O pensamento criou esse mundo. Tudo que os seus olhos estão vendo aqui, nessa sala, foi criado pelo pensamento. Essa roupa que você está vestindo foi desenhada pelo pensamento… Algumas coisas o pensamento produz e materializa, dá uma forma física, palpável; outras, ele não materializa na forma física, palpável, mas materializa na forma de sensações, sentimentos, emoções e experiências subjetivas. Esse é o seu mundo: o mundo criado pelo pensamento.
Não há nada externo que não seja interno; não há nada fora que não esteja dentro. O que eu quero dizer com isso? Que o seu mundo é mental; um mundo mental e particular para a ilusão de “alguém” presente nessa experiência chamada pensamento. Vocês acompanham isso? Conseguem ver? O que você está sentindo agora? Resultado de pensamentos! O pensamento materializa, torna palpáveis, visíveis, os objetos do lado de fora e torna reais as sensações do lado de dentro. Então, o que você sente não é confiável, pois é só pensamento.
O que estamos fazendo em Satsang? Nós estamos afirmando a Realidade da Consciência e Ela não conhece o mundo. Você acredita que Deus conhece o mundo? Nesses dias perguntaram-me quem criou isso, se foi a mente ou se foi Deus. Eu achei uma pergunta muito interessante. Mente é uma palavra, Deus é uma palavra, Consciência é uma palavra. O pensamento pode imaginar essas três coisas como coisas distintas e separadas, mas tudo é ele que produz. É no pensamento que tudo aparece e desaparece. Mas o que é anterior a isso? O que é anterior e está durante e depois? Que nome você pode dar para isso?
Nós estamos investigando a substância das aparições, que está além da dualidade, além do pensamento – o que significa que está além dos sentimentos, das emoções, das sensações, do corpo e da mente. É aqui que todo o conflito, sofrimento e medo terminam, porque o lado de fora e o lado de dentro desaparecem.
Os problemas não estão nas aparições, não são as pessoas, não estão no mundo, não estão lá fora, mas sim na ilusão que está aí dentro. Então, o que está lá fora está aí dentro. Não há nada que precise mudar que já não esteja mudando, mas não tem alguém fazendo isso. Ou seja, não há nada sendo feito por alguns ou por um novo sistema, pois tudo está somente acontecendo de uma forma natural. As mudanças estão acontecendo; tudo o que tem que acontecer já está acontecendo, mas não tem um grupo, uma organização ou um movimento fazendo isso.
Vocês passaram muito tempo identificados com a mente, que significa estar identificado com o pensamento, com a ilusão desse lado interno, vendo coisas que só estão no imaginário do pensamento. Estar identificado significa trazer um significado subjetivo à experiência. Se eu acredito compreender o significado dessa experiência, isso é em razão dessa subjetividade – estar identificado com esse “alguém” que sabe o que está acontecendo do lado de fora, o que, na verdade, é somente uma projeção daquilo que o pensamento está imaginando dentro.
Um outro aspecto dessa identificação com o pensamento é a tristeza. Se você já teve um momento de tristeza na vida, naquele momento você estava imerso numa subjetividade de conclusão acerca de um acontecimento, o que produziu esse estado que você chamou de triste; isso é estar identificado. Não há tristeza no Estado Natural. Você nunca vai encontrar um Sábio triste, pois tristeza requer muita imaginação, subjetividade e identificação.
A depressão, por exemplo, é um caso agudo de tristeza. Quando a tristeza chega a um ponto mais grave, contundente e forte, você chama isso de depressão. É um caso agudo de tristeza, ou seja, de imaginação ao extremo, para uma suposta entidade presente na experiência dessa dor da decepção, da frustração, do abandono, do estresse, para o que ela não encontra saída. Agora estão compreendendo o que significa estar identificado? É estar preso a essa experiência como uma entidade presente, tão fixada, colada, grudada nela, que se torna uma com essa dor, que é puramente subjetiva, psicológica; que é puramente egoica. Assim, você se torna exclusivo, muito especial.
Por que eu não tenho pena nenhuma do depressivo, do ansioso? Porque eu não posso fazer nada mantendo consenso com a ilusão… É a pura ilusão de alguém muito importante, muito especial, que pode estar numa tristeza tão absoluta, que o mundo inteiro tem que trabalhar e ele não; o mundo inteiro tem que cuidar das coisas do dia a dia e ele pode se recolher no quarto escuro e ficar chorando, pedindo remédio e ajuda de outros. O sentido de importância é tão grande que ele tem que chamar a atenção do mundo dizendo: “Eu sou um imperador, um rei, em minha dor, e não preciso trabalhar, cuidar da vida, pagar as contas… Não preciso fazer nada! Basta ficar deitado aqui, que o mundo vai atender todas as minhas solicitações. Todos vão olhar para mim, vão me considerar e reconhecer que esse caso, aqui, é um caso perdido. Eu mereço toda a atenção do mundo!”
Você faz isso em diversas escalas. Aqui, estou apontando a escala extrema da depressão: no quarto escuro (luz apagada, janela fechada), com uma quantidade enorme de medicação ao seu lado e muita gente preocupada em tentar resgatar você do mundo, que é uma fantasia.