Satsang é um momento precioso, porque é um momento onde estamos investigando a natureza da Realidade, a natureza da Verdade; um momento dedicado a essa investigação. A palavra Satsang significa próximo da Verdade, na proximidade da Verdade, em companhia da Verdade. É o que nós temos dentro desses encontros.
O pensamento comum é o pensamento dual, é o pensamento da dualidade, em posição de dualismo. Nessa posição, há um vasto espaço, onde aparecem o sujeito e os objetos. No conceito comum, temos a mente, o corpo e um mundo cheio de objetos – a mente aparecendo dentro do corpo e os objetos aparecendo dentro do mundo. Essa é a forma comum de lidarmos com a Realidade, uma forma ilusória de tratarmos com o que É.
Isso acontece em razão de uma falta de investigação correta, de forma profunda. Se você entrar fundo nessa experiência “mente-corpo-mundo”, você descobrirá que não há essa separação, ou, simplesmente, que o corpo, a mente e o mundo são só aparições nesta única Presença, a qual não se divide, não se separa entre sujeito e objeto. Essa única Presença aparece como essas aparições, mas está além delas. Se o seu interesse real é ir além da dualidade, além do sentido de separação, e, portanto, além do conflito, além do sofrimento, você precisa descobrir a Natureza Real das experiências, dessas aparições. É isso que fazemos em Satsang!
Esse sentido de separação entre sujeito e objeto é uma ilusão. Isso não é real! O pensamento formula isso e dá realidade a essa ilusão, mas ele também é só uma aparição, dentre outras, e todas essas aparições estão surgindo, aparecendo, nessa Realidade, nessa Presença, nessa Verdade, nessa Consciência.
Todo problema, conflito, sofrimento e confusão estão dentro dessa dualidade. Quando não há dualidade, não há conflito, não há sofrimento, tudo está no lugar. Não existe a ilusão de um personagem defendendo e tentando sustentar, segurar, manter coisas. Esse personagem não é importante… Ele nem aparece! Ele só “aparece” dentro dessa ilusão.
Todas as aparições surgem como sensações, percepções, pensamentos, e todas são feitas desta única Consciência, desta única Presença, sem separação. Só há esta Presença, só há esta Realidade e Ela é não dual. Apenas o pensamento está criando a ideia de um mundo do lado de fora e de alguém dentro do corpo, que é essa “pessoa” que você acredita ser. Não tem “alguém” aí! É só uma crença, uma ideia, uma imaginação. Tudo está sendo construído pela imaginação! Toda essa dualidade, e, portanto, todos os problemas da sua vida – nessa ideia de que você tem uma vida pessoal, própria, particular – são, também, só uma imaginação.
Se você olhar com aproximação real, você vai descobrir que a nossa primária experiência é essa Consciência. Só existe Ela!
É essa Consciência que toma forma de mente, corpo, mundo, pensamentos, sensações e todas as aparições. A única Realidade presente é essa Consciência, é este Silêncio, é Aquilo que está além da ilusão da dualidade, além da ilusão da separação, além de todo conflito, sofrimento e medo.
A natureza da Felicidade é você em seu Estado Natural, em que não há dualidade, não há o “eu”, o sentido de “alguém”. A questão é que vocês estão muito agarrados a essa ilusão, tentando manter a história dessa suposta entidade, só porque ela se vê cercada de coisas particulares, pessoas, lugares e objetos. Vocês estão viciados nessa crença e não estão dispostos a soltá-la, por isso é que dá um pouco de trabalho. Não é isso mesmo? Ou você tem alguma outra explicação do porquê disso acontecer dessa forma? Você está apegado à história de namorado, de esposo, de filho, de avó, de mãe, de sobrinha, de tia… Você está agarrado a essa responsabilidade. Uma coisa engendrada, criada, pelo pensamento. Não é isso? Você não quer deixar isso explodir.
É linda a compreensão disso! É de uma grande beleza a compreensão disso! Tremendamente libertadora! Mas você precisa assumir essa Liberdade ou, então, viverá estressado. Aliás, o estresse só é possível quando há essa vinculação com essas imagens, com essas histórias que você não quer soltar. Dessa forma, você está presente na experiência do estresse, da ansiedade, da depressão… Tudo criado pela imaginação de um suposto pensador dentro da sua cabeça, de alguém que quer ser responsável por tudo, que quer mudar o rumo das coisas, que quer consertar o que está errado. Como se houvesse alguma coisa errada! Como se você tivesse qualquer poder de fazer alguma coisa! É muito engraçado isso! É ridículo, estúpido e engraçado o modo como o ego se comporta. O ego é essa estupidez mesmo! Não tem conserto!
Os terapeutas estão tentando melhorar isso. Eles têm um trabalho incrível, um trabalho “danado”, uma coisa como enxugar gelo. Os psiquiatras, os psicólogos, os terapeutas, os conselheiros matrimoniais, enfim, toda essa gente de boa intenção, todo esse pessoal bem-intencionado, está tentando, mas não está dando certo, não! Contudo, nós podemos descobrir o verdadeiro Silêncio, esta Realidade presente.