas para dizer.
O meu enfoque é nesta Presença, onde nós somos o que somos. Nesta Presença, nesta tarde, o sol brilha, o seu coração brilha também, e você é o que é. Não há tempo, não há história, não há o “eu”. Há somente Consciência aqui e agora, sem revolução, sem guerra, sem luta, sem dor.
Quando eu olho para você, eu vejo a mesma Luz que brilha em meu coração, o Brilho de Deus, a Luz de Deus! Um dia, Jesus Cristo disse: “Você é a Luz do mundo!”. Brilhe sua Luz! Neste momento, neste encontro, só há Deus! Não há você, não há história, não há ninguém! Eu quero que todos vocês relaxem nisso.
O ego é o seu problema; os seus pensamentos são os seus problemas. Pare com os seus pensamentos! Não pense! Permaneça na contemplação da Luz do Sol, neste momento. Todo momento é este momento, e somente nele Deus está. Eu sou Deus, você é Deus! Não pense sobre a “pessoa”. Não há “pessoa”! Para mim, não há “pessoa”, só há Deus! Em seus olhos há Deus! Deus em todo lugar! O tempo todo, eu sinto Deus, porque eu sou Deus! Em minha vida, não há medo, não há problema, não há sofrimento. Bem-vindo a Satsang – este encontro com a Verdade. A Verdade é Beleza! Deus é uma linda menina! Eu quero ficar aqui… Eu preciso ficar aqui onde Deus está! Eu não quero me mover! Eu não preciso me mover, porque eu posso permanecer sem ego, sem pensamentos sobre o que acontece. Meu segredo é o Silêncio da Meditação.
Tudo que eu posso mostrar a você é como viver assim, e Isso é possível a todos! A Felicidade não é a realização de alguém; a Felicidade é a Realização da ausência de alguém. Todo o problema que você tem comigo é esse: você quer afirmar uma crença e me convencer de que ela é real. Eu me sinto como alguém que entra no museu de cera e encontra muitos personagens da história humana: Stalin, Hitler, Mussolini, Tibério César… Na sessão dos filósofos, eu encontro Descartes, Spinoza, Sócrates, Aristóteles, Platão… Tanta gente bonita, em suas roupas elegantes… mas são apenas bonecos de cera. Quando eu escuto você falar comigo, você está sempre falando da história. Só sabe me contar história! Quer me convencer que você é de verdade. Como pode encontrar a Felicidade de ser O que É, se você se confunde com uma história que está sendo contada? O corpo está contando uma história; a mente está contando uma história; a sociedade, a cultura, o conjunto de situações e circunstâncias estão contando uma história; e você, convencido disso, quer me contar essa história.
Compreende? Não tem ninguém! Você não é uma história, mas assumiu um nome, uma profissão, um personagem – “algo feito de cera”. Este é o sentido do “eu” na experiência que você chama de vida. Compreende o que eu quero dizer? É um drama, uma tempestade com vendaval, relâmpagos, trovões e muita água, mas eu vejo que é só um copo d’água produzindo isso. Você pode fazer uma tempestade com um copo d’água! Oh, criança… Que “tempestade”!
Sabe o que você está fazendo? Você está dando continuidade a isso, perpetuando a história do museu. Você está chamando muita atenção! Todos os dias recebendo visitações e sendo apreciado como “alguém”… Alguém com seus trajes típicos, vestido e investido de uma história, tendo o tempo como o fator mais importante. Isso só porque você pensa, ou acredita pensar, sobre coisas, pessoas, lugares e situações; só porque passa um pensamento aí dentro da cabeça dizendo coisas e você acredita nele.
Quando esses pensamentos se tornam demasiadamente persistentes e não largam você, você fica obcecado por isso. Não basta só o que todos têm como senso comum, o pensamento vai mais longe. Ele cria particularidades, as quais fazem de você alguém que a ciência médica, psicológica, chama de “paciente”. Só porque algumas crenças são muito fixas, bastante persistentes, eles chamam isso de patologia. O pensamento é uma coisa incrível! E lá vai você viajando nessa imaginação, naquilo que o pensamento sabe produzir muito bem, só porque não assume a Verdade sobre si mesmo; só porque você valoriza o que todos valorizam. O que é que você valoriza tanto? Crenças, conceitos, teorias, ideias, pensamentos sobre como deve ser o mundo, sobre como deve ser a vida – a “sua” e a “dos outros”, como se houvesse outros à sua volta.
Tudo é uma grande fraude, um museu de cera! Se você não encontra Hitler, ou um dos personagens aqui do Nordeste, como Lampião ou Maria Bonita, você encontra o seu namorado, seu marido, seu filho… Não muda muito, não! São todos personagens neste museu de cera, no qual você também se vê como alguém. Então, este instante de encontro com esse entardecer é desprezado. Este momento único, sem separação entre esse sol e você, é desprezado. Aquilo que está aqui e agora é desprezado, para ser valorizada a história que o pensamento constrói sobre o que aparece, sobre o que acontece. Então, você está dentro de um museu, onde tudo que você vê é história, e toda ela é imaginária, criada pelo pensamento, construída de cera. Você chama isso de vida! A vida está presente agora, quando não há história, quando não há cera, quando não há personagens. Faz sentido isso? Dá para acompanhar? Sobre o que eu estou falando, gente?
Participante: Sobre a mentira da vida pessoal. A mentira de ser alguém para alguns, que ajudam a manter essa identidade, que nos valorizam ou desvalorizam.
Mestre Gualberto: Isso! E isso é o quê? Isso é tempo, imaginação! Isso o afasta de Deus! Deus é sinônimo para o que acontece aqui e agora, sem “alguém”, sem interpretação, sem o desejo de alterar, mudar, lutar contra isso. Sem história, só há Felicidade! Você precisa do pensamento para estar no mundo como “alguém”. Agora mesmo, vá para sua casa. Precisou do pensamento ou não? Você precisa do pensamento para ir para a sala da sua casa, diante da televisão, para aquele móvel à direita da televisão, para a porta de entrada do seu apartamento… Agora vá para o seu quarto. Vá para a cama. Agora para o escritório, para o consultório, para a fábrica… Vá para dentro do seu carro. Agora você tem um carro, tem uma casa, tem um escritório, um consultório… Agora vá ver seu filho, sua filha, seu marido, sua esposa…
Você precisa do pensamento para ser alguém no mundo. O mundo se lembra de que você é alguém e o chama. É o pensamento que constrói o seu mundo; é o pensamento que constrói a avó, a mãe, o pai, o filho… É o pensamento que constrói esse museu de cera. Sem o pensamento, quem é você? Como você pode sofrer sem o pensamento? Sofrer por quem? Como você pode ter uma patologia sem o pensamento? Como você pode ser um psicopata, um maníaco? Como você pode ser um louco ou um sábio? Como você pode ser um menino ou uma menina? Como você pode ter problemas? Como você pode ter contas para pagar? Como você pode ter coisas ou perder coisas? Como você pode ser rico ou pobre? Como você pode ser humilhado, estar ofendido, magoado, triste, sem o pensamento? Então, do que estamos falando?
Você não está lidando com os fatos, pois os fatos são as coisas que acontecem. Você está lidando com o que o pensamento diz sobre o que está acontecendo. Aí está o problema! Entre o fato (que é a realidade) e a ideia sobre o fato (que é imaginação), há uma distância, e nela o conflito aparece. Nessa separação, o sofrimento aparece. Não há Amor nessa distância; não há Paz nessa distância; não há Felicidade nessa distância; não há Liberdade nessa distância; não há Deus nessa distância; não há Verdade nessa distância.
Você está sempre assim, nesse museu de cera: ou você está com a história do passado ou com a história do futuro. Uma coisa chama-se lembrança e a outra chama-se imaginação – futuro é imaginação e passado é lembrança.