A base para a revelação da Verdade é essa investigação sobre você mesmo, acerca de quem verdadeiramente você é. Até esse momento, você está se confundindo com a ilusão de existir alguém presente nessa experiência humana, pois você foi educado para acreditar nisso. Você se vê como uma entidade, uma pessoa, alguém presente dentro do corpo. É necessário ir além dessa ilusão!
O seu condicionamento lhe diz que você está separado, experimentando objetos separados de você. Os olhos veem coisas do lado de fora; os ouvidos escutam sons que vêm do lado de fora; o cheiro também vem do lado de fora. Ou seja, os sentidos estão voltados para o exterior, para sensações externas, e essa é a ilusão de que existe separação entre o experimentador e o que ele experimenta – o experimentador dentro e a experiência fora. Dessa forma, temos sujeito e objeto, e isso não é verdade.
Toda experiência está acontecendo sem o experimentador; é somente a experiência dessa Consciência. Sem Consciência não há experiência. É o pensamento que tem uma história para contar sobre a ilusão entre experimentador e coisa experimentada, mas o pensamento é somente uma imaginação, uma ficção, mais uma experiência, também, nessa Consciência. É bem interessante isso, algo de grande importância, porque, quando fica claro, compreendido, mesmo que intelectualmente, que não existe separação entre pensamento e pensador, coisa observada e observador, aquele que escuta e aquilo que é escutado, nós temos já uma base para não mais confiarmos nessa ilusão de que existe alguém presente.
“Alguém presente” é somente um condicionamento, uma crença. Não existe “alguém”! Por exemplo: agora, aqui, a ilusão é de que existe a separação – “nós estamos aqui e você está aí”. Assim, nós teríamos, nessa mesma sala, nesse presente momento, alguém ou alguns no Brasil, outros na Índia, outros nos Estados Unidos e outros em Singapura, o que não é verdade! Existe somente uma experiência acontecendo nesse instante, e ela é essa Consciência. Ela assume a forma, o som, o “ouvir”, a localidade (Brasil, Singapura, Estados Unidos, etc.) e assim por diante, mas é a mesma Consciência em sua expressão. Uma única Realidade presente.
Somos quarenta e dois participantes nesta sala do Paltalk e, aqui, temos mais cinco presencialmente. Contudo, não existem “pessoas” nesta sala. Não existe “alguém” falando e “outros” ouvindo. O que temos é somente a experiência em si, nela mesma. A experiência nela mesma é a Consciência, e não uma experiência para “alguém”. É a experiência nela própria, por ela própria, nela mesma. Essa experiência é pura Consciência, pura Presença. Essa é a base para o fim da dualidade, do sentido de separação. Quando não há dualidade, não há conflito, medo e sofrimento. Todo o seu problema está na ilusão de que “você” está aí, na experiência desse “alguém”, desse “mim”, desse “eu” (“eu e a minha história”, “eu e minha dor”, “eu e meus problemas”).
Portanto, a forma real de lidar com os pensamentos é não se confundir com eles. Em outras palavras, é não se ver como o pensador deles. Todo problema começa porque você acredita estar no controle, ser o responsável, mas, se observar de perto, vai perceber que os pensamentos acontecem de forma semelhante à chuva: sem qualquer controle da sua parte. Quando esses pensamentos acontecem e você acredita que são seus, você se confunde com a história que eles contam e, então, passa a existir nessa ilusão de ser alguém que tem problemas. Todos esses pensamentos giram em torno dessa autoimagem, que é aquilo que você acredita ser. É essa autoimagem que tem problemas – problemas com outras pessoas; problemas de ordem emocional, psicológica, de saúde; problemas com o passado, com o futuro… A autoimagem, esse “sentido do eu”, está lutando para mudar as coisas, o que é uma ilusão. Assim, o conflito, o sofrimento e o medo permanecem.
A Vida não carrega nenhuma história. A Vida é aquilo que se apresenta neste momento presente, neste instante. Portanto, não há pensamentos sobre o que acontece e não há passado, presente e futuro. Não há “alguém” responsável ou capaz de se ocupar com isso. Na Índia, eles chamam de Maya essa ilusão da dualidade, da separatividade, a existência de um “eu” e aquilo que acontece do lado de fora, na forma de pessoas, lugares e objetos; “eu e a minha história”; “eu, o mundo, e Deus”. Portanto, precisamos entrar fundo nisso, para soltar essa ilusão da dualidade, da separatividade – Maya.
Participante: Em novembro de 2016, uma de minhas melhores amigas se envolveu num acidente de carro e morreu no local. Ela tinha um filho de cinco anos… A pergunta é: como eu poderia vencer esse medo?
Mestre Gualberto: Não é sobre “um medo”. É preciso nos aproximarmos dessa coisa chamada medo. O medo ligado a uma situação particular, ou a qualquer outra situação, é sempre medo. Não importa do que temos medo, pois existe somente o medo. Agora, por que o medo está presente? Essa é a questão! Por que o medo está presente? Porque o sentido de separação está presente. O sentido de separação se baseia no pensamento, no que ele “diz” sobre aquilo que acontece. Repare que o pensamento acontece dentro do tempo. Ou seja, quando há espaço para tempo, há espaço para pensamento.
É quando o pensamento aparece que o medo aparece. O pensamento é a base do medo; é a base dessa separação entre esse “eu” e o perigo iminente para esse “eu”. A ilusão do “eu” sustenta a ilusão do perigo para esse “eu”, e o que sustenta isso é o pensamento. Medo é algo sempre ligado a tempo, porque é algo sempre ligado a pensamento. O pensamento sempre trata do passado ou do futuro, onde o medo é possível. Se não existe passado ou futuro, não existe pensamento e, portanto, não há medo. Então, a minha recomendação aqui é: abandone o pensamento! Abandone o “eu”! Isso é possível agora!