Em Satsang, estamos tratando deste seu Ser, deste real Ser, da sua Verdadeira Natureza, Aquilo que você é. O que é que queremos dizer por Ser, seu Ser, seu real Ser? Seu real Ser é o seu Coração real, algo além desse sonho mortal – o sonho dessa “pessoa”, dessa entidade presente. Não estamos falando do coração humano, estamos falando desse Coração divino, de sua Natureza Verdadeira. Quando você se volta para a mente e o movimento dela, você está fora desse Espaço. É necessário que você permita essa Realidade assumir o Espaço dela, permita esse Espaço sendo assumido, essa Realidade assumindo esse Espaço. A Realidade dessa Presença Real só é possível quando a mente volta à sua fonte e esse misterioso poder assume.
É isso que nós chamamos de Satsang: quando acontece o final de todas as perguntas e todas as respostas; quando acontece o final de toda essa inquietação. Isso é o fim dessa experiência de sonho mortal, onde “alguém” pode desaparecer na morte, e isso é algo muito amedrontador. Eu quero lembrar você desse Vazio, que é, na verdade, plenitude. Essa plenitude é esse Vazio, que é o lugar do seu Coração real. É necessário ir além dessa limitação da entidade presente, separada, com seus desejos e medos; ir além desses desejos e medos.
Quando a mente retorna à fonte, à sua origem, ela desaparece nesse Vazio e aí todos os problemas terminam. Os problemas são possíveis apenas para a “pessoa”; para a pessoa e seus desejos e sonhos; para a pessoa e suas fantasias; para a pessoa e seu sonho mortal. Portanto, não se coloque aí nessa condição, não entre nessa imaginação. Fora dessa imaginação, desse movimento da mente, você é livre, é a Liberdade. Como você é livre, pode, como Consciência, Presença, Verdade, expressar Isso, que não é mais uma expressão pessoal. Essa expressão, que não é mais pessoal, é a expressão da Liberdade, da Alegria, da Sabedoria, da Bem-Aventurança, algo que é puro descanso… Descanso em seu próprio Ser, em seu próprio Coração real.
É por isso que as questões, as perguntas, as respostas e as preocupações terminam. Autorrealização significa Onipresença, que é essa Presença completa, total, do Silêncio. Esse Silêncio interpenetra tudo, está em toda parte. Quando você é essa Realização, você vê o bem e o mal, o certo e o errado, o divino e o profano, todos como parte de sua Natureza Essencial. Então, não há conflito, não há dualidade, não há separação. Não existem outras pessoas do lado de fora dessa Realização. Portanto, você não compartilha dessa ilusão do sonho mortal, do sonho de ser “alguém” para ver o outro. Afinal, como você conseguiria fazer isso livre da ilusão de ser alguém? Como seria possível ter outros?
Deus está presente como única Verdade. Não tem o outro separado Dele, em cada coisa, parte ou lugar, em cada um… E, para Ele, não há “cada um”, só há Ele. Essa é a visão dessa Onipresença da qual estou falando. É quando você se torna transparente, quando assume sua Real Natureza, assume ser Aquilo que Você é – Deus. Este Ser é Real Completude, Real Plenitude e Real Perfeição, que é a perfeição de tudo, em toda parte. Portanto, sem a ideia de “alguém” presente não existem outros.
Toda a sua luta, todo o seu desespero, toda a sua preocupação e ansiedade estão nessa ilusão de que “você está sozinho”, como uma entidade presente, lutando para sobreviver. Essa é a luta constante do ego, porque há muito medo aí. Há todo esse desespero para não morrer, não sair desse sonho mortal; é o conflito da dualidade entre viver e morrer, entre o bem e o mal, entre a verdade e a ilusão.
Esses encontros têm os convidado para essa perfeita, absoluta e eterna Paz – eterna no sentido da atemporalidade e incondicionalidade. Isso é possível neste Despertar e você está aqui para isso. Despertar significa sair desse sonho mortal, da mortalidade. Isso é o fim de toda separação e, quando não há separação, não há medo. É por isso que nós chamamos Isso de não dualidade; a não dualidade é a não separatividade e sem separatividade não há medo, há somente essa Presença, que é Onipresença.
Perceba que estamos tratando com você de algo que não é uma conquista, não é algo que você obtém; é algo com que você nasceu. Iluminação é algo inato, não é algo estranho. Esse potencial está aí, mas ele precisa ser atualizado. Se continuar se confundindo com aquilo que você não é, você continuará abrindo mão Disso, e esse tem sido o caminho, a forma, a maneira de todos procederem. Ficando com aquilo que não são, desprezam Aquilo que são em sua Natureza Real. E o que falta? Investigação! Profunda, dedicada, aplicada e fervorosa investigação; interesse real por Isso; um trabalho real nessa direção, todo seu empenho, todo seu Coração!
É como na história de Buda, que passou 30 dias debaixo da árvore bodhi, pois ele tinha tomado uma decisão quando foi para debaixo daquela árvore. Ele não queria ensinar aos discípulos o que, de fato, não conhecia profunda e diretamente, real e diretamente. Ele estava decidido a morrer ou descobrir essa Coisa, ali, de olhos fechados, quieto; e somente após 30 dias, aproximadamente, ele abriu os olhos, que estavam completamente diferentes. Havia um brilho em seus olhos, uma luminosidade em seu rosto, seu corpo estava tão leve e tão transparente que quase se podia ver através dele. Algo havia acontecido. Os discípulos se aproximaram dele e perguntaram: “Mestre, você viu Deus?” Ele disse: “Não”. “Você viu o céu?” Ele disse: “Não”. “Você viu o mundo espiritual?” Ele disse: “Não”. “Então, o que aconteceu Mestre?” Buda respondeu: “O Despertar, o fim dessa ilusão, da ilusão desse sonho”.
Portanto, essa Realização não é a visão de Deus, do céu, do mundo espiritual. Esse é o Despertar da sua Natureza Real, da Sua Natureza Essencial; o Despertar desse potencial que está aí. É o Despertar desse Coração, da Sabedoria, da Liberdade, da Felicidade, do Amor, da Paz. Isso é o fim da ilusão do sofrimento, da separatividade, da dualidade, da ilusão desse “mim”, desse “eu”, e, com isso, o mundo e o “outro” terminam. Esta é a real Santidade, mas a igreja, a religião, a espiritualidade, o misticismo e o esoterismo não conhecem Isso. A real Sanidade é a real Inteligência, a real Liberdade, a real Verdade… Isto é Nirvana, o Reino dos Céus.
É necessário assentar-se aqui, no Silêncio, e somente então você pode ir além de todos os desejos, como Buda fez, tal como Krishna, Mahavira, Jesus, Ramana Maharshi. Isso é o fim da sua história, o fim dessa pessoa com um nome e com uma história. Você está pronto para Isso ou você ainda tem muita coisa para fazer, muitos desejos e projetos? Você ainda se sente uma parte deste mundo, “alguém” dentro desse contexto de mundo? Você prefere e deseja continuar essa história, que eu costumo chamar de “ser alguém para alguns e ter alguns para esse alguém”?
A Liberação é o fim da continuidade desse sonho mortal. Se você ainda aprecia muito a “sua história”, você não está pronto para Isso e essa “sua história” vai puxá-lo de volta; você vai voltar de novo, de novo, de novo e de novo. É preciso ter os pés neste mundo, mas o Coração precisa estar fora dele… Apenas os pés caminhando sobre a terra, enquanto o Coração está inteiramente livre desse desejo de continuar. Somente quando o Coração está completamente desprendido disso, ele assume o lugar dele. Sua Natureza Real é esse Coração livre e é aí que está essa Presença, essa Consciência, essa Realidade.