Os encontros chamados Satsang são presenciais. Nós temos aqui (referindo-se aos encontros online) uma oportunidade juntos, mas isso não configura, de fato, um trabalho real. Você fica apenas com uma aproximação de investigação. Não podemos negar a Presença, também, dentro destes encontros, mesmo online, mas eles têm uma grande importância, de fato, para aqueles que estão presentes nesse trabalho de dissolução desse sentido de um “eu”, de desconstrução desse sentido de separação. Os demais precisam aparecer presencialmente. É preciso ir além dos conceitos, além das teorias.
Quando falamos desta Realização, estamos falando que a única Realidade, a única Verdade, é essa Consciência. Estamos sempre tratando desta Consciência reconhecendo a Si mesma. Quando Ela se reconhece, Ela o faz naquilo que chamamos de experiência pura – a experiência sem o experimentador. Só há Consciência, sempre! E Ela conhece a Si mesma o tempo todo, nessa experiência. Tudo que você está vivendo, neste instante, é a experiência. Não é a experiência de alguém, é a experiência.
A experiência pode estar acontecendo para o corpo, para a mente, mas ainda é só uma experiência nessa Consciência, e não uma experiência para alguém. A ilusão é a de que você está aqui, mas a única Realidade, aqui, é essa Consciência, não é você! Quando digo “você”, refiro-me a esses pensamentos acerca do que está acontecendo, os quais, também, estão acontecendo nesta Consciência, como uma experiência na Consciência. Não é algo particular, não é algo pessoal.
A ideia é a de que você está pensando, sentindo, falando e ouvindo na ação, mas não há tal coisa. Isso é só uma ilusão criada pelo próprio pensamento, uma imaginação, e nós estamos investigando isso. Os Sábios, os Antigos, em sua Sabedoria, deixaram essa visão em suas palavras, as quais, depois, transformaram-se apenas em ideias, em crenças.
Na antiga Índia, os Sábios eram chamados de videntes. Eles deixaram uma visão, mas essa visão, para os cegos, se torna uma crença. A visão é para os videntes, mas quando eles falam dela para os cegos, estes passam a acreditar nela e a repeti-la em palavras. É como se você ensinasse a um cego sobre cores e ele começasse a repetir os nomes delas – o que são só palavras e não fazem o menor sentido para ele. Mas ele repete, porque quem vê cores disse os nomes delas para ele. Então, sendo um cego que só guarda palavras, ele repete. Isso se chama “Advaita para cegos”.
Estamos vivendo um momento assim. Há muitos cegos descrevendo as cores; há muitos supostos videntes descrevendo uma suposta visão, o que é, na verdade, só uma crença. Você não precisa aprender nada sobre isso, decorar palavras sobre isso, escrever livros ou poemas sobre isso. Você só precisa ver, apenas ver.
Então, os Antigos, em sua visão, em sua Sabedoria, falaram desse “não dois”, que é Advaita. Só há Um, uma única Realidade. Um já é demais, e esse “Um” é indizível, é incomunicável em palavras, é indescritível e, se realmente você está vendo, se você é um vidente, você silencia, você permanece em Silêncio. Mas, se você não é um vidente, você cria canções sobre Isso. Você pode ver, mas não pode comunicar. Não há como comunicar! É possível saber, mas não “alguém” sabendo; é possível saber, mas não “alguém” para descrever, para explicar, para ensinar. Não é possível aprender sobre Isso; é possível ver. Ver Isso é natural, porque estamos falando dessa Natureza Verdadeira, estamos falando disso que Você É, de sua Natureza Real.
Não há nada separado dessa Consciência. Em outras palavras, nenhuma aparição surge separada dessa Consciência. Então, pensamentos não são problemas; sensações também não; o corpo também não. Presumir que haja algo separado dessa Consciência é uma ilusão, e isso reforça o sentido de dualidade, de separatividade. Estamos apontando sempre para uma única Realidade, inominável, indescritível, e essa única Realidade é a sua Natureza Verdadeira, é a sua Natureza Real! Isso é Você em seu Ser! Não é você em seu modelo de pensar, em sua crença. Não torne Isso complicado, pensando a respeito. Você não pode alcançar Isso no pensamento. O pensamento aparece dentro Disso, mas o pensamento não abarca Isso. Isso abarca tudo, inclusive o pensamento. Não só o pensamento, mas qualquer outra aparição.
A linguagem é sempre limitada, mas as palavras nascidas do Silêncio, mesmo sendo limitadas, são como uma mulher grávida: elas carregam algo dentro delas. Portanto, essas palavras estão “grávidas”; são palavras que carregam algo, porque são nascidas dessa Consciência, desse Silêncio. Elas carregam o poder desse Silêncio, o poder dessa Presença. Elas não comunicam intelectualmente, elas entregam algo, estão “dando à luz” algo, embora sejam limitadas. Mas, como nascem desse Silêncio, como nascem dessa Consciência, carregam um poder por trás delas. Maior que essas palavras, está o Silêncio por trás delas. Essas palavras são como mísseis atingindo um alvo!
O que está presente agora é esta Presença, esta Graça, esta Consciência, este Poder… Tudo está Agora, Aqui. Isso é completamente diferente do que você tem ouvido por aí, na filosofia, na religião, nos chamados “gurus” dos tempos modernos.