O que fazemos juntos nesses encontros? Estamos nos aproximando de uma investigação acerca de quem nós verdadeiramente somos. É importante que você compreenda algo básico aqui nesse encontro chamado Satsang, que significa “encontro com O que é”, “encontro com a Realidade, com a Verdade”. Aqui, a primeira coisa é a compreensão de que você não é os seus pensamentos. Essa é a primeira coisa a ser compreendida e precisamos ter isso muito claro. Você não é os seus pensamentos! Isso significa que qualquer ideia que você tenha sobre si mesmo não é você, ou seja, seu nome não é você; seu corpo não é você; sua mente não é você. É interessante falarmos do corpo e da mente nessa investigação.
Primeiro, o seu corpo não é bem seu. A natureza lhe emprestou temporariamente um mecanismo, com um par de olhos e de ouvidos, uma única boca e um único nariz, um par de pernas, braços e mãos. Esse corpo, você sabe, é todo ele uma herança, algo que você herdou dos seus antepassados. Portanto, ele não é seu. Da mesma forma, o que você chama de mente é somente um condicionamento cultural. A língua portuguesa, ou inglesa, ou alemã, é uma coisa aprendida, de acordo com a cultura do lugar em que você nasceu. Se você fala tâmil, português, inglês ou alemão, é porque esse corpo nasceu dentro dessa cultura.
Os pensamentos que passam em sua cabeça são, também, culturais. Um pensamento político, social, as ideologias, as crenças religiosas, tudo isso faz parte de um condicionamento cultural. Alguns pensamentos são bons, outros são ruins; alguns pensamentos são para o bem e outros são para o mal. Repare que você pode observar esses pensamentos, essas ideologias, crenças políticas, sociais… Ou seja, você pode observar tudo que lhe foi ensinado. É possível uma observação daquilo que se passa tanto no corpo quanto na mente. Então, você não é o corpo e nem é a mente. Da mesma forma, você pode observar sentimentos, sensações, emoções, percepções, e, se tudo isso pode ser observado, trata-se de algo externo, ainda do lado de fora. Se isso pode ser testemunhado, não é você. Então, tanto o que se passa “dentro” ou “fora”, ainda é algo externo a Você; não é Você.
No entanto, isso tem criado uma ilusão, na qual você tem colocado toda a sua vida, a sua existência – a ilusão de que isso é algo pessoal, algo seu, tão íntimo que você se confunde com ele, acreditando ser isso. Então, você se confunde com os pensamentos, como se eles fossem você. Esses pensamentos são tomados, aí, como sendo você mesmo. Quando você fala, a ilusão é que essa fala é você. Quando o pensamento acontece aí, a ilusão é que você está pensando, que esse pensamento é seu. Assim, quando acontece um sentimento, isso “é você”. Da mesma forma, “é sua” uma sensação, uma percepção, uma emoção. Isso está acontecendo ao corpo e à mente e você se confunde com o corpo e dá uma identidade a esse movimento da mente. Estar se confundindo assim nós chamamos de “estar identificado”, e esse é o estado comum a todos, é o condicionamento que tem criado a ilusão de uma identidade presente em tudo isso, pensando, sentindo, amando, odiando, triste, alegre, saudável, doente… É assim que você se confunde com o corpo.
Pergunta: O que é esse Despertar, essa Realização, essa Iluminação?
Mestre Gualberto: A iluminação é o fim dessa ilusão de uma entidade presente na experiência desse instante, seja qual for a experiência. Não se trata de alguém presente aqui e agora, mas é exatamente o fim dessa ilusão de que existe uma entidade presente nesse instante, nesse momento. Trabalhar isso é a real Meditação.
Meditação é a arte de Ser, mas Ser não significa estar presente como “alguém”. Ser significa o fim dessa ilusão de uma identidade separada, da ilusão de um “eu”, desse “mim”, dessa “pessoa” com sua cultura, história, seus sentimentos, suas sensações, emoções e percepções. Estamos aqui fazendo algumas afirmações que podem ser testificadas por você mesmo. A Realização não requer nenhuma crença. Aquilo que chamamos de Realização é algo que pode ser verificado como sendo sua Verdadeira Natureza, o seu Ser Real.
Portanto, estar em Satsang significa estar nesse encontro com a Realidade, com a Verdade de sua Natureza Real. Isso é o fim do sofrimento, do conflito e do medo. Esse é o Despertar da Sabedoria! Autoconhecimento não é o conhecimento de um “eu”, mas sim o reconhecimento da Verdade de que não há qualquer “eu” para ser conhecido, e isso é o Despertar da Sabedoria. Quando há autoconhecimento, está presente essa Autorrealização, o Despertar da Sabedoria, e, assim, você está além da limitação, que é a limitação da cultura, de toda forma de condicionamento, do conhecimento e da experiência. Você nasceu para realizar Isso! Você nasceu para a Realização de Deus!
Deus é a única Verdade sobre Você! Deus é a única Realidade, e onde há Deus, não há conflito, medo e sofrimento; não há nascimento ou morte. Assim, é fundamental realizar Isso, O que Você é. Isso não tem nada a ver com qualquer realização externa. Não importa o que você já realizou ou pretende realizar externamente. Sem essa Realização da Verdade sobre você mesmo, toda e qualquer realização do lado de fora não significa absolutamente nada. A única coisa que realmente vale a pena, que realmente importa, é realizar Deus! Você nasceu apenas para Isso! Essa Realização de Deus é a Realização da Felicidade!